Veja o que se sabe sobre plano de ‘kids pretos’ para matar Lula, Alckmin e Moraes

Digno de enredo de filme, o engenhoso e ousado plano de militares das Forças Especiais do Exército e de um policial federal de matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), repercutiu internacionalmente. 

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A operação, que teve quatro militares do Exército e um policial federal presos também colocou em cheque a delação premiada do ex-ajudante de ordens do governo Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, que foi acusado pela Polícia Federal (PF) de omitir informações e se contradizer no depoimento. O militar será ouvido na tarde desta quinta-feira, 21, no Supremo Tribunal Federal (STF).

Os “kids pretos” passam por formação no Comando de Operações Especiais em Goiânia (GO), no Centro de Instrução de Operações Especiais, em Niterói (RJ), ou na 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus (AM). O Jornal Opção visitou o Centro de Operações em Goiânia, localizado no Jardim Guanabara, mas nenhum oficial se dispôs a falar com a reportagem.

Veja a seguir o que se sabe sobre a trama golpista:

Operação Contragolpe

A Operação Contragolpe foi deflagrada pela PF para desarticular os envolvidos em um suposto plano de golpe de Estado que visava impedir a posse do presidente Lula após as eleições de 2022. O planejamento incluía o assassinato por envenamento ou atentado de Lula, Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Presos na operação

Foram presos durante a ação o general reformado Mário Fernandes, ex-assessor do governo Bolsonaro e atual assessor do deputado e ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello; e os tenentes-coroneis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, conhecidos como “kids pretos” – a elite do Exército. Além dos militares, a PF também prendeu o agente federal da corporação Wladimir Matos Soares. As detenções ocorreram em Goiás e no Rio de Janeiro. 

Os “kids pretos” utilizaram as habilidades para planejar e executar ações clandestinas. Segundo a PF, eles foram responsáveis pelo monitoramento de Moraes e pela execução do plano, empregando técnicas militares avançadas e equipamentos de vigilância.

Papel do general Braga Netto 

Conforme a PF, Braga Netto, ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, participou de uma reunião em sua residência no dia 12 de novembro de 2022, na qual o plano foi apresentado e aprovado. Ele seria o coordenador-geral de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” caso o golpe fosse consumado. 

O general também esteve no Palácio da Alvorada para discutir a trama pessoalmente com Bolsonaro, que chegou a realizar modificações no plano. O documento chegou a ser impresso na residência presidencial, de acordo com o O inquérito de mais de 200 páginas elaborado pela PF. 

Operação Copa 2022

A Operação Copa 2022 foi uma ação clandestina integrada ao plano maior, Punhal Verde e Amarelo. O grupo, formado no aplicativo Signal e batizado de “Copa 2022,” tinha como objetivo o monitoramento e o assassinato de Alexandre de Moraes. A operação utilizava técnicas de vigilância, veículos oficiais e medidas de anonimização, como uso de celulares descartáveis e codinomes inspirados em países da Copa do Mundo de 2022, como “Alemanha,” “Japão” e “Brasil.”

A PF afirmou que o plano envolvia “técnicas típicas de agentes de forças especiais,” com detalhamento de recursos bélicos e humanos, estratégias para gerenciamento de crises. O documento também incluía estimativas de gastos para a operação, como hotel, alimentação e materiais, totalizando cerca de R$ 100. O grupo planejava utilizar armamentos de guerra como fuzis, lança granadas e lança mísseis.

Apelidos de Lula, Alckmin e Moraes

Lula era identificado pelo codinome “Jeca,” e Alckmin como “Joca.” O plano detalhava que a neutralização de Lula abalaria a chapa eleita, enquanto a morte de Alckmin extinguiria sua viabilidade e colocaria o futuro do governo sob controle de outros partidos. Já Moraes recebeu dos golpistas o codinome “Professora”.

Plano abortado 

Os investigadores revelaram que o plano chegou a ser iniciado, mas foi abortado. No dia 15 de dezembro de 2022, integrantes do grupo “Copa 2022″ se mobilizaram e se posicionaram em pontos estratégicos de Brasília, incluindo a região próxima à casa de Alexandre de Moraes, monitorando sua movimentação em tempo real. No entanto, o plano foi cancelado após o adiamento de uma sessão do STF.

Conexões com Jair Bolsonaro

A investigação apontou que o ex-presidente Jair Bolsonaro participou de reuniões estratégicas com militares, revisou a “minuta do golpe” — um decreto ilegal para intervenção militar — e buscou apoio para viabilizar o plano. Além disso, figuras próximas a ele, como o tenente-coronel Mauro Cid e Marcelo Câmara, desempenharam papéis centrais no monitoramento do ministro Alexandre de Moraes e na execução das ações.

Policiais federais durante cumprimento de mandados | Foto: reprodução

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