“Não vai acontecer sem quebrar ovos, sem quebrar cristais” diz articulador do assassinato de Lula e Alckmin

A Polícia Federal (PF) revelou, neste domingo, 24, detalhes alarmantes sobre uma trama golpista arquitetada por militares de alta patente, que tinham como objetivo desestabilizar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e seu vice, Geraldo Alckmin, logo após a eleição de 2022. Os elementos da conspiração, nomeada Punhal Verde Amarelo, envolviam um plano de golpe de estado e até o assassinato das autoridades, conforme áudios obtidos pela PF.

Nos áudios divulgados, integrantes da cúpula militar discutem abertamente a necessidade de ações radicais para garantir a continuidade de um regime militar e garantir o sucesso do golpe. Em uma das falas mais contundentes, o general da reserva Mário Fernandes, considerado um dos principais articuladores do plano, afirma: “Qualquer solução, caveira, tu sabe que ela não vai acontecer sem quebrar ovos, sem quebrar cristais“. A expressão, que sugere a disposição de recorrer à violência para alcançar seus objetivos, foi compartilhada em conversas que indicam um movimento coordenado dentro do próprio alto comando militar.

Um dos áudios mais chocantes revela o discurso de Wladimir Matos Soares, ex-agente da Polícia Federal, que se mostra completamente disposto a agir.

Essa porra tem que virar logo. Não dá pra continuar desse jeito, não, irmão. Vamos nessas. Eu tô pronto

Wladimir Matos Soares, PF

A investigação da PF também aponta que Matos foi responsável por repassar informações cruciais, como a localização e a segurança de Lula, para o grupo golpista.

Além disso, o general Fernandes, em outro momento, discute o uso de uma mobilização popular para legitimar a ação golpista, comparando-a ao golpe de 1964.

Talvez seja isso que o alto comando, que a defesa quer. O clamor popular, como foi em 64. Nem que seja pra inflamar a massa. Para que ela se mantenha nas ruas

Mário Fernandes, gerenal da 2º reserva Militar

Sugere Fernandes, deixando clara a intenção de incitar uma revolta popular para apoiar a ruptura institucional.

O nome “Punhal Verde Amarelo” foi dado ao plano de golpe, que também envolvia um ataque contra o STF, com foco no ministro Alexandre de Moraes. Em outro trecho dos áudios, um participante não identificado do grupo golpista declara: “Eu tô pedindo a Deus pra que o presidente tome uma ação enérgica e vamos, sim, pro vale tudo. E eu tô pronto a morrer por isso”. A fala revela o grau de radicalização e a disposição para o confronto violento.

Os áudios, que circulavam em grupos privados de militares de alta patente, foram obtidos pelo Fantástico e representam uma grave ameaça à democracia brasileira. A PF já iniciou investigações aprofundadas sobre os envolvidos, com o objetivo de desmantelar a rede que tentava subverter o processo democrático e colocar em risco a vida do presidente eleito e de seu vice.

Este caso evidencia um momento de tensão no país, no qual certos setores das forças armadas, em conluio com civis radicalizados, estavam dispostos a usar a força para impedir a posse de Lula. A descoberta dessas gravações levanta questionamentos sobre a lealdade das forças armadas ao regime democrático e expõe as graves ameaças à estabilidade política do Brasil.

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