Máfia da saúde: saiba quem é um dos secretários presos, Quesede Ayres Henrique

Preso nesta quarta-feira, 27, o secretário executivo de Saúde de Goiânia, Quesede Ayres Henrique, já esteve à frente da pasta de forma interina, assumindo o cargo quando Durval Pedroso foi afastado pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Além de sua atuação no setor público, Quesede possui uma empresa registrada em seu nome, mas demonstrou desconhecimento sobre a área de atuação ao ser questionado pelo Jornal Opção. A empresa tem múltiplos CNAEs cadastrados, e ele afirmou que o serviço prestado está relacionado à “importação e exportação”.

Após ocupar diversos cargos públicos no Tocantins, como ex-secretário de Habitação e ex-secretário-executivo da Secretaria de Estado da Saúde (SES) durante o governo de Mauro Carlesse, além de atuar como Secretário Extraordinário de Ações Governamentais e Parcerias Público-Privadas no governo Wanderlei Barbosa, o administrador de empresas Quesede Ayres foi nomeado como secretário-executivo da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia no dia 2 de outubro de 2023.

Quesede é sócio da empresa Torre Forte Comércio e Importação, fundada em maio deste ano. A empresa tem como atividade principal o comércio varejista especializado de equipamentos de telefonia e comunicação. No entanto, também presta serviços de comércio de medicamentos e drogas de uso humano, além do comércio de produtos farmacêuticos sem manipulação de fórmula e de aparelhos para uso odonto-médico-hospitalar.

Sócio da empresa de Quesed

Mudanças administrativas ocorridas na Prefeitura de Gurupi, desde o início da gestão de Josi Nunes, chamaram atenção para a trajetória de Valdeci Alves Rocha Júnior, que ocupou diferentes cargos na administração municipal. Ele assumiu o posto de Secretário de Administração em 2021, quando a prefeita iniciou seu mandato, mas foi exonerado em janeiro de 2022. No mesmo dia, foi nomeado Secretário Municipal do Idoso, antes de assumir, meses depois, a Secretaria de Assistência Social e Cidadania.

A exoneração de Valdeci da Secretaria de Administração coincidiu com a entrada de Juliana Passarin, uma figura próxima ao ex-governador Mauro Carlesse, que teve seu mandato cassado em 2021 por abuso de poder político. Apesar de Josi Nunes ter conseguido reverter a cassação de seu mandato na época, as mudanças no cenário político refletiram na composição do governo municipal. Passarin assumiu o cargo no início de 2022, enquanto Valdeci foi transferido para outras pastas.

Informações preliminares sugerem que o rompimento político entre Valdeci e a prefeita pode ter influenciado as exonerações subsequentes, mas não há explicações oficiais detalhadas sobre os motivos dessas decisões. Valdeci deixou a gestão em novembro de 2022, encerrando sua passagem por diversas funções no governo de Josi Nunes.

A movimentação reflete o impacto das mudanças no cenário político estadual e municipal, além de disputas internas que moldaram a administração de Gurupi. Ex-integrantes da gestão confirmaram o distanciamento entre as partes, mas informações detalhadas ainda são aguardadas para esclarecer os bastidores das exonerações.

O Ministério Público de Goiás (MPGO), por meio do Grupo de Atuação Especial no Patrimônio Público (GAEPP), deflagrou nesta quarta-feira (27) a Operação Comorbidade. A ação investiga práticas de crimes como associação criminosa, corrupção e irregularidades em licitações e contratos na Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, em prejuízo à saúde pública. Três mandados de prisão temporária e oito de busca e apreensão foram cumpridos.

Ao invés de fiscalizar, Câmara faz homenagens

Os vereadores votariam na sessão desta terça-feira, 27, o Título de Cidadão Goianiense para Quesede Ayres Henrique, secretário executivo da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), preso nesta manhã em operação do Ministério Público. A homenagem havia sido proposta pelo vereador Markim Goyá (PRD), mas foi retirada após prisão de Quesed. Curiosamente não foi a primeira vez que ele foi homenageado.

Homenagem no dia 16 de abril de 2024 | Foto: Câmara Municipal de Goiânia

O Jornal Opção tentou conversar com o vereador Markim Goyá (PRD) durante a sessão sobre o título de homenagem, mas ele alegou que não estava se sentido bem e preferiu não comentar mais a respeito.

Quesede recebeu o Diploma de Honra ao Mérito na Sessão Especial em Homenagem aos Trabalhadores da Saúde, homenagem proposta pelo vereador Leandro Sena (SD).

Entenda o esquema criminoso

Os alvos foram: Wilson Modesto Pollara, Quesede Ayres Henrique e Bruno Vianna Primo, apontados como membros de um esquema que desviava recursos públicos destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o MP, os investigados direcionavam pagamentos irregulares a determinados credores, violando a ordem cronológica de quitação e prejudicando outros fornecedores e instituições hospitalares.

Conforme a promotoria, os repasses federais para serviços hospitalares e ambulatoriais, que somam cerca de R$ 50 milhões mensais, estavam sendo manipulados e, em muitos casos, nem sequer chegavam aos hospitais conveniados. Essa prática gerou uma dívida acumulada que ultrapassa R$ 300 milhões e comprometeu serviços essenciais, como cirurgias e a colocação de marcapassos.

Já a coordenação do GAEPP destacou que há indícios de pagamentos clandestinos e desvios com promessa de devolução de valores. “Identificamos direcionamento a determinadas pessoas jurídicas, em detrimento de outros credores, e pagamentos realizados fora dos caixas oficiais. Além do impacto financeiro, a crise resultou em paralisação de serviços e desestruturação da rede de saúde municipal. A dívida da SMS com a Fundahc, que era de R$ 60 milhões no início da atual gestão, mais que dobrou em pouco mais de um ano, atingindo R$ 120 milhões.

O MPGO reforçou que a operação busca não apenas punir os responsáveis, mas também regularizar a situação financeira e administrativa da saúde em Goiânia. O MP também solicitou uma liminar para obrigar a SMS a normalizar os repasses aos hospitais conveniados.

Os materiais apreendidos durante a operação, como celulares e documentos, estão sendo analisados para aprofundar as investigações. Segundo os órgãos judiciais, o caso segue sob sigilo para proteger as fontes e preservar o andamento das apurações.

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