Nossa odisseia é imprevisível: terminaremos arrependidos dos erros e frustrados com os resultados

É do ser humano a sensação de frustração quando olha o passado e reconhece os seus erros e as suas falhas de julgamento. Quanto mais idosa é uma pessoa maiores elas são. O sentimento sempre é de que, se tivéssemos a experiência de hoje e soubéssemos a evolução da história, teríamos feito tudo de forma muito diferente. Sofremos no viver, muitas das vezes, inutilmente. Com frequência fomos eficientes, mas não eficazes.

Em retrospectiva, constataremos as oportunidades perdidas e as decisões das quais nos arrependemos. Lamentavelmente o feito está feito e não há como repará-lo. Muito apropriado é o dito popular de que “a vida é vivida só uma vez, sem ter tido ensaio”.

Entretanto, se não podemos corrigir o passado, e temos determinação de minimizar no futuro os nossos erros, podemos juntar a experiência adquirida e tentar “adivinhar” o futuro. O fundamental é saber o que queremos dele.

Não há como ignorar que, por mais experiências que tenhamos vivido, não as vivenciamos todas. Situações inusitadas continuarão a nos surpreender. Este é o ponto de partida. A seguir teremos que tentar decifrar o futuro. Com a certeza de ser este indecifrável, mas, quando muito, podemos especular sobre dois ou três cenários possíveis para nos posicionar. É o que vamos tentar fazer.

Como será o mundo no futuro próximo?

Como o espectro é muito amplo, portanto, impossível de ser totalmente avaliado, vamos eleger para a nossa especulação duas ou três macro-correntes externas a nós, que sejam fortes e prováveis. Elas seriam: a mudança climática, a inteligência artificial e o decréscimo populacional. Acredito que elas influenciarão sobremaneira o nosso futuro.

Evidentemente cada um fará a sua aposta. Uns acreditarão que a natureza entrará em exaustão, por inépcia da humanidade, ou que agiremos para restabelecer o equilíbrio climático. Podendo mesmo contar com a hipótese de que, como na histórica tem acontecido, a natureza por si só encontrará o seu equilíbrio. Os atuais fenômenos (chuvas, calor, seca…) nada mais seriam do que ciclos naturais, como outros já vivenciados pela humanidade.

Outra corrente, a inteligência artificial de todos os fatos colocados à nossa frente, é a causa que mais dificuldade se nos apresenta para avaliar os seus efeitos. É ainda uma incógnita. Poderá ser a redenção do trabalho não só o rotineiro mas como o criativo. Talvez seja uma bênção a contrabalançar a prevista redução populacional, suprindo mão de obra e inteligência. Como também poderá decretar o fim da humanidade se se rebelar contra os criadores, como fez o computador Hall 9000, no filme “Odisseia no Espaço”. Hall desandou e colocou-se contra a tripulação da nave espacial Discovery.

Já o decréscimo populacional, previsto a partir das próximas décadas, terá como efeito a perda do chamado “bônus demográfico” — onde uma geração predominantemente jovem arca com o sustento da aposentadoria de um número crescente de idosos. Estes. que estão vivendo cada vez mais, onerarão a sociedade com cuidados e custos. Se todos tendem a envelhecer, quem cuidará da nossa velhice?

O que seremos nós no futuro?

A par dessas possíveis causas citadas, há que se acrescer na nossa especulação a evolução para pior dos valores éticos e morais. Para os conservadores a ética e a moralidade estão em acelerada decadência. Foi a degradação dos costumes que levou à derrocada o Império Romano.

Outras causas a serem consideradas estão a obsolescência profissional e funcional. Os conhecimentos atuais não serão valorizados com a revolução tecnológica. As profissões vão desaparecer assim como saíram do mercado carruagens, telégrafo, datilografas … Outras crescerão como personal trainer, influencer e seus servidores…

Como as inovações vão lidar com a decadência ética e moral já em andamento? Como a família será afetada? Como a nossa vida será vivida se os governos forem totalitários? Como essas, muitas outras perguntas sobre a evolução cultural pedem explicações para parametrizar a nossa vida.

A verdade verdadeira é que prospectar o futuro gera mais perguntas do que respostas. Quanto mais respostas acertarmos menor serão os nossos erros e frustrações. No citado filme, “Odisseia no Espaço”, o projeto da nave espacial tinha um objetivo definido, mas o resultado foi o imprevisto. A nossa vida futura não será diferente.

A nossa odisseia é uma viagem imprevisível. Terminaremos como começamos: arrependido dos erros e frustrados com os resultados.

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