Andréia Rezende: “Os vereadores entenderam que Anápolis precisa de um novo rumo. Todos querem contribuir com mais entregas”

Eleita por unanimidade pelos vereadores, Andreia Rezende (Avante) é a primeira mulher a liderar o Legislativo na história de Anápolis. A segunda vereadora mais votada na cidade se destacou em seu primeiro mandato pela proximidade com a população. Seu projeto Tô no Bairro ouviu a população e apresentou suas demandas à Câmara, gerando a aprovação de 2 mil ações legislativas — projetos de lei, requerimentos e indicações de obras. 

Andreia Rezende se posiciona ainda como representante das mulheres e afirma desejar usar seu espaço para abrir caminho para novas mulheres políticas. São delas os projetos: ‘Galeria das Ex-Vereadoras’, o incentivo à participação política por meio de seminários de formação política e o incentivo à contratação equitativa de gênero pelos gabinetes dos vereadores.

Nesta entrevista ao Jornal Opção, ela promete, como presidente da Casa, resguardar aos colegas vereadores o seu direito de defender suas pautas — tanto para os de situação quanto para os de oposição. Em Anápolis, ela acredita que o momento político é de união entre todos para superar os problemas urgentes da saúde, educação e zeladoria. 

Ton Paulo — A senhora é a primeira presidente mulher da Câmara Municipal de Anápolis, eleita por unanimidade. O que isso representa para a Casa Legislativa, que é uma das maiores do Estado, e como é estar nesse papel agora?

Sinto-me profundamente honrada e feliz por ocupar este lugar. Sou apaixonada por Anápolis, pela política e pelo poder legislativo, que considero o ápice da democracia, onde se discutem e se decidem questões de grande importância para a sociedade. Ser a primeira mulher a presidir a Câmara Municipal é um marco histórico, não apenas para mim, mas para todas as mulheres que, por tanto tempo, foram sub representadas nos espaços de poder.

É importante que mulheres ocupem esses lugares de poder para levar uma outra perspectiva, porque a política é feita por homens e, frequentemente, para homens. Muitas conquistas só aconteceram quando mulheres foram eleitas. Isso precisa se traduzir, primeiro, em uma quebra do paradigma da política feita de homens para homens. 

Esse entendimento de que as mulheres são competentes e podem fazer política passa por mostrar, como eu mostrei, capacidade de articulação para chegar à unanimidade. Ao longo de minha trajetória política, mostrei que meu projeto não era pessoal, mas sim um projeto para toda a Câmara Municipal. Acredito que a presidência deve potencializar o trabalho de todos os 23 vereadores, para que juntos possamos transformar a nossa cidade.

Andreia Rezende é entrevistada por Italo Wolff e Ton Paulo | Foto: Guilherme Alves/ Jornal Opção

Italo Wolff — Como a senhora pensa em concretizar esse marco pessoal e político institucional para a Câmara? 

O importante é traduzir essa conquista em uma Câmara que receba melhor as mulheres, e conscientize as mulheres de que aquele também é o lugar delas. Como vereadora, eu aprovei um projeto chamado ‘Galeria das Ex-Vereadoras’. Na época, fui criticada por algumas pessoas machistas, que questionaram a necessidade dessas ações afirmativas. Mas nós temos uma cidade de 118 anos, 76 anos de instalação da Câmara Municipal, que não elegeu sequer 20 mulheres até hoje. Em média, não temos sequer uma mulher por legislatura. 

A Galeria das Ex-vereadoras mostra que, ao menos em pequeno número (hoje somos cinco no universo de 23 vereadores), aquele também é o lugar delas. Quando os vereadores entram na Câmara, eles se deparam com a galeria de ex-presidentes, todos homens. Uma galeria de ex-constituintes. Hoje existe também uma galeria de vereadoras mulheres que impulsionaram a participação feminina na política, e que faz com que sejam vistas e representadas naquele lugar. 

Agora, enquanto presidente, preciso incentivar a implementação de políticas de respeito na Casa, contra o assédio e a violência. Minha eleição, por si só, passa um recado, mas para que esse recado permaneça, precisamos de ações concretas. Aprovei projeto de lei que incentiva que os gabinetes contratem, pelo menos na mesma proporção, homens e mulheres. Não é uma obrigação, mas há o incentivo. 

Outro projeto de minha autoria aprovado na última legislatura foi o de incentivar a participação política por meio de seminários de formação política. É muito comum que existam muito mais homens nas lideranças de bairro e de associações que frequentemente dão acesso à Câmara de Vereadores. Só vamos nos aproximar da igualdade quando percebermos que as mulheres também têm voz, que têm potência política, que estão presentes nas lideranças locais e nos gabinetes. 

Ton Paulo — Um vereador de Anápolis hoje enfrenta uma acusação muito grave. A senhora, tem a bandeira de atuação forte pelas mulheres. Como é que a senhora se posiciona em relação a essa situação?

Não recebemos oficialmente nenhuma notificação a respeito desse processo. Não tivemos informações quanto a isso. Esse processo corre sob segredo de justiça e vamos respeitar as decisões da Justiça, mas se chegar qualquer coisa para a Câmara Municipal, nós vamos apurar de forma muito dedicada e competente, de acordo com as leis disponíveis. 

A Câmara Municipal vem ampliando os seus canais de denúncias e de proteção às mulheres, tanto na nossa procuradoria, ouvidoria e na comissão da mulher. Como mulher e presidente da Câmara, garanto que tudo que recebermos de denúncias contra vereadores ou servidores da Casa será apurado com muita atenção e zelo.

Nota da Redação: O vereador reeleito de Anápolis, Luzimar Silva (PP) tornou-se réu pelos crimes de lesão corporal e estupro. A denúncia foi oferecida pelo Ministério Público de Goiás e aceita pelo Poder Judiciário no início deste ano. Os crimes teriam ocorrido em dezembro de 2019. O processo tramita sob segredo de Justiça no Juizado de Violência Doméstica de Anápolis. Segundo apurado pelo Jornal Opção, a audiência de instrução e julgamento já teria sido marcada e deve acontecer no dia 27 de fevereiro de 2025.

“Os principais problemas de Anápolis hoje são a saúde, a educação e a zeladoria” Andreia Rezende | Foto: Guilherme Alves/ Jornal Opção

Italo Wolff — Nesses primeiros 21 dias de 2025, quais foram suas primeiras ações como presidente da Câmara Municipal?

Fizemos três sessões extraordinárias durante o recesso parlamentar.  Os objetivos foram a modernização da Casa e aproximar a Câmara dos interesses da população. Na primeira sessão, ampliamos a competência da Procuradoria da Mulher para a questão da infância e da juventude e da pessoa com deficiência. São temas muito importantes para a cidade. Modernizamos as comissões, porque eu quero incentivar, enquanto presidente, a discussão dos projetos dentro das comissões. 

A cidade fala que os projetos já chegam lá “prontos”, e são votados sem discussão com a sociedade. Acredito que o parlamento é o local para discutir e amadurecer as ideias antes de as implementar. Também por isso, criamos a Comissão de Segurança Pública. Há uma discussão sobre o fortalecimento da força tática, de criação da guarda municipal na cidade de Anápolis. 

Colocamos a Comissão da Mulher como uma comissão separada, porque ela estava junto com outros temas como saúde e saneamento, que não têm nada a ver. Criamos a Comissão de Meio Ambiente e Saneamento, que será fundamental para resolver um problema sério de macrodrenagem da cidade, que já causou inclusive uma catástrofe ambiental com a morte de uma pessoa em uma enchente. Isso, por si só, já merece todo um trabalho da Câmara Municipal, para que nunca mais se repita. 

Ton Paulo — No dia 27, está prevista uma reunião da Câmara de Anápolis com a representante da Saneago. O que deve ser tratado nessa reunião?

Estamos com um problema grave na cidade de Anápolis. Está saindo água suja das nossas torneiras. Isso tem acontecido há mais de um ano. Inicialmente, era um problema pontual, em um bairro ou outro da cidade, e agora o problema tem se agravado. 

A água, que era turva, hoje tem saído suja mesmo, barrenta, e as pessoas estão precisando ferver a água para beber. Eu tenho uma filha de seis meses e eu fervo a água para dar na mamadeira para ela, porque tenho medo. Hoje, a água que lava a roupa dos uniformes das crianças mancha os uniformes.A Saneago não ofereceu nenhum desconto na água, porque o serviço essencial não está sendo cumprido corretamente. 

Duas semanas atrás, tivemos uma reunião na Prefeitura de Anápolis com toda a diretoria da Saneago, Eles nos informaram os investimentos que estão sendo feitos, e que realmente são muitos e são importantes — mas abrimos nessa reunião um canal de denúncias para que a população possa, de fato, passar isso mais rápido para as autoridades e cobrar soluções concretas e efetivas. 

A diretoria da Saneago informou que está acontecendo uma limpeza no reservatório de água para que esse problema possa desaparecer em breve. Os convidamos para estar na Câmara Municipal na segunda-feira, dia 27, às 10 horas, e mostrar depois de 15 dias da reunião na Prefeitura o que foi feito. Chuvas, limpezas, troca de equipamento e investimentos são feitos em todas as cidades — mas não é em todas as cidades que a água está suja. Então, a população precisa de uma solução em curto prazo. 

Andreia Rezende: “Apoiei Márcio Corrêa durante a campanha; mas tenho compromisso com a autonomia do Legislativo. Base e oposição terão resguardado o direito de defender suas pautas” | Foto: Guilherme Alves/ Jornal Opção

Italo Wolff — Mais a longo prazo, quais são as questões de Anápolis que a senhora considera mais importantes? Sobre quais problemas a Câmara deve se debruçar nos próximos meses?

As primeiras urgências de Anápolis estão em três eixos principais. Primeiro, a saúde pública, que está no caos. Tínhamos apenas uma unidade de saúde “porta aberta” na cidade, uma Unidade de Pronto Atendimento (Upa). O primeiro ato de governo do prefeito Márcio Corrêa (PL), junto com a Câmara Municipal, foi converter uma unidade em porta aberta — o Hospital Alfredo Abrahão. Então, a saúde é um problema muito significativo na cidade, e ainda precisa de muitas melhorias.

O segundo maior problema era o déficit de vagas em Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) e escolas. O prefeito já anunciou 2.500 vagas, nós estamos acompanhando essa questão para que todas as crianças possam realmente ter acesso à escola e à pré-escola. 

O terceiro é a zeladoria da cidade. Anápolis se encontra muito suja, com muitos buracos no asfalto, com muito mato, com um aspecto de muito desmazelo e abandono. A Câmara é parceira do Executivo na solução desse problema. Aconteceram dois mutirões em duas regiões diferentes da cidade, e estamos acompanhando e cobrando ações para que os anapolinos possam viver em um lugar melhor. Essas são as três principais reclamações da população.

Ton Paulo — A senhora foi eleita como vereadora e também como presidente da Câmara pela base do prefeito Márcio Corrêa. Como será a relação do Legislativo com o Executivo? Uma crítica da oposição é de que, por ter apoiado a eleição do prefeito, o Legislativo ficaria subordinado ao Executivo. Como responder a essa preocupação? Qual será a postura do Legislativo para com o Executivo?

Tenho uma posição muito tranquila de alinhamento político com o prefeito Márcio Corrêa, uma posição pessoal de apoio. Nós o apoiamos durante a campanha eleitoral e queremos ajudar a governar com nossas sugestões, críticas, fiscalização e no que mais pudermos somar. Mas eu tenho total consciência do meu dever e da minha responsabilidade enquanto presidente da Câmara. Sei que os poderes são independentes e que devemos ter força e independência para defender a autonomia do Legislativo, mesmo trabalhando juntos pela cidade. 

Tudo que for do interesse de Anápolis, com certeza terá a defesa da Câmara. O que não for, fiscalizamos, acompanhamos, criticamos dentro da harmonia entre poderes. Tenho certeza de que tanto o Executivo quanto o Legislativo vão trabalhar pelo melhor para a cidade.

Uma coisa que prometi aos meus colegas vereadores é que eu seria uma presidente republicana, democrática, e que, independente da posição de cada um — base ou oposição —, teriam o seu direito resguardado dentro do parlamento para defender as suas pautas. Todos terão espaço para sustentar as suas ideias. 

Ton Paulo — No final do ano passado, no governo do ex-prefeito Roberto Naves (Republicanos), a Prefeitura enviou o pedido de complemento orçamentário para pagar a folha do funcionalismo. Na época, ele usou a palavra sabotagem para se referir à atuação do Legislativo. Realmente houve alguma interferência? O que aconteceu?

De modo algum houve sabotagem, interferência ou qualquer antagonismo do tipo. Aqui, temos de falar sobre a capacidade de gestão do ex-prefeito. O orçamento para 2024 foi aprovado pela Câmara Municipal e estava disponível para ser aplicado dentro das questões previstas para a cidade. No final do ano, o projeto de suplementação de mais de R$ 183 milhões sequer especificou a fonte da receita e da despesa. Isso é uma coisa básica de quando qualquer pessoa quer fazer uma suplementação. 

Inclusive, o ex-prefeito Roberto Naves acompanha muito o trabalho do governador Ronaldo Caiado (UB), e poderia ter se inspirado nos projetos enviados para a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) que têm planilhas que mostram de onde sairá e para onde irá o orçamento. Sem essas informações, nós não votamos. O segundo projeto enviado para a Câmara veio de forma totalmente aberta — com as rubricas do orçamento, mas sem especificação das entidades do terceiro setor destinatárias dos recursos. 

Como o papel da Câmara é fiscalizar o orçamento e ações do Executivo, não acho responsável aprovar uma suplementação daquele valor. O fizemos foi a suplementação que conseguiu ser identificada com a folha de pagamento dos servidores e as questões da saúde. Não apenas a base do prefeito Márcio Corrêa aprovou desta forma, mas todos os vereadores aprovaram essa suplementação que foi carimbada. 

Existiu má gestão desse orçamento, que precisou de suplementação — o que foi identificado e carimbado, foi aprovado; o que não foi, não conseguimos aprovar. Agora,  com certeza o novo prefeito vai gerenciar o que houver de empenho para contemplar pessoas, instituições e empresas a que se deve. Digo isso com a tranquilidade de quem vê uma gestão clara, transparente e eficiente.

Nunca houve sabotagem, interferência ou antagonismo da Câmara para com o último prefeito. O papel dos vereadores é fiscalizar o orçamento e ações do Executivo

Italo Wolff — Sobre falta de planejamento dessas inaugurações de final de mandato: duas unidades de saúde em Anápolis (UPA da Mulher e Hospital Municipal Georges Hajjar) tiveram a inauguração controversa e adiada justamente por falta de certeza do seu modo de financiamento. O que aconteceu nesse final de mandato?

Vou insistir que foi má gestão e falta de planejamento. A necessidade de construir um legado impulsionou gastos, mas acredito que a construção do legado precisa ser bem estruturada. Inaugurar algo que não está pronto para funcionamento é muito ruim. Inaugurar um prédio que não está mobiliado, inaugurar uma UPA que o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) contraindicou, fazer um contrato de 16 dias com profissionais de saúde apenas para a inauguração — tudo isso é muito temerário na administração pública. Os legados serão reconhecidos se resistirem ao teste do tempo.

Ton Paulo — Como avalia os primeiros dias de gestão Márcio Corrêa?

A população ansiava por mudança e por uma gestão mais dinâmica, de mais entregas, de efetividade. Estou impressionada com a capacidade de gestão que Márcio Corrêa mostrou em 21 dias: entregou as 2.500 vagas de creches, e a promessa de campanha era de mil. Com parcerias com políticos que realmente acreditam na cidade de Anápolis, vai entregar todos os kits de materiais escolares gratuitamente. Abriu, no primeiro dia de governo, mais uma unidade de saúde porta aberta; o Hospital Alfredo Abrahão era muito criticado na cidade por se manter de portas fechadas. Tem ainda feito atos de austeridade, corte de regalias, devolução de veículos alugados, para que a gente possa enxugar a máquina pública e fazer mais com menos. 

Ton Paulo — Desde a transição, havia expectativa de que ele formasse um secretariado técnico. A senhora acha que isso aconteceu com os nomes que estão aí hoje?

Achei muito técnico. Não houve interferências políticas. Márcio Corrêa fez da forma que ele achou correto e trouxe nomes que são de referência no Brasil e no Estado. Temos expectativas muito positivas com esse secretariado. Quero inclusive parabenizá-los, porque o início da gestão é sempre muito desafiador e já estamos vendo ações concretas, por exemplo, na questão de obras e meio-ambiente, com a operação Cidade Limpa. Na questão de habitação, estávamos com demora significativa nas liberações de Alvará. Já estive reunida com o secretário e ele está trabalhando para solucionar a questão.

Italo Wolff — Por outro lado, todo Legislativo que é base quer participar do governo. O termo indicação é mal visto, mas é uma forma de trazer os vereadores para perto. Como presidente da Câmara e membro da base, como é equilibrar essa demanda e fazer essa intermediação?

O espírito é fazer o que é melhor para a cidade. Os vereadores querem contribuir com o que é melhor para a cidade, o prefeito quer o melhor para a cidade. Então, no primeiro escalão, de fato, não houve interferência política, os nomes foram técnicos e de indicação exclusiva do prefeito. Os vereadores entenderam que Anápolis realmente está precisando de um novo rumo, de uma nova expectativa e de um novo comando. Tenho certeza de que os partidos políticos e todos que participaram da campanha serão contemplados — muitos já foram contemplados fora do primeiro escalão. Mas o que é importante mesmo é que as pessoas consigam entregar os resultados que a cidade espera.

“A necessidade de construir um legado impulsionou gastos da última gestão, mas, para durar, esse legado precisa ser bem estruturado”, diz Andreia Rezende | Foto: Guilherme Alves/ Jornal Opção

Italo Wolff — Recentemente, o prefeito denunciou a situação do Centro Administrativo, que está dilapidado apenas um ano após as reformas. 

Fui pessoalmente ao auditório para ver a situação e fiquei impressionada. Há problemas básicos na construção. Por exemplo: há uma nascente de água no local e é claro que a impermeabilização foi feita incorretamente. É evidente que o material utilizado no auditório era de péssima qualidade. 

O prédio tem menos de um ano e já está com problemas sérios e danos estruturais. Precisamos acionar a empresa responsável pela obra e o fiscal do contrato precisa responder. Receber um prédio naquelas condições é um absurdo. Precisamos ter cuidado com o tesouro público. Já temos recebido denúncias de outras obras que também foram entregues em más condições, e tudo já está sendo apurado.

Ton Paulo — A reforma administrativa permitiu a contratação de mais assessores, o que causou certa controvérsia. A Câmara vai gastar mais após a reforma?

A Câmara de Anápolis estava um pouco atrasada nesse sentido em relação às outras câmaras municipais. Tanto a Câmara Federal quanto a Câmara de Goiânia e Alego já permitem menos rigidez para o parlamentar contratar seus assessores. Os regimentos internos dessas casas valorizam as lideranças ao permitir que o parlamentar administre da forma que ele quiser o seu gabinete. 

A verba dos gabinetes não foi alterada. A Câmara não vai gastar nem um real a mais com os gabinetes após a reforma. O que mudou foi que, antes tínhamos um número fixo de assessores (13 servidores) com salário fixo. Agora, cada parlamentar pode ter de 10 a 20 assessores com remunerações variáveis — dentro de um padrão previsto por tabela —, chegando até o valor que já tinha sido aprovado. Então, a nossa gestão não criou nenhuma despesa para a Câmara Municipal. Apenas demos maior liberdade para o vereador organizar o gabinete dentro do mesmo orçamento.

Ton Paulo — Como a senhora avalia o desempenho do seu partido, Avante, nas últimas eleições? Foi satisfatório?

O Avante cresceu muito no Brasil, em Goiás, mas especialmente em Anápolis. O Avante cresceu em número de filiados na cidade de Anápolis; fizemos dois vereadores — eu, que fui a segunda mais votada da cidade, e o sindicalista Adenilton Coelho de Souza, o Leitão do Sindicato. Temos mandatos muito expressivos na cidade e queremos fortalecer o partido agora em filiados para que, na próxima eleição, o Avante esteja ainda mais apto a disputar as eleições.

Italo Wolff — Quais são seus planos para 2026?

Não tenho expectativa de ser candidata em 2026. Estou muito feliz em ser vereadora, em ser presidente da Câmara. No momento, ainda não penso em outra eleição. Meu irmão, Amilton Filho (MDB), é deputado estadual e é candidato à reeleição. Nossos esforços vão estar voltados para que ele seja reeleito novamente como deputado estadual.

Ton Paulo — Como avalia o projeto do governador Ronaldo Caiado de se lançar candidato à presidência da República, e o projeto de seu vice Daniel Videla (MDB) de concorrer ao governo do estado? 

Minha expectativa é muito positiva. Ter um anapolino concorrendo à presidência nos honra muito. O governador Ronaldo Caiado tem se mostrado um grande líder da direita, não só no estado de Goiás, mas no Brasil. E o projeto de Daniel Villela impressiona muito, fico otimista por ter um jovem vice-governador e um futuro governador muito competente, muito dedicado e atento às demandas do Estado. Daniel Vilela é um político que vi crescer em expressão; ele é da minha geração. Fico com expectativa muito positiva de ter um futuro governador muito próximo de Anápolis, próximo do prefeito Márcio Corrêa. 

Ton Paulo — Márcio Corrêa está no PL, mas pertenceu ao MDB e permanece próximo de Daniel Vilela. Em Goiânia, o Avante esteve com o Sandro Mabel (UB). Como acredita que seu partido deveria se posicionar nas eleições ao governo de 2026? O Avante deve ir com o candidato do PL ou ficar com o candidato da base do governo Caiado?

Ainda é muito cedo para falar sobre isso. Não tivemos nenhuma orientação do partido a nível estadual ou federal por enquanto. Muita coisa pode acontecer até o ano que vem. Esses dois partidos podem, inclusive, andar juntos, como já andaram tantas vezes no passado. Agora, precisamos ter muita cautela, esperar, deixar a água passar por debaixo dessa ponte para tomar a melhor decisão.

Italo Wolff — Em seu mandato, a senhora teve 2 mil ações legislativas aprovadas. O que isso significa? O que são ações legislativas exatamente?

Até por ter vindo da advocacia, tenho o perfil de não propor leis inócuas ou redundantes, sem efetividade. Em meu mandato, passei quatro anos fortalecendo um projeto importante e específico chamado “Tô no Bairro”. O Tô no Bairro percorreu todas as regiões da cidade, ouvindo as pessoas e conhecendo as demandas. Percebi que, dentro do meu gabinete, no ar-condicionado, eu não teria certeza das demandas e soluções. 

Andando, eu passava as manhãs na Câmara Municipal, e à tarde eu ia para a rua. Ia para o meio do canteiro de obras, para áreas públicas, para as casas das pessoas (não apenas meus eleitores). Assim, consegui ter uma produtividade melhor. Essas 2 mil ações legislativas foram projetos de leis aprovados, indicações de obras que eu entendi que eram necessárias, requerimentos de problemas reais da população — desde tapa-buracos até construção de Cmeis.

Acredito que todas essas foram aprovadas porque sua necessidade era real. Tenho muito orgulho de nosso primeiro mandato ter contribuído para ações concretas na vida das pessoas. Fico feliz por saber que não foram executadas medidas “da minha cabeça”, nós fizemos um mandato muito próximo das pessoas e percebemos que os serviços públicos precisam estar mais próximos da população. Há enorme demanda por áreas de lazer mais próximas, por postos de saúde mais próximos, e em horários estendidos.

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