Obituário: Margarida Jorge Leodoro Faleceu a matriarca quilombola do Morro do Boi

A comunidade quilombola do Morro do Boi está de luto, com a morte da sua moradora mais antiga, Margarida Jorge Leodoro, conhecida como ‘Dona Guida’. Ela faleceu na manhã desta quarta-feira (5), no Hospital Ruth Cardoso, aos 93 anos.

Guida nasceu em Camboriú, mas aos 25 anos, quando casou com Almiro Leodoro (in memoriam), foi morar no Morro do Boi. 

O casal teve 10 filhos, dos quais quatro falecidos.

Além das atividades domésticas, Guida trabalhou na roça, junto com o marido plantava fumo e ajudava no engenho de farinha. Ela também foi parteira e benzedeira.

A história de Guida foi registrada em diversas publicações em jornais, revistas e em livros, como ‘Da Rua dos Pretos à Comunidade Quilombola do Morro do Boi’, de autoria de Ana Elisa Schlickmann e Dalva Brum. 

Guida também foi estrela no ensaio fotográfico ‘A Rua dos Negros’, de Leonel Tedesco, com imagens da matriarca e seus familiares na comunidade, onde vivem. A exposição realizada em 2014 foi levada a vários locais da cidade.

Guida com duas das suas netas, Sayonara e Michele, no ensaio fotográfico de 2014 (Foto: Projeto A Rua dos Negros, fotógrafo Leonel Tedesco, LIC 2014)

Guida deixa seis filhos, Aldair, Maria, Adelair, Sueli Marlete, Reginalda e Almiro e os netos Zarubia, Roger, Patrícia, Rudinei, William, Jefferson, Sayonara, Michele, Camila, André e Rafael e os bisnetos Beatriz, Cleber e Kauã.

O velório será na Comunidade Quilombola (o horário ainda não foi anunciado) e o sepultamento será nesta quinta-feira (6), no cemitério de Mato de Camboriú.

Nota de Pesar 

Dona Guida com Sueli, uma das suas filhas (Arquivo Pessoal)

É com profundo pesar que lamentamos o falecimento de Dona Margarida Leodoro da Fonseca, matriarca da comunidade de remanescentes quilombolas do Morro do Boi e rainha do Maracatu Nova Lua. 

Dona Margarida foi uma figura emblemática, cuja vida e dedicação foram pilares fundamentais para a preservação da cultura, das tradições e da luta pela identidade e direitos de sua comunidade.

Sua sabedoria, resistência e liderança inspiraram gerações, fortalecendo os laços comunitários e mantendo viva a memória de seus ancestrais. Dona Margarida não apenas guardou as histórias e os valores de seu povo, mas também foi uma voz ativa na defesa de suas terras e de sua dignidade, tornando-se um símbolo de resistência e esperança.

Neste momento de dor, em nome do Maracatu Nova Lua e do Ministério da Cultura, expressamos nossa solidariedade à família, aos amigos e a toda a comunidade do Morro do Boi. Que o legado de Dona Margarida continue a iluminar os caminhos de luta e união, e que sua memória permaneça viva no coração de todos aqueles que tiveram a honra de conhecê-la.

Descanse em paz, Dona Margarida. Sua missão aqui foi cumprida com grandeza, e seu exemplo seguirá inspirando a todos nós.

Com respeito e gratidão,  

Fernando Honorato 

Coordenador do Grupo Maracatu Nova Lua e Agente território de cultura do Ministério da Cultura.

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