Galípolo revela que até Caetano Veloso perguntou sobre as atas do Copom

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, revelou que o cantor e compositor Caetano Veloso questionou sobre a redação das atas do Comitê de Política Monetária (Copom), destacando a complexidade da comunicação do BC com a população.

Galípolo compartilhou a conversa durante um evento do Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças (IEPE/CdG), explicando que a escolha das palavras nos documentos do Copom tem um impacto significativo no mercado financeiro e na política monetária.

Segundo Galípolo, Caetano Veloso perguntou sobre “forward guidance” — indicações do BC sobre decisões futuras da taxa Selic — e comparou a escrita das atas do Copom à poesia.

“Ele falou: ‘então é que nem fazer poesia’. Eu respondi que tenho certeza de que as pessoas não têm o mesmo prazer lendo a ata do Copom como têm lendo suas poesias, mas realmente há uma arte na escolha das palavras”, explicou o presidente do BC.

Atualmente, a taxa Selic está em 13,25% ao ano, após sucessivos aumentos promovidos pelo Banco Central. O tema tem sido alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que defende juros mais baixos para estimular a economia.

Galípolo também afirmou que a inflação deve continuar acima do teto da meta enquanto o impacto da alta dos juros ainda não tiver efeito pleno na desaceleração econômica. Ele reforçou que o BC tomará o tempo necessário para avaliar se os dados indicam uma tendência real de queda na inflação antes de suavizar a política monetária.

O presidente do Banco Central destacou outro desafio para a redução da Selic: a presença de linhas de crédito subsidiadas, que reduzem a efetividade do controle de juros sobre a economia. “Isso obriga o BC a ser mais agressivo na taxa Selic, pois o impacto da política monetária fica diluído”, explicou.

O crédito subsidiado já havia sido citado pelo ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, como um dos fatores que mantêm os juros elevados no Brasil. A dificuldade em normalizar a política monetária gera efeitos diretos sobre a dívida pública, que sofre com os custos elevados dos juros.

Na última semana, o presidente Lula anunciou que o governo lançará programas de ampliação do crédito para a população, sem detalhar as iniciativas. “Temos alguns programas que vamos anunciar. Eu não vou falar porque é surpresa. Mas queremos mais crédito para o povo”, afirmou o presidente.

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