Após presidente adiar eleições, Senegal enfrenta crise política

O presidente do Senegal, Macky Sall, anunciou no sábado, 3, o adiamento das eleições presidenciais originalmente programadas para 25 de fevereiro. O presidente alegou motins e uma crise política como razões para adiar as eleições. A decisão inédita provocou indignação interna em um dos países mais estáveis da África Ocidental e preocupação internacional. França e União Europeia fizeram um apelo para que as eleições sejam realizadas “o mais rapidamente possível”.

Na segunda-feira, 5, o parlamento senegalês anunciou que as eleições serão adiadas para dezembro. A incerteza sobre a vitória do candidato do presidente nas eleições, que estavam previstas para daqui a três semanas, parece ter sido um dos motivos para o adiamento.

Antoine Glaser, especialista em África, comentou em uma entrevista à rádio France Inter que “há divisões no campo do presidente” e que “alguns partidários da Aliança pela República, o partido de Macky Sall, não estavam de acordo com o adiamento”. Glaser também observou que o presidente anunciou o adiamento sem estabelecer uma data específica, mesmo considerando que a partir de 5 de abril ele não será mais presidente do Senegal.

Logo após o anúncio de Sall, Abdou Latif Coulibaly, secretário geral do governo senegalês e apoiador do presidente, renunciou. Coulibaly explicou sua decisão afirmando que queria recuperar sua liberdade para expressar suas opiniões sobre a situação do país. Uma comissão parlamentar investiga dois juízes suspeitos de corrupção, o que também é apontado como um motivo para o adiamento.

Golpe de estado

Considerando o clima na região, onde houve vários golpes de estado nos últimos meses, Glaser acredita que a possibilidade de um golpe no Senegal é real, especialmente considerando o aumento do soberanismo e do pan-africanismo entre os jovens que desejam mudanças políticas.

A França também é alvo de críticas dos manifestantes, que pedem a independência definitiva da influência francesa. Os militantes denunciam o “imperialismo econômico” e a “ingerência francesa na África”. Desde domingo, a capital, Dacar, tem sido cenário de violência, com barricadas, incêndios e protestos contra Sall, que é chamado de “ditador”.

Nesta segunda-feira, a oposição convocou novas manifestações em Dacar. O país enfrentou motins em 2021 e manifestações violentas em junho de 2023. Desde 1963, as eleições no Senegal sempre foram realizadas dentro do prazo previsto.

O presidente Macky Sall permanecerá em funções até a instalação de seu sucessor, conforme outra disposição da lei. O debate parlamentar foi marcado por confrontos físicos entre os deputados, e o objetivo do adiamento seria evitar instabilidade institucional e distúrbios políticos graves, segundo relatório adotado pela comissão preparatória.

Com informações da RFI.

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