Conheça a maior iniciativa de restauração do Cerrado brasileiro

O Cerrado, bioma que começou a se formar há pelo menos 65 milhões de anos, abriga, por exemplo, rochas e chapadas que podem ter sido formadas há muito mais tempo, datando até 1 bilhão de anos atrás. Inicialmente, o Cerrado era visto como “bruto” e “perigoso” durante a história colonial do Brasil, passando a ser ocupado de forma gradual no século XVII, com a descoberta de ouro.

A exploração do bioma foi se intensificando, especialmente a criação de gado e, na década de 30, a Marcha para o Oeste, sob o governo Vargas. A iniciativa visava desenvolver e integrar as regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil, acelerou a ocupação do interior. E sua destruição.

Entre 1985 e 2023, o Cerrado perdeu 38 milhões de hectares, que corresponde a mais que todo o Estado de Goiás. A devastação destruiu 27% da vegetação original. A parte não destruída ocupa 101 milhões de hectares, o que equivale a 8% da vegetação nativa do Brasil.

Com a produção agropecuária, houve o aumento da devastação. Atualmente, plantações ocupam 26 milhões de hectares do Cerrado, com 75% destinados à soja, que representa quase metade da produção brasileira do grão. A exploração expressiva gera sérios impactos ambientais.

Por conta disso, iniciativas voltadas para a restauração buscam reconectar áreas devastadas. O Edital Corredores de Biodiversidade, uma parceria entre o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), o Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES) e a Petrobras, é um exemplo disso.

O Edital tem 12 projetos que devem restaurar 2.700 hectares nos próximos quatro anos, algo inédito no Cerrado brasileiro. O investimento feito foi de R$ 58 milhões para recuperar o solo de cinco estados: Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais e Distrito Federal.

A iniciativa faz parte do “Floresta Viva”, do BNDES, lançado em 2021. O objetivo do projeto é promover investimentos em restauração ecológica nos biomas brasileiros, combinando recursos do BNDES e de instituições apoiadoras no modelo de financiamento de matchfunding.

“O modelo de matchfunding serve como uma alavanca financeira, ampliando o alcance dos projetos ao atrair mais recursos e consolidando um ecossistema de parcerias para as ações de restauração e conservação”, explica Marcos Cardoso, chefe do Departamento de Meio Ambiente no BNDES.

Até o momento, o Floresta Viva lançou 8 editais. “O Edital do Cerrado é parte de um esforço mais amplo da Petrobras para investir em soluções baseadas na natureza, com foco na conservação e restauração”, conta Ana Marcela Di Dea Bergamasco, gerente de Projetos Voluntários de SBN da Petrobras.

Além de promover a restauração, o Edital planeja fortalecer instituições e organizações comunitárias que já atuam nesse campo e permitir a troca de experiências e técnicas entre elas, promovendo, assim, um aprendizado coletivo.

Em fevereiro, 12 instituições selecionadas, especialista e organizações se reuniram em Alto Paraíso para trocar experiências, apresentar projetos e visitar áreas em restauração no Cerrado. O encontro foi comandado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)

Leia também

A riqueza do Cerrado e o futuro sustentável do Brasil

O post Conheça a maior iniciativa de restauração do Cerrado brasileiro apareceu primeiro em Jornal Opção.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.