Entrevista: “Balneário Camboriú é a ‘meca’ dos idosos”, diz o secretário da SPI, Claudir Maciel 

Balneário Camboriú possui uma geografia perfeita, porque é totalmente plana, condições climáticas favoráveis, segurança e qualidade de vida, fatores que somam pontos na decisão do aposentado que decide envelhecer na cidade. 

O número de idosos que vive na cidade, segundo o IBGE, é de 23 mil, mas o secretário da Pessoa Idosa, Claudir Maciel, acredita que já são 30 mil. Para ter certeza deste número, ele disse que está planejando realizar um Censo, rua por rua, casa por casa, e depois, desenvolver políticas públicas que alcancem essa população, que hoje representa um dos maiores índices do país.

Nesta entrevista, Claudir faz uma análise dos primeiros dois meses de trabalho à frente da pasta, dos desafios que encontrou e dos avanços já em andamento, como o horário ampliado de atendimento, as oficinas e o plano para construção de um Centro Dia.

Fotos: Divulgação/SPI

Acompanhe:

JP3 – Nos primeiros 60 dias de administração, quais as principais mudanças registradas na SPI? 

Claudir Maciel – Nos primeiros 60 dias em que assumimos a Secretaria da Pessoa Idosa de Balneário Camboriú, tratamos de montar a equipe, organizar as oficinas de atividades existentes e estabelecer um planejamento para o ano todo. Hoje nós sabemos todas as atividades que irão acontecer em cada mês, em cada semana, em cada dia e em cada horário durante o ano inteiro de 2025. Planejamento é essencial para obtermos melhores resultados. E é desta forma que iremos trabalhar.

JP3 – Como recebeu a pasta no início do ano? 

Fotos: Divulgação/SPI

CM – Fim de governo com troca de grupo político é sempre um desafio! Ocorre quase que um abandono de todas as áreas por parte do grupo que perdeu a eleição. As pessoas que estavam nos cargos, parece que só tinham compromisso com o que recebiam. Em todas as áreas da prefeitura, o abandono ficou evidente demais. Lixo acumulado, equipamentos quebrados e largados, eventos não realizados (como o baile do rei e da rainha da terceira idade que envolve milhares de idosos que deveria ter sido feito em outubro de 2024 e não aconteceu), enfim, tivemos que colocar a casa em ordem. Limpar, consertar, fazer paisagismos e devolver a vida para a SPI. Hoje todas as oficinas estão em pleno funcionamento, já apresentamos projeto para fecharmos o local onde ocorrem a maioria das atividades, dando acústica para a vizinhança e climatizando o local para eliminar o calor excessivo e o frio do inverno.

Também assumimos a gestão do Lar dos Idoso no Bairro dos municípios que conta hoje com 44 idosos com internação permanente e mais duas vagas transitórias que atendem ao programa Abraço. Ali, nossos idosos recebem todo o tratamento necessário com atendimento de enfermagem, de cuidadores, de nutrição, de fisioterapia, de recreação, de apoio psico social e médico. É um trabalho fenomenal que Balneário Camboriú ainda não conhece. Quando conhecer, todos vão se impressionar. 

O secretário em visita ao asilo de Balneário Camboriú (Fotos: Divulgação/SPI)

Também a pedido da prefeita Juliana Pavan, analisamos e estamos trabalhando para a construção do Centro Dia. Um local onde os idosos que tem família, poderão passar o dia e voltar para casa à noite. É um projeto espetacular. 

JP3 – Qual a frequência diária na sede? 

CM – A SPI alterou seu horário de funcionamento e agora funciona 12 hs por dia. Das 7h até às 19h com diversas oficinas de atividades funcionando ao mesmo tempo de hora em hora. São centenas (entre 1.000 e 1.500) de pessoas que passam diariamente na SPI e fazem alguma atividade.

JP3 – Atualmente quantas oficinas estão funcionando e quais são as mais procuradas? 

CM – Hoje temos 36 oficinas de atividades nas mais variadas áreas. São aulas de idiomas, música, canto, teatro, pilates, danças, pinturas, artes, xadrez, jogos, massagens e muito mais. As aulas de danças, ritmos e pilates de solo são amplamente frequentadas. As pessoas adoram, porque além de fortalecer o corpo, fortalece também a mente. Temos também os encontros tradicionalistas como a Mateada que ocorre todas as quintas-feiras à tarde e reúne mais de 200 pessoas. Temos ainda inúmeros grupos de dança gauchesca que fazem aulas durante vários horários da semana. A SPI é um lugar que transforma vidas através da arte, da cultura, das atividades e principalmente do convívio das pessoas. Até final do ano, chegaremos a 50 oficinas de atividades para nossos idosos. 

JP3 – As oficinas são ministradas por voluntários? 

CM – Todos os coordenadores de grupos (36) são voluntários. Não recebem salário financeiro. Recebem o que chamamos de “Salário emocional”. É uma grande troca de experiências e que demonstra que nem tudo na vida é dinheiro. O mais importante em uma sociedade, são as relações sociais. Você pode ter todo o dinheiro do mundo, mas se viver sozinho isolado em uma ilha, o dinheiro não servirá nem para fazer uma fogueira, porque você não terá onde comprar fósforos… Aqui nós valorizamos a vida.

JP3 –  O programa Abraço ao Idoso sofreu alguma mudança de atuação, segue atendendo 24h e como está a procura? 

CM – O programa Abraço ao Idoso é uma grande conquista da sociedade de Balneário Camboriú. Temos uma equipe formada por duas psicólogas, dois assistentes sociais e demais técnicos que atendem diariamente na Secretaria, resultando mensalmente em centenas de casos envolvendo idosos. Temos uma equipe experiente e dedicada para garantir a integridade dos nossos idosos.

JP3 – Quais as principais ocorrências registradas pelo programa? 

CM – Os atendimentos vão desde violências físicas, psicológicas e financeiras até casos de vulnerabilidade social onde muitos idosos são abandonados pela família ou a própria família não tem condições de cuidar deles. E através de uma comissão obedecendo a critérios, estes idosos são acolhidos provisoriamente e até permanentemente. O programa  Abraço tem deixado muito claro para a sociedade que qualquer tipo de violência aos nossos idosos, será veemente combatida pela SPI.

JP3 – A prefeitura sabe quantos idosos vivem na cidade hoje? 

CM – Segundo o IBGE, Balneário Camboriú tem cerca de 23 mil idosos residindo na cidade (15%) da população. Nossa estimativa é que haja cerca de 30 mil. Balneário Camboriú é a ‘meca’ dos idosos. Temos uma geografia perfeita (a cidade totalmente plana), condições climáticas favoráveis, segurança e muita qualidade de vida. Então, muita gente se aposenta e vem viver na nossa cidade. Isso faz com que Balneário Camboriú tenha um dos maiores índices de idosos do país. 

JP3 – Quais são os planos para alcançar um número maior de idosos que participam dos programas oficiais que a SPI realiza? 

CM – Nosso plano é levar a SPI para dentro da casa de cada idoso da nossa cidade. Por isso já aprovamos no Conselho Municipal do Idoso a realização de um Censo (e estamos trabalhando no termo de referência) para irmos de bairro em bairro, de rua em rua e de casa por casa para sabermos exatamente quantos idosos nós temos, quais são as condições de saúde; econômica e social de cada idoso. Desta forma, poderemos desenvolver as políticas públicas corretas e direcioná-las aos nossos idosos. Por exemplo: podemos levar medição de uso contínuo para quem precisa (isso também diminuiria os atendimentos nos postos de saúde e farmácia municipal); poderemos desenvolver programas eficazes de inserção dos idosos no mercado de trabalho e de apoio ao empreendedorismo, levar as nossas oficinas que hoje funcionam na área central, para todos os nossos bairros dando estímulos vocacionais ao perfil dos idosos de cada bairro. Desta forma conseguiremos dar maior amplitude da SPI e chegar em todos os idosos da nossa cidade.

JP3 – Espaço aberto para o que mais quiser colocar….

CM – Em maio teremos a Conferência Municipal do Idoso, que será coordenada pela SPI e pelo Conselho Municipal do Idoso. Teremos inúmeros painéis que irão discutir e avaliar as políticas municipais do idoso, os avanços e os desafios. Temos uma parcela significativa da sociedade na idade dos 60 +. Temos o dever de cuidar de quem já contribuiu muito no passado para que pudéssemos estar aqui. Mas também temos que pensar no nosso futuro. Quem ainda não chegou na melhor idade, deseja chegar e chegar encontrando um bom ambiente para continuar a viver. 

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