Durante visita à Baixada Fluminense (RJ) nesta terça-feira, 15, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi cobrado publicamente por uma promessa feita há 16 anos. A cobrança ocorreu durante um evento do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), onde Lula discursava sobre obras rodoviárias na Serra das Araras, na Via Dutra.
Isaias Nascimento Cardoso, representante de aprovados para a futura Polícia Ferroviária Federal, interrompeu o presidente ao lembrar que, em 2009, Lula prometeu regulamentar a corporação — prevista na Constituição de 1988, mas nunca efetivamente criada.
O vídeo citado por Cardoso mostra Lula, ainda em seu segundo mandato, afirmando que a legalização da Polícia Ferroviária Federal estava encaminhada nos ministérios da Justiça, da AGU e do Planejamento. Na época, o presidente participava da inauguração de obras do PAC em Nova Iguaçu (RJ).
Apesar disso, a Polícia Ferroviária Federal segue sem regulamentação até hoje. Em 2012, no governo Dilma Rousseff, o Ministério da Justiça chegou a listar os aprovados para a corporação, mas o processo nunca avançou.
Surpreso com a intervenção, Lula disse que o tema é “fundamental” e afirmou que irá buscar o vídeo com Cardoso. Após o discurso, o presidente não atendeu à imprensa, mas tirou fotos e conversou com apoiadores, incluindo o próprio representante da Polícia Ferroviária.
Integrantes da equipe de segurança do cerimonial chegaram a registrar os documentos de Cardoso após o evento.
PEC da Segurança propõe nova estrutura policial
Atualmente, o tema está sendo discutido por meio da PEC da Segurança, apresentada pelo ministro Ricardo Lewandowski, que propõe a criação da Polícia Viária Federal. A proposta pretende unificar a atual Polícia Rodoviária Federal (PRF) com a Polícia Ferroviária ainda não regulamentada.
Cardoso lamentou o abandono da causa: “Chegaram a criar um departamento no Ministério da Justiça, mas está de porta fechada”, afirmou. Antes da interrupção, Lula criticou os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro pelo abandono de obras públicas e defendeu o Novo PAC como uma resposta à “irresponsabilidade administrativa” do passado.
“O Brasil passou muito tempo sendo o país das obras paradas. Agora tem que ser o país do agora”, afirmou o presidente. Lula também comentou que, ao reassumir o governo em 2023, encontrou creches e moradias do Minha Casa Minha Vida abandonadas.
Durante o evento, Lula vistoriou as obras de duplicação e modernização da Serra das Araras, na Via Dutra. O projeto, parte do Novo PAC, tem orçamento de R$ 1,5 bilhão e previsão de conclusão para 2029. A intervenção pretende reduzir em até 90% os acidentes no trecho, com curvas mais suaves, rampas de escape e aumento da capacidade viária.
Pouco antes da chegada do presidente, um caminhão tombou na pista de descida, o que causou interdição temporária. O local do acidente, porém, não fazia parte do trajeto da comitiva presidencial.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, destacou a importância da obra para a segurança dos motoristas: “Vai ser muito bom dizer que conseguimos reduzir drasticamente os acidentes. Caminhoneiros vão poder subir e descer com muito mais segurança.
Lula finalizou com bom humor, dizendo que a estrada será tão moderna que “vai dar até para andar de patinete” — mesmo sendo esse um transporte proibido em rodovias.
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