Rap Mix Festival: Justiça condena empresas a indenizar vítima de desabamento em evento

O advogado Fábio Aguiar, representante de Daniel Alzidon — uma das vítimas do desabamento de uma rampa durante um evento em Goiânia — comentou a sentença proferida pela Justiça goiana no dia 7 de abril de 2025. A ação, movida em dezembro de 2023, teve decisão favorável ao autor, com a condenação de três empresas responsáveis: duas organizadoras do evento e uma seguradora.

As empresas foram condenadas a pagar R$ 140 por danos materiais e R$ 10 mil por danos morais, com correção monetária e juros a partir da data do acidente. A Justiça considerou as rés solidariamente responsáveis pelos prejuízos ao consumidor.

A Justiça de Goiás condenou solidariamente as empresas GR6 Eventos, Berkley Seguros e Winner Records ao pagamento de indenização ao consumidor Daniel Alzidon, ferido no Rap Mix Festival, realizado em 9 de julho de 2023, no Estádio Serra Dourada, em Goiânia. A decisão, proferida pelo juiz Henrique Santos Magalhães Neubauer, reconheceu falha na estrutura do evento. Daniel estava acompanhado de sua esposa Paloma Teixeira que não sofreu ferimentos.

Segundo a ação, o acidente ocorreu quando uma rampa metálica desabou, lançando o autor ao solo e provocando ferimentos. O laudo técnico apontou montagem inadequada da estrutura como causa do colapso. “Por se tratar de uma decisão de primeiro grau, ainda cabe recurso por parte das empresas”, explicou o advogado. Ele destacou que a sentença reconheceu os danos morais e psicológicos enfrentados por seu cliente. “A decisão está de acordo com os danos suportados pelo autor, tendo em vista a situação que vivenciou”.

Segundo Aguiar, além das lesões físicas, Daniel também sofreu impactos emocionais duradouros. “A dor experimentada pelo meu cliente reside no fato de ter sido vítima do desabamento, sofrido lesões corporais — atestadas por laudo de corpo de delito — e vivenciado a experiência traumática do acidente. Soma-se a frustração de ter sido privado de participar do evento com sua esposa, para o qual havia adquirido ingresso.”

O acidente ocorreu enquanto Daniel estava sobre a rampa que desabou. “No momento do desabamento, meu cliente foi arremessado ao solo e, ato contínuo, também foi atingido por outras pessoas que caíram sobre ele.”

Fabio Aguiar – Advogado l Foto: Arquivo pessoal

De acordo com o advogado, os danos não deixaram sequelas físicas permanentes, mas o impacto emocional foi significativo. Ele também apontou falhas na organização do evento. “Segundo meu cliente, havia possível falha na organização, visto que pessoas de outras áreas do evento teriam ‘invadido’ uma área considerada melhor, como se fosse uma área VIP. Isso teria sobrecarregado o setor, bem como a própria rampa que desabou. Igualmente, há relatos de que a segurança do local não era suficiente e efetiva para a quantidade de pessoas presente.”

A responsabilidade das empresas, segundo Aguiar, está prevista em lei. “Por se tratar de empresas que estavam auferindo lucro, em nítida atividade econômica, a responsabilidade de fato deve ser compartilhada, conforme preceitua o Código de Defesa do Consumidor e o Código Civil. Esse entendimento é pacificado pela Justiça.”

Duas das três empresas condenadas — a GR6 Eventos e a seguradora Berkley — já apresentaram embargos de declaração, buscando reverter a condenação. A sentença prevê responsabilidade solidária, o que permite que a indenização total seja cobrada de uma ou de todas as rés, conforme decisão judicial.

“O cliente recebeu a decisão de forma satisfatória e teve o sentimento de que a justiça foi efetiva no caso concreto”, concluiu Aguiar.

Caso mais grave
O caso mais grave foi o da estudante Giovanna Moreira Salerno, de 21 anos. Giovanna passou por uma cirurgia de reconstrução craniana, a cranioplastia, em novembro, após sofrer um trauma cranioencefálico provocado pela queda da rampa. A jovem perdeu os movimentos e a capacidade de falar em decorrência do acidente. Entre os cerca de 75 feridos, ela foi a que sofreu as lesões mais severas.

A reportagem procurou o pai de Giovanna, Tércio Jullian Salerno, para saber se a família já recebeu algum tipo de indenização, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. O espaço permanece aberto para manifestação.

Também foram enviados e-mails às empresas condenadas, que, até o momento, não responderam. O espaço segue disponível para posicionamento.

Leia também:

Rap Mix: um ano após acidente, estudante ainda luta para recuperar movimentos e capacidade de fala

Rampa desaba em festival no estádio Serra Dourada; saiba para onde vítimas foram encaminhadas

O post Rap Mix Festival: Justiça condena empresas a indenizar vítima de desabamento em evento apareceu primeiro em Jornal Opção.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.