Lula calibra discurso ao defender eleições livres na Venezuela

Para o governo Lula, associar-se ao governo Maduro é altamente desfavorável tanto interna quanto externamente e isso vale para todos os espectros: de direitistas a esquerdistas. A Venezuela já não conta com a simpatia dos governos de esquerda na região, como costumava ser o caso há 10 ou 15 anos, no auge da chamada Onda Rosa (em que governos de esquerda predominavam na América do Sul. Isso foi evidenciado pelas desaprovações expressas dos presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da Colômbia, Gustavo Petro.

Desta forma, a crítica de Lula ao processo eleitoral venezuelano é estrategicamente oportuna. E, é crucial reiterar que não existe ditadura benéfica, todas são prejudiciais. Ao posicionar-se a favor de eleições livres e contra o processo eleitoral na Venezuela, Lula tenta melhorar sua imagem, conferindo peso eleitoral às suas palavras.

Anteriormente, o presidente chegou a defender o governo ditatorial de Maduro, argumentando que a democracia era relativa, o que prontamente foi criticado neste espaço do Jornal Opção.

A nota do Itamaraty emitida ontem mostra mudança nessa abordagem. Ela ressalta a preocupação do governo brasileiro com o desenrolar desse processo eleitoral, particularmente destacando que uma candidata de oposição não pôde registrar-se para concorrer à presidência, o que viola os acordos estabelecidos em Barbados no ano passado. A ameaça é dura do ponto de vista diplomático, mas não se pode exagerar no poder de influência da mesma, leia-se poder econômico do Brasil.

Ainda que o Brasil exerça certa influência sobre a Venezuela, os Estados Unidos são o principal ator com impacto direto na política interna venezuelana, especialmente pelo interesse americano no petróleo venezuelano, considerando o momento delicado das relações com a Rússia devido à invasão da Ucrânia. Importante lembrar que o governo Biden reduziu parte das sanções sobre a Venezuela após o compromisso com eleições livres em Barbados, o que parece que não vai se concretizar.

Como resposta à nota brasileira, o governo ditatorial de Maduro mostrou que critica todos os opositores insinuando que a nota parece ter sido influenciada pelos Estados Unidos, numa alusão ao “imperialismo”.

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