O Banco Central (BC) divulgou, nesta quarta-feira, 30, os indicadores fiscais referentes ao mês de março de 2025. Segundo os dados, o setor público consolidado — que engloba o Governo Central, governos estaduais e municipais, além das estatais — apresentou superávit primário de R$ 3,6 bilhões em março. O resultado é maior do que o registrado no mesmo período de 2024, quando o superávit foi de R$ 1,2 bilhão.
Apesar do resultado positivo do mês, o saldo acumulado em 12 meses ainda é deficitário. Até março, o déficit primário somou R$ 13,5 bilhões, o equivalente a 0,11% do Produto Interno Bruto (PIB). No mês anterior, esse número era de R$ 15,9 bilhões, ou 0,13% do PIB, sinalizando uma leve melhora no desempenho fiscal do setor público.
A composição de resultado de março revela disparidades entre os entes federativos. Enquanto o Governo Central apresentou déficit de R$ 2,3 bilhões e as estatais, de R$ 566 milhões, os governos regionais (estaduais e municipais) registraram superávit expressivo de R$ 6,5 bilhões, o que sustentou o resultado positivo do consolidado.
Juros nominais sobem e pressionam resultado nominal
O custo dos juros nominais apropriados por competência — independentemente do pagamento efetivo — também teve alta expressiva. Em março, o valor alcançou R$ 75,2 bilhões, contra R$ 64,2 bilhões no mesmo mês de 2024. No acumulado de 12 meses, os juros totalizaram R$ 935 bilhões, correspondente a 7,80% do PIB, um aumento significativo frente aos R$ 745 bilhões (6,71% do PIB) registrados até março passado.
Com isso, o resultado nominal — que considera tanto o resultado primário quanto os juros nominais — permaneceu deficitário, somando R$ 71,6 bilhões em março. No acumulado de 12 meses, o déficit nominal atingiu R$ 948,5 bilhões, o equivalente a 7,92% do PIB, levemente acima dos 7,91% registrados em fevereiro (R$ 939,8 bilhões).
Dívida pública apresenta comportamento misto
Em relação ao endividamento, a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) subiu para 61,6% do PIB, atingindo R$ 7,4 trilhões. A elevação de 0,2 ponto percentual (p.p.) no mês reflete, principalmente, os impactos dos juros nominais apropriados (+0,6 p.p.) e da valorização cambial de 1,8% (+0,2 p.p.). Por outro lado, a variação negativa do PIB nominal no período reduziu a dívida em 0,5 p.p.
No acumulado do ano, a DLSP cresceu 0,1 p.p. do PIB. O movimento decorre de fatores como a alta dos juros nominais (+1,6 p.p.) e o efeito da valorização cambial acumulada de 7,3% (+0,9 p.p.), parcialmente compensados pelo superávit primário no período (-0,7 p.p.) e pela retração do PIB nominal (-1,2 p.p.).
Já a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), que inclui Governo Federal, INSS e entes subnacionais, recuou 0,2 p.p. no mês e fechou março em 75,9% do PIB, totalizando R$ 9,1 trilhões. A queda foi impulsionada pela variação negativa do PIB nominal (-0,6 p.p.), pelo resgate líquido de títulos (-0,3 p.p.) e pela valorização cambial (-0,1 p.p.), ainda que tenha havido pressão dos juros nominais (+0,8 p.p.).
No ano, a dívida bruta recuou 0,6 p.p., com destaque para a contribuição do crescimento do PIB nominal (-1,5 p.p.) e dos resgates líquidos de dívida (-0,9 p.p.), fatores que compensaram a pressão dos juros (+2,2 p.p.).
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