Fibromialgia: conheça a doença da ‘dor invisível’ que atinge 9% da população mundial

*Com informações de Gustavo Soares

Durante o dia 12 de maio, é celebrado o Dia da Fibromialgia, uma data dedicada para dar visibilidade a uma das síndromes dolorosas crônicas mais comuns e, ao mesmo tempo, mais negligenciadas do sistema de saúde. Caracterizada por dores difusas no corpo, fadiga persistente, distúrbios do sono e sensibilidade aumentada ao toque, a fibromialgia ainda é envolta em preconceito, desinformação e demora no diagnóstico.

Apesar de atingir até 9% da população mundial, principalmente mulheres entre 30 e 60 anos, a fibromialgia ainda sofre com o estigma por ser considerada uma “doença invisível”. Isso porque não há lesões aparentes nos exames de imagem ou laboratoriais, o que torna o diagnóstico exclusivamente clínico e, muitas vezes, tardio.

“A fibromialgia é uma condição de origem central e isso significa que o problema não está nos músculos, mas na forma como o cérebro interpreta os sinais de dor. É como se o volume da dor estivesse sempre alto demais”, explica Gustavo Barbosa, ortopedista, cirurgião de ombro e cotovelo do hospital Albert Einstein. Segundo ele, a ausência de uma causa única e definida torna a doença complexa e desafiadora tanto para médicos quanto para os próprios pacientes.

Gustavo Barbosa, ortopedista, cirurgião de ombro e cotovelo do hospital Albert Einstein | Foto: Arquivo

“É uma síndrome dolorosa crônica, ou seja, a dor persiste diariamente por mais de dois ou três meses. Essa dor se manifesta principalmente nos músculos e tendões, mas sem que haja uma inflamação ou lesão estrutural detectável. É por isso que a gente diz que é uma síndrome dolorosa de origem central, ou seja, envolve uma alteração na forma como o cérebro interpreta os sinais de dor”, explicou o médico.

Barbosa explica que o tratamento da fibromialgia é multidisciplinar e envolve estratégias combinadas como prática regular de exercícios, psicoterapia, acompanhamento com fisioterapeutas e, em alguns casos, uso de medicamentos. Podem ser incluídos analgésicos, antidepressivos e até o canabidiol (CBD) “Não existe uma receita única. “Cada paciente é um quebra-cabeça que precisa ser montado com cuidado, peça por peça”, resume o especialista.

Neste ano, a data ganha mais relevância com a tramitação de um projeto de lei no Senado Federal que propõe a criação do Programa Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Fibromialgia. O texto prevê a oferta de atendimento multidisciplinar pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e a equiparação dos pacientes a pessoas com deficiência. Para o médico, essa a proposta é um marco. “Esse reconhecimento formal é essencial, já que a fibromialgia pode ser incapacitante, e o apoio do Estado é um passo fundamental para garantir dignidade a quem convive com a doença”, ressaltou.

Carteira de Identificação da Pessoa com Fibromialgia

Em Goiânia, o paciente com fibromialgia pode solicitar uma versão digital da Carteira de Identificação da Pessoa com Fibromialgia (CIPFIBRO). O documento serve para auxiliar as pessoas com a doença para acessar os benefícios previstos por lei. Por exemplo, vagas de estacionamento prioritárias, participação na política de cotas de universidades públicas e condições diferenciadas para a aposentadoria.

Além de avanços na legislação e no acesso a tratamentos, há ainda a necessidade de investimento em pesquisas para o desenvolvimento de biomarcadores – substâncias que possam indicar a presença da doença no organismo. “Isso traria mais objetividade no diagnóstico e no acompanhamento da evolução do quadro clínico”, afirma o médico.

Mais do que um alerta para profissionais de saúde e gestores públicos, o Dia da Fibromialgia é um chamado à empatia. “É preciso enxergar a dor que o outro sente, mesmo quando ela não aparece nos exames”, conclui o especialista.

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