Quem substituirá o Papa Francisco? Veja lista que tem brasileiro entre possíveis candidatos

O conclave que elegerá o novo papa terá início nesta quarta-feira, 7, no Vaticano, e promete ser um dos mais disputados e simbólicos da história recente da Igreja Católica. Reunindo 135 cardeais com menos de 80 anos, sendo 133 deles aptos a votar, o processo ocorre em um momento de transição após a morte do papa Francisco, aos 88 anos, no último dia 21 de abril.

A Igreja vive, desde então, o período de Sé Vacante — quando a cadeira papal está desocupada — e a expectativa é que o sucessor seja definido em até dois dias. Entre os mais cotados estão nomes da Itália, das Filipinas, da França e até mesmo do Brasil.

Em meio a diferentes correntes ideológicas e regionais, os eleitores se dividem entre aqueles que desejam manter o legado progressista de Francisco e outros que preferem um retorno a posturas mais conservadoras. Ainda que alguns cardeais apareçam como favoritos, a decisão segue indefinida.

“Minha lista está mudando e acredito que continuará mudando nos próximos dias”, afirmou à Reuters o cardeal britânico Vincent Nichols, que participa de seu primeiro conclave. “É um processo que, para mim, está longe de ser concluído, longe de ser concluído.”

Durante o conclave de 2013, foi justamente nessa fase de debates e trocas que o argentino Jorge Mario Bergoglio, então pouco cogitado, fez um discurso marcante que, segundo relatos, sensibilizou profundamente seus colegas — e acabou sendo eleito como Papa Francisco. Agora, em 2025, o cenário é igualmente aberto, com candidatos que reúnem qualidades distintas e trajetórias diversas.

Veja os principais candidatos que estão sendo cotados para assumir o posto máximo da Igreja:

1. Pietro Parolin – Itália, 70 anos

Italiano Pietro Parolin | Foto: Catholic Press Photo

Entre os favoritos, destaca-se o italiano Pietro Parolin. Diplomata experiente e secretário de Estado do Vaticano desde 2013, Parolin é considerado por muitos como o “vice-papa”, pela posição de destaque que ocupa na hierarquia eclesiástica.

Ele já atuou como vice-ministro das Relações Exteriores e como embaixador na Venezuela, além de ser um dos arquitetos do acordo com a China sobre a nomeação de bispos. Apesar de manter discrição em debates culturais polêmicos, chegou a afirmar que a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo representava “uma derrota para a humanidade”.

2. Luis Antonio Gokim Tagle – Filipinas, 67 anos

Filipino Luis Antonio Gokim Tagle | Foto: Divulgação/ Pontifícias obras missionárias

Outro nome amplamente mencionado é o do cardeal filipino Luis Antonio Gokim Tagle, apelidado de “Francisco Asiático”. Com forte atuação pastoral desde 1982 e reconhecido por seu compromisso com a justiça social, Tagle pode se tornar o primeiro papa asiático.

Transferido para Roma em 2019 por Francisco, ele passou a liderar o Dicastério para a Evangelização, órgão central para a expansão da fé. Vindo das Filipinas — o país com maior população católica da Ásia —, é visto como herdeiro ideológico direto de Francisco.

3. Leonardo Ulrich Steiner – Brasil, 74 anos

Brasileiro, Leonardo Ulrich Steiner | Foto: Reprodução

Do Brasil, o cardeal Leonardo Ulrich Steiner também aparece entre os cotados. Aos 74 anos, é considerado o primeiro cardeal da Amazônia. Natural de Forquilhinha (SC), Steiner é doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma, e já exerceu funções importantes, como secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e bispo auxiliar de Brasília.

Desde 2019, ocupa o cargo de arcebispo de Manaus e foi elevado a cardeal em 2022 por Francisco, em reconhecimento à sua dedicação pastoral na região amazônica.

4. Jean-Marc Aveline – França, 66 anos

Frances Jean-Marc Aveline | Foto: Divulgação/Cardinalium Collegil Recensio

O francês Jean-Marc Aveline, arcebispo de Marselha, é apontado como um possível “João XXIV”, em referência ao papa reformista dos anos 1960. Aveline é elogiado por seu estilo afável, sua abertura ao diálogo com o mundo muçulmano e sua visão inclusiva sobre migração.

Nascido na Argélia e filho de imigrantes espanhóis, ele foi alçado a cardeal em 2022. Com doutorado em Teologia e graduação em Filosofia, Aveline ascendeu rapidamente: bispo em 2013, arcebispo em 2019 e cardeal em 2022.

Seu nome ganhou força após organizar, em 2023, uma conferência sobre questões mediterrâneas, com a presença do Papa. Se eleito, será o primeiro papa francês desde o século 14.

5. Peter Erdo – Hungria, 72 anos

Húngaro Peter Erdo | Foto: CNS photo/Paul Haring

Na Europa Central, o húngaro Peter Erdo, volta a ser mencionado como papável, como em 2013. Conservador em teologia, é respeitado por sua postura pragmática e por liderar a chamada Nova Evangelização, voltada para reacender a fé em países secularizados. 

Especialista em direito canônico, Erdo foi o cardeal mais jovem do Colégio e mantém influência especialmente entre os cardeais do Leste Europeu. No entanto, seu posicionamento durante a crise migratória de 2015, quando se opôs à política de acolhimento de Francisco, gerou polêmica.

6. Mario Grech – Malta, 68 anos

Maltês Mario Grech| Foto: Santa Igreja Romana

Outro nome que vem ganhando atenção é o do maltês Mario Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos. Natural de Gozo, uma pequena ilha maltesa, Grech tem sido uma das vozes mais importantes nas reformas propostas por Francisco.

Embora inicialmente conservador, demonstrou mudança de postura ao defender, em 2014, maior acolhimento a membros LGBT dentro da Igreja. A resposta positiva de Francisco a esse discurso, com um gesto de aprovação, reforçou sua projeção dentro do Vaticano.

7. Juan Jose Omella – Espanha, 79 anos

Espanhol Juan Jose Omella | Foto: Divulgação/Esglesia.barcelona/Pere Virgili

Completando a lista dos mais citados está o espanhol Juan Jose Omella, arcebispo de Barcelona, que ainda está apto a votar — e também a ser eleito.

Conhecido por seu estilo humilde e foco em justiça social, Omella é lembrado por declarações que refletem a essência do pontificado de Francisco: “Não devemos ver a realidade apenas pelos olhos daqueles que mais têm, mas também pelos olhos dos pobres.”

Ordenado em 1970, ele serviu em diversas paróquias e atuou como missionário no antigo Zaire, dedicando sua vida à pastoral de base.

8. Joseph Tobin – Estados Unidos, 72 anos

Estadunidense Joseph Tobin | Foto: Reprodução

Arcebispo de Newark e um dos principais líderes católicos da América do Norte, Tobin se destaca por sua defesa das comunidades migrantes e por sua postura pastoral inclusiva. Ele foi nomeado cardeal por Francisco em 2016, mesmo sendo de uma diocese tradicionalmente fora do radar cardinalício.

Com forte influência entre bispos norte-americanos mais moderados, Tobin se opôs publicamente às políticas imigratórias do governo Trump e defende uma Igreja aberta ao diálogo com as minorias. É visto como uma voz de equilíbrio entre tradição e renovação.

9. Matteo Maria Zuppi – Itália, 68 anos

Italiano Matteo Maria Zuppi | Foto: Vatican News/Divulgação

Atual presidente da Conferência Episcopal Italiana, Zuppi é uma das vozes mais próximas do pensamento de Francisco dentro da Itália. Conhecido um “padre de rua”, tem longa história com a Comunidade de Santo Egídio, envolvida em mediações de paz e trabalho social.

Considerado um moderado de perfil progressista, ele defende o diálogo inter-religioso e uma abordagem pastoral mais próxima das realidades sociais. Ainda assim, seu nome encontra resistência em setores conservadores da Igreja. Além disso, sua liderança à frente da Igreja italiana desde 2022 tem sido criticada pela lentidão em enfrentar com rigor as denúncias de abusos sexuais.

10. Peter Kodwo Appiah Turkson – Gana, 76 anos

Ganês Peter Kodwo Appiah Turkson | Foto: Divulgação/ Vatican News

O cardeal ganês é um dos rostos mais conhecidos do continente africano no Vaticano. Ex-presidente do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, Turkson foi apontado como papável desde o conclave de 2013, sendo um dos primeiros africanos seriamente cotados ao cargo em séculos.

Com formação em teologia e economia, ele tem forte apoio entre os cardeais que desejam ver maior representatividade no papado.

Independentemente de quem for escolhido, o futuro papa terá como desafio equilibrar os avanços sociais promovidos por Francisco com as tensões internas da Igreja, além de enfrentar questões globais, como o crescimento de movimentos antirreligiosos, as mudanças climáticas e o papel da fé em uma sociedade cada vez mais digital.

O novo pontífice, ao herdar um rebanho de 1,3 bilhão de católicos, também herdará uma Igreja em transformação — diversa, dividida, mas ainda influente.

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