Emasa conhece sistema nos Estados Unidos que limpa rios em poucos dias

Uma missão técnica da Empresa Municipal de Água e Saneamento (Emasa) de Balneário Camboriú visitou na última semana as cidades de Saint Petersburg, na Flórida, e Savannah, na Geórgia, ambas nos Estados Unidos, para conhecer de perto uma tecnologia de super oxigenação aplicada em estações de tratamento e diretamente em rios. 

O objetivo foi avaliar a viabilidade de uso dessa solução no município, visando a recuperação dos cursos d’água degradados e a melhoria dos processos de tratamento.

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A comitiva da Emasa foi composta pelo diretor-presidente Auri Pavoni e pelos analistas químicos efetivos Joana Ferreira Godinho e Caio Cardinali Rebouças. Eles visitaram instalações operacionais de estações de esgoto, estações elevatórias e uma aplicação em larga escala no rio Savannah.

Tecnologia robusta e resultados comprovados

A tecnologia observada baseia-se na injeção de oxigênio sob alta pressão em água ou esgoto, por meio de um sistema projetado para garantir tempo de contato e geometria ideais entre o gás e o líquido. Esse processo resulta em uma super oxigenação que acelera a degradação de matéria orgânica, reduz odores, melhora a qualidade do lançamento de efluentes e auxilia na recuperação de ambientes aquáticos degradados.

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Segundo Joana Godinho, os resultados práticos apresentados durante as visitas impressionaram. Em estações elevatórias, por exemplo, a carga de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) nas tubulações caiu de cerca de 16 mg/L para apenas 4 mg/L após a implementação do sistema. Já nas estações de tratamento, o oxigênio era adicionado no final do processo, antes do lançamento no rio, elevando o nível de oxigênio dissolvido a valores superiores aos do próprio corpo hídrico receptor, promovendo rápida recuperação.

“Em uma das estações instaladas diretamente no rio, os resultados foram perceptíveis em apenas uma semana. No local, a vida aquática era tão ativa que haviam peixes sendo atraídos para o equipamento, o que inclusive exigiu a instalação de uma esteira para barrá-los. Os jacarés aguardavam ali embaixo os peixes que escapavam do sistema. Isso é um indicativo claro de que o rio voltou a ter vida”, contou Joana.

Aplicabilidade em Balneário Camboriú

Para os técnicos, a tecnologia é viável e recomendável para a cidade. Além de não utilizar produtos químicos que geram passivos ambientais, não há geração de resíduos sólidos como lodo. Equipamentos como compressores podem ser adaptados com barreiras acústicas, eliminando impactos sonoros.

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“Se aplicarmos esse sistema antes da captação de água do Rio Camboriú, por exemplo, reduziremos a matéria orgânica e o uso de químicos no tratamento. Em estações elevatórias, reduzimos odores e aliviamos o sistema da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). E nos rios, tiramos de uma situação crítica e devolvemos vida ao ecossistema”, reforçou Joana.

A visita também mostrou que a operação do sistema não é complexa, e há diversas opções de instalação, seja em estações elevatórias, no final da ETE ou diretamente em corpos hídricos.

Diferença com a tecnologia de nanobolhas

A tecnologia se difere das nanobolhas, ainda em fase experimental para ambientes de grande escala. O sistema norte-americano utiliza uma estrutura chamada cone de aeração, com pressurização e mistura eficaz, dispensando dispositivos sofisticados e permitindo maior concentração de oxigênio dissolvido. Isso o torna mais eficaz para rios, córregos e estações de esgoto.

“As tecnologias vistas são superiores às que temos no Brasil. A aplicação sob pressão e a estrutura do sistema garantem um nível de eficiência que ainda não alcançamos por aqui”, explicou Caio Rebouças.

Investimento e planejamento

Segundo o diretor-presidente, Auri Pavoni, embora não houvesse orçamento previsto para aquisição dessa tecnologia em 2025, a missão foi autorizada pela prefeita com foco em eficiência e redução de despesas. A Emasa vem ampliando sua capacidade de investimento por meio de cortes de gastos e aumento na eficiência de cobrança.

“Estamos indo na raiz dos problemas, combatendo ligações irregulares e modernizando o sistema. Mas, enquanto atacamos a causa, também precisamos combater as consequências. Essa tecnologia não elimina o problema da poluição, mas é capaz de devolver vida aos nossos rios. Queremos tirar os cursos d’água de Balneário Camboriú da UTI”, declarou Pavoni.

Agora, com as informações técnicas em mãos, a Emasa iniciará estudos de viabilidade financeira, dimensionamento dos equipamentos e possíveis locais de aplicação no município. A meta é iniciar um novo ciclo de revitalização dos recursos hídricos urbanos, com soluções modernas e sustentáveis.

Texto: Rafael Weiss

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