O premiado escritor e jornalista angolano João Melo, 69 anos, está de volta ao Brasil para uma intensa programação literária, que chega ao fim na próxima quinta-feira, 15. A visita começou por Poços de Caldas (MG), onde participou da edição 2025 do Festival Literário Internacional de Poços de Caldas (Flipoços), e segue por Brasília, Goiânia, Rio de Janeiro e São Paulo, com palestras, conversas públicas e encontros com escritores, leitores e acadêmicos.
João Melo, que morou no Brasil entre 1984 e 1992 como correspondente da ANGOP (Agência Angola Press), tem uma ligação pessoal e intelectual com o país. Estudou Jornalismo na Universidade Federal Fluminense (UFF) e fez mestrado em Comunicação na UFRJ. Reconhecido como um dos autores africanos mais treinados nas universidades brasileiras, publicou quatro livros no Brasil, sendo os mais recentes “ O Perigo Amarelo ” (contos, Faria e Silva/Alta Books) e “ Os Sonhos Nunca São Velhos ” (poesia, Inmensa Editorial), lançados em 2024.
Em Goiânia, recebeu a equipe do Jornal Opção para falar sobre vida, obra, tecnologia, política e comunicação. “Machado de Assis, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto, José Lins do Rego e Jorge Amado”, respondeu João Melo sobre suas inspirações brasileiras na escrita. Na poesia, destacou Leminski.
Questionado o que pensa sobre a divulgação da imprensa brasileira em relação à literatura, especialmente a de origem africana, afirmou que “é muito fraca”. Além disso, levantou um debate sobre quem são os donos do mundo, questionou o monopólio americano e falou sobre a proximidade da cultura brasileira com a africana.
Agenda no Brasil
Durante a passagem pelo Brasil, Melo participa de diversas atividades acadêmicas e culturais: em Brasília, dará uma conferência na Universidade de Brasília (UnB), visita o Senado Federal e conversa com os escritores Marcos Freitas e Waleska Barbosa na Livraria Sebinho. Em Goiânia, palestra na Universidade Federal de Goiás (UFG) e participa de uma mesa com os autores locais Heleno Godoy e Thaise Monteiro na Livraria Palavrear.
No Rio de Janeiro, João Melo ministra conferências na UFRJ e UERJ e participa de um encontro literário com Ana de Hollanda e Muniz Sodré na Livraria Travessa , em Botafogo. A agenda também inclui uma visita à Academia Brasileira de Letras (ABL) . Encerrando sua viagem em São Paulo , o autor falará na Universidade de São Paulo (USP) , terá uma conversa na Livraria Megafauna com os jornalistas Luiz Fernando Emediato e Norma Couri , além de um encontro com poetas da capital.
“Eu estou convencido de duas coisas, quer dizer, uma é que a literatura brasileira, que tem muito mais a ver com a literatura angolana moderna do que supõe o conhecimento comum, e até o conhecimento especializado, como também, eu não tenho dúvidas de que as literaturas de Angola, as histórias que nós temos para contar, a nossa poesia. Tem um potencial de leitores no Brasil que não é negligenciável. Agora, é preciso que as editoras não apenas arrisquem, mas sobretudo façam o seu trabalho de marketing competentemente, ir ao encontro desses potenciais leitores que se identificam com as literaturas africanas”, afirmou João Melo na ABL.
Trajetória de João Melo
Melo é membro da Academia Angolona de Letras e figura entre os 21 melhores escritores africanos de 2023, com a obra literária “Angola is Wherever | Plant My Field”, uma distinção feita pela revista cultural ‘African Arguments’, editada no Quênia.
Autor de 26 livros entre poesia, contos, romance e ensaio, João Melo foi distinguido com importantes prêmios, como o Prêmio Nacional de Cultura e Artes de Angola, em 2009, e o Prêmio DST Angola/Camões, em 2021, pelo livro “ Diário do Medo ”. Seus textos já foram traduzidos para diversos idiomas, incluindo inglês, francês, espanhol, alemão e mandarim, e publicados em antologias e revistas internacionais. Obras inéditas estão no prelo em França, China, Índia, México e Polônia, com lançamentos previstos entre 2024 e 2025.
Além da literatura, Melo tem trajetória marcante no jornalismo, publicidade, política e diplomacia cultural. Fundador da União dos Escritores Angolanos e da Academia Angolana de Letras , é também membro-correspondente da Academia de Letras do Brasil , com sede em Brasília. Desde 2020, dedica-se exclusivamente à escrita e à colaboração com veículos de língua portuguesa, vivendo entre Luanda, Lisboa e Washington, DC .
O post Em visita a Goiás, João Melo fala sobre literatura, Brasil e Angola apareceu primeiro em Jornal Opção.
