Pensava eu, num dia destes, no primeiro banco multinacional com participação brasileira, o Eurobraz – European Brazilian Bank, fundado em 1971, e no último (espero que não o derradeiro), o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), mais conhecido como Banco dos Brics, criado em 2014.
Não apenas as quatro décadas separam as duas experiências multinacionais bancárias de que o Brasil participou. Há muita diferença entre as duas.
Lembremo-nos do Eurobraz, criado no governo do presidente Emilio Médici, numa época de crescimento econômico acelerado, e de como auxiliou na economia brasileira de então.
O Eurobraz foi criação conjunta de dois técnicos reconhecidamente competentes, Delfim Netto (então ministro da Fazenda), um dos economistas patrícios de maior legado, e Nestor Jost (então presidente do Banco do Brasil), advogado, empresário e político, dono de uma carreira de brilho.
Numa economia que crescia a taxas superiores a 10% ao ano, façanha então só comparada à do Japão, eram necessários investimentos que a pequena poupança interna do Brasil não tinha como bancar.
Em reunião do Conselho Monetário Nacional, em 16 de dezembro de 1971, era aprovada a participação brasileira no Eurobraz, uma associação do Banco do Brasil, Deutsch Bank, Union Bank of Switzerland, Bank of America, Banque de Paris et Pays-Bas e outros sócios menores.
O Eurobraz teria sede em Londres e seria um banco de investimentos, com a participação dos mais expressivos estabelecimentos bancários do mundo, cujas captações seriam voltadas para financiamento de obras de infraestrutura importantes para a sociedade brasileira, como a Ponte Rio-Niterói, o Metrô de São Paulo, a Usina de Itaipú e outras hidrelétricas (como a goiana Cachoeira Dourada), além de várias outras obras, como estradas federais e estaduais.
A escolha do diretor brasileiro obedeceu ao mais rígido critério da meritocracia, e recaiu num brilhante economista e professor que fizera carreira no Banco do Brasil, e galgara, por valor pessoal, toda a hierarquia do Banco. Chamava-se Alfredo Moutinho dos Reis.
Moutinho era conhecido em Goiás: fora professor visitante da Universidade Federal de Goiás e lecionara no curso de extensão universitária de Economia da Escola de Engenharia.
O Eurobraz cumpriu integralmente seu papel de captador e financiador de uma economia em desenvolvimento, até que foi desfeito, no governo Sarney, em 1988.
Vivia-se a chamada crise da América Latina (que era a grande devedora do Eurobraz) dos anos 1980, que ficaram conhecidos como a década perdida, com inflação, estagnação econômica e crise da dívida externa, inclusive com o México declarando moratória, em 1982.
Diante desse quadro, os sócios do Eurobraz resolveram encerrar suas operações e desfazer a sociedade. Mas ele havia cumprido muito bem sua função, em pouco mais de década e meia de existência.

A história do Banco dos Brics
E o NBD, ou Banco dos Brics — perguntará o leitor —, qual a sua história?
O NDB foi fundado por concerto e com participação acionária igualitária por parte dos governos dos Brics: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (mais tarde participariam Uruguai, Emirados Árabes e Bangladesh). Tem sede em Xangai, e já tem escritórios abertos nos principais países membros.
A função do NDB é financiar projetos voltados para o desenvolvimento dos países sócios, na esfera governamental ou na iniciativa privada. Ainda não financiou nenhum empreendimento de expressão para a sociedade brasileira, até porque os últimos governos não o promoveram.
De início, foi escolhido para presidir o NBD um economista indiano, K. V. Kamath, com experiência bancária, que exerceu seu mandato de 2015 a 2020 (o mandato é, regimentalmente, de cinco anos).
O presidente seguinte, eleito para o quinquênio 2020-2025, foi um preparado economista, cientista político, professor e diplomata brasileiro, Marcos Troyjo. Homem com extraordinário preparo intelectual e vasta experiência administrativa no Brasil e no exterior, tinha todos os requisitos para ocupar uma função dessa importância. E a ocupou até 2023, quando a história do NBD deixa de ser séria.
O governo brasileiro, leia-se Lula da Silva, pede a demissão de Troyjo, em meio a seu mandato, para dar o cargo a ninguém menos que … Dilma Rousseff. Digo que a história do Banco dos BRICS deixa de ser séria neste momento.
Demitir um economista e diplomata competente da presidência de um banco multinacional simplesmente para abrir espaço para uma “companheira”, e logo essa “companheira”, chega a ser cômico.

Os leitores sérios, ponderados, que não estão intoxicados pelo vírus “progressista”, os que têm suas faculdades mentais preservadas e vêm as coisas como elas são, os que colocam os fatos antes das “narrativas”, hão de convir comigo nas questões que se seguem, e que dizem respeito à competência de Dilma Rousseff para ocupar o cargo que ocupa.
De acordo com historiadores, Dilma Rousseff só tem uma experiência relativa a bancos: como assaltá-los, tal e qual preconizava a organização clandestina VPR, de que fazia parte na época do regime militar.
Dilma Rousseff teve apenas uma experiência na área empresarial: fundou uma loja que faliu ano e meio depois. Chamava-se “Pão & Circo” e vendia quinquilharias que a ex-presidente importava do Panamá.
No serviço público, Dilma Rousseff acumulou experiências econômicas desastradas, como baixar por decreto o preço da energia e desorganizar o setor energético brasileiro com enorme prejuízo, ou beneficiar companheiros de ideologia marxista com dinheiro público, mandando recursos nossos para Cuba (Raúl Castro era — e é — o ditador de fato) e para o Paraguai (Fernando Lugo era presidente), recursos que nunca serão devolvidos.
Há também o caso das famosas pedaladas fiscais que valeram seu constrangedor despejo da cadeira presidencial.
E não é só isso: incapaz de formular um silogismo, de completar um raciocínio, certa vez atrapalhou-se toda, ao vivo na TV, quando tentou explicitar quanto era 30% de 30%, algo básico para um bancário em primeiro dia de serviço.
Famosa por suas frases sem nenhum rasgo de inteligência, por suas falas confusas e atrapalhadas, nunca poderia estar onde está. E foi reeleita, quando completou o mandato de Troyjo.
Imagino o dia a dia dos pobres funcionários do NBD tentando fazer com que sua presidente (ou presidenta) entenda um mínimo de risco bancário, taxa de juros, lucratividade e afins.
Para provar que continua a mesma Dilma Rousseff, ela, apesar de ateia, compareceu ao enterro do papa Francisco, e indagada sobre o falecido, saiu-se com essa preciosidade: “Era um Papa muito religioso”.
Se o leitor quiser ter uma visão do raciocínio de Dilma Rousseff, consulte uma relação de frases de sua autoria, coletada pelo escritor e professor Paulo Buschbaum. São 130 pérolas enunciadas pela presidente (ou presidenta) do NBD quando ainda pontificava aqui pelo Brasil. Experimente, leitor. São fáceis de encontrar no Google. Vai se divertir. Ou se entristecer, sei lá.
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