Há tempos, o futebol da Seleção Brasileira, sob comando da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), deixou de encantar os torcedores como outrora. Fora das quatro linhas, a entidade acumula uma longa lista de escândalos, decisões polêmicas e uma gestão permeada por interesses questionáveis. Reflexo dessa crise institucional recorrente foi a intervenção do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que, junto a uma decisão judicial, culminou na destituição do então presidente Ednaldo Rodrigues.
Na quinta-feira, 15, o desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, da 19ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), determinou o afastamento de Rodrigues da presidência da CBF. A medida foi motivada por suspeitas de falsificação de assinatura em um acordo que garantia sua permanência no cargo.
A decisão fundamentou-se em indícios de que a assinatura do ex-presidente interino da CBF, Antônio Carlos Nunes de Lima, conhecido como Coronel Nunes, presente no referido acordo, poderia ter sido falsificada. Laudos médicos apontam que Nunes apresenta comprometimento cognitivo desde 2018, devido a um diagnóstico de câncer cerebral, o que põe em dúvida a validade de sua assinatura. Além disso, uma perícia grafotécnica revelou inconsistências na assinatura atribuída a ele.
Como consequência, o TJ-RJ anulou o acordo que permitia a continuidade de Rodrigues na presidência e ordenou seu afastamento imediato. O vice-presidente Fernando Sarney foi nomeado interventor provisório, com a responsabilidade de convocar novas eleições para a diretoria da entidade no menor prazo possível, conforme previsto no estatuto.
Esse é o segundo afastamento de Rodrigues do comando da entidade. Em dezembro de 2023, ele já havia sido destituído por decisão judicial, mas retornou ao cargo em janeiro de 2024, por determinação de Mendes. Nos bastidores da entidade, há comentários de que a queda dele foi motivada por supostas traições e acordos não cumpridos.
Reeleito no dia 24 de março deste ano, em 52 dias, o ex-presidente havia sido eleito de forma unanime e deu um aumento de 330% para os presidente de federações, segundo o jornal Estadão. No entanto, ele perdeu o apoio de 19 das 27 federações em menos de dois meses. Nem mesmo a contratação do técnico italiano Carlo Ancelotti para comandar a Seleção Brasileira foi suficiente para garantir sua permanência no cargo.
No entanto, com a queda de Rodrigues e a contratação de Ancelotti, há esperança para o futebol brasileiro para a Copa do Mundo de 2026. A preparação ficou completamente prejudicada com três anos conturbados de Fernando Diniz e Dorival Júnior no comando, mas o italiano poder fazer “milagres” ainda para o próximo torneio. No entanto, caso ele tenha condições, o prognóstico para 2030 pode ser extremamente favorável e o futebol brasileiro pode voltar a florescer na maior competição de futebol do planeta.
Agora, o mais importante, a CBF precisa organizar a casa e o quanto antes demonstrar transparência para reconquistar a confiança do torcedor brasileiro. É essencial romper com o histórico de trocas de favores e cargos por influência. Além de um planejamento a longo prazo, a chegada de Ancelotti pode ser um ponto de partida, mas o Brasil precisa investir em categorias de base, estrutura, metodologia e identidade de jogo.
Por fim, vencer títulos importantes, como uma Copa do Mundo, continua sendo a melhor forma de se reconectar com os torcedores. Não há método mais eficaz de reconquistar o carinho do público do que levantar o troféu mais importante do futebol. Há quem diga que o melhor marketing no esporte é vencer. Campanhas institucionais bem elaboradas e publicações nas redes sociais pouco adiantam se não apresentar resultados em campo. O torcedor brasileiro é apaixonado, mas, acima de tudo, é movido por vitórias nos esportes.
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