Com receio de ser preterido por Bolsonaro, Gayer diz que pode ser “preso e cassado”, mas não deixará Vitor Hugo ser candidato ao Senado; vídeo

Em tom de furor e olhando para as câmeras, durante participação no programa “Papo Aberto”, na segunda-feira, 19, o deputado Federal Gustavo Gayer (PL), entre um xingamento e outro, disse: “Eu posso ser preso, eu posso ser cassado, eu posso sair do PL, mas candidato ao Senado aqui em Goiás você não será se depender de mim”. Mas o que levaria o parlamentar bolsonarista a atacar, dessa forma, um colega de partido, o vereador Major Vitor Hugo, um dos mais fiéis aliados do ex-presidente?

Gustavo Gayer parece ter partido para o tudo ou nada na tentativa de manter seu nome no jogo político para 2026. Não é segredo para ninguém que o parlamentar tenta desesperadamente se consolidar como o candidato da direita bolsonarista para o Senado no ano que vem, mas no caminho de Gayer há algumas “pedras”, diria o poeta mineiro Drummond de Andrade.

Uma delas são justamente os entraves judiciais que podem não só levá-lo a perder o mandato, como também ficar inelegível. As ações contra Gayer se acumulam no Supremo Tribunal Federal (STF), e o deputado sabe dos riscos que a situação representa para suas ambições políticas.

Leia-se: já é sabido que o Supremo não é afeito a julgar denúncias contra parlamentares em exercício em ano eleitoral. Logo, Gayer tem ciência de que seu futuro na Corte pode ser decidido ainda em 2025, no segundo semestre.

A segunda pedra, essa tida, quiçá, como ainda mais incômoda para Gayer, tem nome e sobrenome: Vitor Hugo de Araújo, ou simplesmente Major, ou vereador Vitor Hugo. A rixa entre Gayer e Vitor Hugo — ambos do PL — não é recente, mas parece se intensificar à medida que o vereador de Goiânia galga o caminho que pode levá-lo a ser o escolhido de Jair Bolsonaro para representá-lo na corrida ao Senado em 2026. A simpatia do ex-presidente pelo pupilo é notória.

Vitor Hugo, apesar de bolsonarista assumido (ele é, inclusive, amigo pessoal do ex-presidente da República), pertence à ala considerada “do diálogo” do PL, tanto que tem sido o elo entre a base do governador Ronaldo Caiado, do União Brasil, e Jair Bolsonaro. O pré-candidato a governador de Goiás pelo MDB, Daniel Vilela, conversou com o ex-presidente por intermediação do vereador de Goiânia. O principal prefeito do PL em Goiás, Márcio Corrêa, de Anápolis, é ligado tanto a Major Vitor Hugo quanto a Daniel Vilela.

E isso, por óbvio, gera a fúria de Gayer e cia. Major Vitor Hugo chegou a ser alvo de uma nota de repúdio da cúpula do PL de Goiás e Goiânia (encabeçadas pelo senador Wilder Morais e Gustavo Gayer), no ano passado, após articular um encontro entre o vice-governador Daniel Vilela, que disputará o governo de Goiás em 2026, e Bolsonaro.

Acontece que pode estar nos planos tanto de Caiado quanto de Bolsonaro que eles caminhem juntos em 2026. Para isso, o PL abriria mão da candidatura de Wilder Morais — por sinal, amigo de Ronaldo Caiado — para o governo e apoiaria Daniel Vilela para o Palácio das Esmeraldas. Em troca, Ronaldo Caiado bancaria dois nomes para o Senado – um deles o da primeira-dama Gracinha Caiado. O outro, claro, aquele que contribuiu para a ponte Caiado-Bolsonaro, ou seja, Major Vitor Hugo de Araújo.

E Gayer, onde ficaria nisso tudo? Bem, o próprio deputado parece trabalhar com algumas possibilidades. Se não for cassado, pode ser candidato à reeleição, até para puxar votos para o PL. (T.P.)

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