Deputada Silvia Waiãpi tem origem indígena contestada por documentos e familiares

Uma investigação publicada pelo portal UOL revela contradições na trajetória da deputada federal Silvia Nobre Lopes (PL-AP), conhecida como Silvia Waiãpi, que colocam em dúvida sua autodeclarada origem indígena. Eleita em 2022 com 5.435 votos, a deputada federal menos votada do país no pleito, ela afirma ter nascido na terra indígena Waiãpi, no Amapá, mas essa versão é contestada por familiares, indígenas e registros oficiais.

Silvia diz ter sido adotada, ainda criança, por Pedro Alcântara Chaves Lopes, já falecido, e por Edenes Nobre Lopes. Entretanto, segundo a reportagem, em ao menos dois vídeos gravados antes das eleições, Edenes afirma ser a mãe biológica da parlamentar e que Silvia nasceu em 29 de agosto de 1971, sendo a oitava de seus nove filhos. Em um desses registros, Edenes também diz não ser indígena, mas sim o seu sogro.

De acordo com o UOL, a declaração de nascimento da deputada aparece com datas diferentes em documentos oficiais. Um RG emitido em 1998 indica 29 de agosto de 1975 como data de nascimento, enquanto uma carteirinha do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ), emitida em 1997, traz a data de 1971, diferença que que se repete em outros documentos. Silvia morava no Rio de Janeiro antes de ser eleita e usou essas informações para ingressar nas Forças Armadas e registrar sua candidatura.

A reportagem também revela que a equipe do UOL foi impedida de falar com Edenes em sua residência na zona rural de Macapá. Um irmão da parlamentar, identificado como José Alfredo, chegou a ameaçar os jornalistas e tentou impedir a gravação. A própria Edenes pediu que a equipe se retirasse do local.

Além da polêmica sobre sua identidade, Silvia Waiãpi teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) em junho de 2024, por desviar recursos da campanha eleitoral para realizar procedimentos estéticos, incluindo uma harmonização facial. Apesar da decisão, ela ainda permanece no cargo enquanto recorre ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Silvia afirmou que os questionamentos dizem respeito à sua vida privada e que a publicação contraria convenções internacionais de proteção aos povos indígenas e a Lei 14.192/2021, que combate a violência política contra mulheres.

A controvérsia em torno de sua identidade já vinha sendo levantada por familiares. Dias antes da eleição de 2022, uma irmã da deputada classificou sua identidade indígena como um “embuste” e disse que ela não merecia o voto do povo amapaense.

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