Uma célula com 22 membros do Comando Vermelho (CV) foi presa durante uma operação da Polícia Civil (PC) em Goiás e no Rio de Janeiro. Entre os presos está um dos líderes da facção carioca, Douglas Alves Machado, conhecido como “Cara de Cavalo”. O goiano foi detido em uma praia da capital fluminense após romper a tornozeleira eletrônica e fugir do estado rumo à Comunidade da Rocinha, onde foi recebido pelos chefes do CV.
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O grupo faccionado era responsável por comandar o tráfico de drogas, armas, munição e lavagem de dinheiro, em Goiânia e Região Metropolitana, além de orquestrar uma série de homicídios nas regiões centrais da capital. Entre os assassinatos estão:
- Homicídio e tentativa de homicídio no dia 5 de outubro de 2023 no Setor Campinas, em Goiânia. A vítima Rommes Martins Maciel foi morta a tiros, enquanto que a companheira Sara Sthefane Silva Batista foi baleada, mas sobreviveu ao ataque. A mulher deixou o estado com medo de ser morta;
- Homicídio praticado contra Gabriel Gomes da Silva, ocorrido às 21h38min do dia 16/11/2023, no Setor São José, em Goiânia;
- Duplo homicídio contra Wellington Elias da Silva e Karine Vitória de Castro, ocorrido em 21/07/2023, no Setor Perim, em Goiânia;
- Homicídio praticado contra Vanildo Junior Oliveira de Jesus em 24/11/2023, no Setor Estrela Dalva, em Goiânia.

O delegado adjunto da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), Vinicius Teles, informou que os faccionados são investigados por praticar outros seis assassinatos. Além das prisões, a corporação também cumpriu 23 mandados de busca e apreensão na capital, Aparecida de Goiânia, Caldas Novas, Anápolis, Goianira, Itaberaí e Itapirapuã nesta terça-feira, 9.
Ao todo, foram apreendidas uma arma de fogo, munições, drogas, veículos, celulares e R$ 87.810,00 em espécie. As ordens judiciais foram expedidas pela 3° Vara dos Crimes Dolosos Contra a Vida da Capital, sob ordem do juiz titular, Jesseir Coelho de Alcântara.
“As prisões vêm ocorrendo ao longo de alguns meses. Dois foram presos em dezembro, um no domingo de Páscoa e os demais nesta terça-feira. Todas as prisões ocorreram em Goiás, exceto a do Douglas. As investigações tiveram início em 2023, a partir dos homicídios praticados com o mesmo modus operandi e pelo mesmo motivo, que era a dívida de drogas”, explicou o delegado.
Além do líder “Cara de Cavalo”, a PC também prendeu:
- Gustavo Custódio da Silva
- Eduardo Gomes de Noronha
- Cláudia Rodrigues da Silva
- Hiago Alves Teodoro
- Jefferson Henrique Alves Lopes;
- Maykon Luiz Cardoso Silva,
- Gilmar Silva Ferreira Júnior,
- Thales Lopes dos Santos
- Alessandro Augusto Alves
- Walisson da Silva Brito
- Luciano da Conceição Santos
- Wesley Lopes dos Santos
- Adriana Pereira Dantas
- Leriane Rodrigues Chaves
- Amanda Magalhães dos Santos

Os principais empregados na guarda de drogas, armas e repasse a outros membros do CV eram Guilherme Medeiros Silva, Hernane Luiz Frutuoso, Natália Aparecida Borges, Kenia Cristina Rocha da Silva e Thiago Freitas de Melo. Hernane segue foragido. O grupo disseminava constantemente as mercadorias e armamentos, a fim de dificultar a investigação da polícia.
As forças de segurança pública também procuram por Selma Campos Santos, Victor Huggo Dias dos Santos e Augusto Henrique Santana Sousa – esse último apontado como executor de ao menos três assassinatos a mando de “Cara de Cavalo”.
“O grupo agia a mando de um criminoso específico: Douglas Alves Machado. O Douglas já é um velho conhecido das forças de segurança de Goiás. Já tinha condenação por homicídios, lesão corporal grave, uso de documento falso e tráfico de drogas. Ele dominava essa célula presente em diversos bairros do Rio de Janeiro. Ele fugiu para o estado em agosto de 2023, depois de romper o monitoramento eletrônico”, contou Vinicius.

Ostentação e ameaça de atentado
Douglas, o “Cara de Cavalo”, costumava ostentar armas, coletes balísticos e jóias nas redes sociais. O delegado Vinicius, inclusive, trabalha com a hipótese de que o líder do CV seria um dos responsáveis pelo tráfico internacional de armas, responsável por pegar armamentos em outros países e os distribuir às comunidades do Rio de Janeiro a partir de Goiás.
O faccionado também planejava realizar um atentado contra uma viatura da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam) da PM. Em áudios divulgados pela PC, Douglas chega a dizer que acolheria os “pequenos okaidas” (como são chamados os membros que participam de ataques) na Comunidade da Rocinha, onde “seriam protegidos”.
“É um criminoso muito violento, que sempre determina mortes em qualquer situação que venha a atrapalhar o comércio de drogas. Então se havia alguém que não pagou, que passou informação para a polícia, ele mandava matar. Em um dos casos, ele ameaçou de morte um companheiro que não prestou contas sobre uma pequena quantidade de drogas que havia desaparecido”, concluiu.
Participaram da operação 14 delegacias regionais e especializadas de Goiás, além da Polícia Militar e Polícia Civil do Rio de Janeiro. A Diretoria de Ações Integradas e Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Diopi/Senasp/MJSP) e a Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil do Rio de Janeiro (Siint/PCRJ) também atuaram na investigação.

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