Saiba quem é o padre alvo da operação da PF

O padre José Eduardo de Oliveira e Silva, de 43 anos, foi um dos alvos de mandados da Operação Tempus Veritatis. Deflagrada na última quinta-feira, 8, a operação investiga a tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito do ex-presidente Jair Bolsonaro e seu clã bolsonarista. O sacerdote da Diocese de Osasco (SP) posicionou uma bandeira do Brasil no altar de sua paróquia nas eleições de 2022.

A PF identificou que o padre participou de uma reunião em 19 de novembro de 2022 na qual teria sido discutida uma minuta golpista para impedir a posse de Lula (PT), então presidente eleito. Há registros de que ele entrou e saiu do Palácio do Planalto. Com mais de 300 mil seguidores no Instagram, o líder religioso acordou com a Polícia Federal (PF) buscando e apreendo seus bens.

Além da imagem da bandeira do Brasil no templo, no dia 8 de janeiro, ele contou nas redes sociais a história bíblica de Absalão, filho do rei Davi que morreu em uma rebelião contra o próprio pai. Nas redes ele também fez postagens contra o aborto e, em seu site, publicou textos sobre “de onde vem o ‘mito do patriarcado’”.

Em representação enviada ao STF, a PF aponta que o padre “possui um site com seu nome no qual foi possível verificar diversos vínculos com pessoas e empresas já investigados em inquéritos correlacionados a produção e divulgação de notícias falsas”. A decisão foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

Segundo a PF, o padre faria parte do chamado “núcleo jurídico” de uma organização criminosa que agia para desacreditar o processo eleitoral, além de planejar e executar um golpe de Estado para abolir o Estado Democrático de Direito e impedir a posse de Lula.O “núcleo jurídico” funcionaria por meio de “assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investiga”.

O grupo jurídico, além do padre Oliveira e Silva, inclui o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o coronel Mauro César Cid, e Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro, que foi preso, entre outros. Registros mostram que o padre participou de uma reunião com Martins e Amauri Feres Saad em Brasília, conforme indicado na decisão de Moraes, que também aponta para vínculos do religioso com pessoas e empresas investigadas por disseminação de notícias falsas.

Nascido em Piracicaba, no interior de São Paulo, o padre possui doutorado em teologia moral pela Universidade da Santa Cruz, de Roma, e ganhou notoriedade em 2017 por suas declarações fundamentalistas sobre a ideologia de gênero. Recentemente, em uma entrevista ao portal Aleteia, ele criticou publicamente o anúncio do Vaticano permitindo a bênção de relacionamentos entre casais do mesmo sexo. O posicionamento do padre gerou controvérsias e atraiu a atenção da PF.

José Eduardo de Oliveira e Silva. | Foto: Redes Sociais

Em nota, a Diocese de Osasco afirmou que aguardará informações oficiais das autoridades competentes e se compromete a cooperar plenamente com as investigações em andamento.

Operação da Polícia Federal

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, 8, a Operação Tempus Veritatis para apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder.

Foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas. Policiais federais cumprem as medidas judiciais, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal, nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.

Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.

O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.

O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.

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