Tês livros para entender como as redes sociais nos impõem novos mundos

Nos últimos dias, temos acompanhado Elon Musk, o bilionário dono do X (ex-twitter), SpaceX e Tesla, postando ataques ao ministro Alexandre de Moraes e ameaçando descumprir ordens da corte brasileira. Isso ocorreu após Musk afirmar que liberaria contas da rede social que haviam sido bloqueadas por decisões judiciais.

Por trás disso, para entendermos como as redes sociais operam, com esquemas de milícias digitais e antidemocráticas, a propagação de fake news e discursos de ódio, sugiro a leitura de 3 livros muito atuais:

  • O mundo do avesso – verdade e política na era digital, da Letícia Cesarino pela editora UBU.
  • A máquina do caos – como as redes sociais reprogramaram nossa mente e nosso mundo, de Max Fisher pela editora Todavia.
  • Terra arrasada – além da era digital, rumo a um mundo pós-capitalista, de Jonathan Crary, também pela editora UBU

Em “O mundo do avesso”, a antropóloga Letícia Cesarino nos mostra que nas redes sociais os usuários vão aos poucos perdendo o controle do que veem e do que os outros veem de si, pois essa decisão, do que é visto de fato, é uma decisão algorítmica.

Dessa forma, a relação do usuário dentro da rede seria de passividade, o que poucos conseguem enxergar, se tornando assim, uma espécie de “bolha digital”, onde o algoritmo entrega para esse usuário cada vez mais post ou perfis que se enquadram em sua visão de mundo, legitimando suas opiniões, curtidas, haters, estreitando e validando ainda mais suas opiniões dentro desse mundo.

Esse livro, acima de tudo, esmiúça o ecossistema que alimenta o negacionismo e o extremismo.

Esse “fenômeno” se deu quando a internet – ou melhor – as redes sociais, se tornaram a principal arena de comunicação política no país.

Outro ponto interessante que o livro de Letícia aborda, é como as pessoas comuns viram sua confiança nos chamados intermediários (a imprensa, a ciência, a academia) ser abalada, e tem agora no papel de organizador do sistema, ou seja, seu principal “informante”, as redes sociais algoritmicamente mediadas.

“Terra arrasada” é o livro que Jonathan Crary propõe pensar alternativas do futuro onde a internet não seja um elemento definidor da vida social, econômica e cultural. Ele abre uma discussão sobre a necessidade de recuperar o senso de comunidade e uma invenção de novos modos de vida, em que a interdependência entre pessoas possa construir novas formas de vida igualitária.

Ele defende que é urgente pensar alternativas a um mundo que nunca desliga. Ele afirma que a própria qualidade da vida humana está sendo degradada com prejuízos não só ambientais, mas também sociais, quando somos encorajados a interagir com telas durante todas as horas que passamos acordados.

Sem falar que passamos também a ser meros produtos de algoritmos, onde somos a cada minuto estimulados a permanecermos constantemente conectados. Pois além de sermos produtos (com a utilização indiscriminada de nossos dados, opiniões e gostos), o objetivo final é nos tornarmos cada vez mais jovens consumidores previsíveis.

Max Fisher mostra em “a máquina do caos”, como nossa sociedade está perigosamente a mercê das redes sociais e que seus impactos são muito mais profundos do que imaginamos.

Ao se recusarem a intervir ou se responsabilizar por eventos que são estimulados por seus algoritmos, como campanhas antivacinas, crimes de xenofobia e racismo, resultados de eleições e chegando até mesmo ao genocídio de Mianmar, o autor demonstra que o princípio fundador das redes socias é se aproveitar de nossas vulnerabilidades psicológicas, incentivando pessoas comuns a se transformarem em extremistas.

A questão que nos é apresentada, é vermos com olhar crítico e cuidadoso o uso dessas redes, onde o capitalismo transforma tudo em mercadoria, até os afetos.

Como o capitalismo tardio se apodera de nossas e de todas as possibilidades de existência subjetiva e objetiva.

É preciso se permitir imaginar um mundo pós-digital para que a internet deixe de ser elemento definidor da vida social, econômica e cultural.

Pois nessa terra devastada, os bilionários estão cada dia mais ricos e os desfavorecidos, aumentam.

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