Entenda o teatro dos apoios na Câmara Municipal de Goiânia

Em Goiânia, se diz que as dificuldades políticas do prefeito Rogério Cruz (Solidariedade) começaram no quinto mês de sua administração, quando houve o rompimento com o MDB. Após série de mudanças em cargos que o MDB considerava cruciais, o partido de Maguito Vilela, prefeito eleito em 2020, entregou seus 14 cargos, abrindo espaço para que a Câmara de Vereadores ocupasse o Paço Municipal com indicações políticas sem um plano claro de governo em troca de governabilidade. 

A tal governabilidade nunca chegou de fato e o mandato do prefeito foi marcado por sucessivas reformas do secretariado. Alguns secretários passaram dois meses em suas pastas, como Paulo César da Silva (pai do vereador Paulo da Farmácia), que foi secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia. O Legislativo sentiu a oportunidade de continuar pressionando por espaços no Paço pelos quatro anos que se seguiram. 

Hoje, praticamente todos os vereadores emplacaram indicações em órgãos da Prefeitura. Isso criou uma situação em que muitos dizem ser da base de Rogério, quando na verdade não são. Se admitirem a intenção de apoiar outro candidato agora, perdem seus espaços, portanto dizem em público que fazem parte da base do governo municipal. 

Questionados pelo Jornal Opção, os vereadores afirmam ver isso como um processo normal. “A perspectiva de transferência de poder sempre gera essa migração, e Rogério não é o primeiro nem o segundo colocado nas pesquisas”, afirmou um parlamentar do MDB. Esse partido, maior aliado na base do governador Ronaldo Caiado (UB), apoiará a candidatura de Sandro Mabel (UB) no período da campanha, mas hoje possui vereadores que integram a base de Rogério Cruz, pré-candidato que disputará contra Mabel. 

“Nossa participação na base da Prefeitura se dá pelo apoio legislativo, pautando as leis e reformas que são importantes para Rogério, não é uma promessa de apoio eleitoral”, disse esse vereador do MDB. Entretanto, os parlamentares do Solidariedade, que andarão com o prefeito na campanha pela reeleição, enxergam a situação diferentemente: “Nesse cenário em que muitas candidaturas estão surgindo, o prefeito precisa canalizar o apoio para quem de fato apoiará ele”, disse um vereador do Solidariedade.

Identificar esses parlamentares, porém, pode ser difícil. Jorcelino Braga foi, ao lado de Denes Pereira (Solidariedade), o maior aliado político de Rogério Cruz ao longo de seu mandato, mas, desde sua saída do Grupo de Apoio ao Prefeito (Gap) em dezembro de 2023, seu apoio tem se tornado cada vez mais improvável. Em entrevista ao Jornal Opção durante o mutirão na região Oeste da Capital, Rogério Cruz contou o PRD e o PRTB como possíveis apoiadores, mas, nos bastidores, se ouve que Braga já disse seu ‘não’ definitivo.

Há ainda um elemento supra partidário: o bloco Vanguarda, que foi criado como um grupo de oposição. Após as desincompatibilizações dos cargos na Prefeitura por políticos que pretendem disputar as eleições, mais espaço foi aberto no Paço. O Vanguarda ocupou alguns desses espaços, mas ainda debate se manter na oposição. Nesta semana, Fabrício Rosa (PT), Bill Guerra Mochilink (MDB) e Markim Goyá (PRD) assumiram mandatos como vereadores — Bill Guerra e Goyá fazem parte do Vanguarda. 

O teatro deve permanecer na Câmara até as convenções partidárias, quando os vereadores serão forçados a assumir apoio por um ou outra candidatura. Por enquanto, apenas o apoio do Solidariedade é confirmado — o que não é pouco, o partido tem a segunda maior bancada do Legislativo goianiense, com seis parlamentares. Porém, o prefeito vai precisar de mais cabos eleitorais empunhando sua bandeira, não apenas para vencer as eleições, mas para evitar que seu café esfrie até 2025. 

O post Entenda o teatro dos apoios na Câmara Municipal de Goiânia apareceu primeiro em Jornal Opção.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.