Tratamento pós-exposição ao HIV está disponível em sete unidades de atendimento 24h, em Goiânia

O atendimento de Profilaxia Pós-Exposição (PEP) em Goiânia está disponível 24 horas em sete unidades de atendimento de Saúde. Essa estratégia, explica a enfermeira coordenadora do Centro de Referência em Diagnóstico e Tratamento (CRDT) Dinamarcia Azevedo, tem relação com a forma como a infecção acontece. “A maioria das infecções ocorrem a noite ou de madrugada e também nos finais de semana. Por isso a importância de ter o tratamento de Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PEP) nas unidades de atendimento 24h”, revela.

As unidades que dispõem do tratamento:

  • UPA Noroeste – Maria Pires Perillo – Rua Jc-22 – (62) 3524-3461
  • UPA Itaipu – João Batista de Sousa Júnior – Av. do Povo 13, Goiânia- (62) 3524-2560
  • UPA Jardim Novo Mundo – Av. New York Qd. 137 S/n – Jd Novo Mundo – (62) 3524-5073
  • UPA Chácara do Governador – Rua Df-02 Lt. 14 Esq. Rua Df-18- (62) 3246-2705
  • CAIS Bairro Goiá – Av. Santa Maria, sn – Bairro Goiá – (62) 3519-1781
  • CAIS Campinas – Rua P-16 (Com P-30) – Goiânia – (62) 3524-1930
  • CAIS Vila Nova Deputado João Natal – Rua B 56 (Vila Viana – Goiânia – Go) – (62) 3524-1826

J.A, 32 anos, descobriu a infecção por HIV após uma bateria de exames de rotina. “Não tinha apresentado nenhum sintoma e tudo parecia normal. No dia dos exames o postinho também estava oferecendo testagem rápida e fiz o teste por curiosidade”, lembra. O resultado positivo veio e o susto foi grande. “A gente fica sem chão, não sabe o que fazer e o medo toma conta, mas com orientação a gente vai tranquilizando”, relata.

Hoje, três anos após a descoberta da infecção, o motorista conta que o tratamento deu uma nova perspectiva de vida para ele. “Não tenho nenhum problema de saúde, vivo minha vida normal”.

Primeiras 72h são fundamentais

A PEP serve para pessoas que tiveram a exposição ao vírus, seja por ter tido relação sem preservativo ou por qualquer ocorrência durante a relação sexual, violência ou acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico). Existe uma corrida de 72h para o início do tratamento que é fundamental para a proteção contra o vírus HIV. Esse tratamento intenso dura cerca de 28 dias de medicação direta, com a realização de testagem em 30 e 90 dias.

Além disso, a coordenadora da única unidade que oferece o tratamento Pré-Exposição na Capital lembra que o paciente para o atendimento PrEP tem prioridade de “paciente grave”. Esse critério, explica Azevedo, é importante pois quanto mais rápido a identificação da contaminação e o início do tratamento, maior é a chance do paciente não desenvolver maiores complicações. Já a nível estadual, o Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), também oferece o tratamento PEP e Prep.

Azevedo diz que desde 2018, o número de atendimentos PrEp passou de 648 para quase 4 mil. “Temos muitas campanhas e testagens, como na Parada LGBT e nos mutirões de saúde. Nossa testagem é aberta, ela funciona das 7h às 10h no período da manhã e das 13 às 16h à tarde”, pontua.

A coordenadora da unidade destaca ainda o funcionamento do atendimento fora da unidade. “Fazemos um trabalho na Secretaria de Direitos Humanos todos os meses para levar as testagens para pessoas em vulnerabilidade”.

PrEP e PEP

O médico infectologista do CRDT Taiguara Fraga explica que o tipo de tratamento varia conforme o tipo de paciente. “Se for homem cis, faz uma dose de ataque com dois comprimidos e a proteção tem início a partir de duas horas”, explica. Para mulheres e homens transexuais, a proteção demora cerca de 20 dias para ser efetiva. “Isso ocorre por causa da produção de estrogênio”, conta.

Médico infectologista Taiguara Fraga | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Para a Prep, existem dois tipos de tratamentos: diário e sob demanda. “A Prep diária, como o próprio nome diz, é o uso da medicação todo dia. É iniciada com uma dose de ataque com dois comprimidos e a partir de duas horas já se tem a proteção”, relata. O tratamento pré-exposição, conta o infectologista, é indicada para pessoas com menos relações sexuais. “A dose de ataque é a mesma, mas é ministrado um comprimido no dia da relação e mais um no dia seguinte. Com isso, a pessoa tem a proteção por inteiro”, diz.

Fraga ressalta que a aplicação da PrEP não é uma dispensa do uso do preservativo. “Você vai ter pessoas com alergia ao látex e casos de acidentes como um rompimento do preservativo. A ideia é a junção de diversos métodos para a prevenção”, pontua.

A testagem regular também é uma das formas de proteção. O médico conta que para o início da profilaxia pré-exposição, o paciente deve ter carga viral negativa. “Temos tido muitos casos de pessoas que vão iniciar o tratamento pré-exposição, mas recebem a notícia que estão infectados. Nesse caso, iniciamos o processo de regulação do paciente no SUS e iniciamos o tratamento indicado”, explica.

Já no caso da PEP há uma corrida de 72 horas para iniciar o tratamento. “É preciso ir a uma unidade que tenha a PEP para iniciar a proteção contra o HIV”, explica o médico infectologista

O tratamento é mais intenso. São 28 dias de medicação direta, com novos exames e 30 e 90 dias. “Quanto antes se inicia o tratamento, maior a taxa de sucesso”, relata. Terminada o tratamento PEP e a carga viral é negativa, o paciente já pode iniciar o tratamento pré-profilaxia.

Como o HIV ataca o organismo

As consequências do HIV em uma paciente podem variar por uma série de fatores, como genética e sistema imunológico. No entanto, os pacientes podem apresentar sintomas como febre, dores no corpo, linfonodos (ínguas no corpo). “Com o tempo, o HIV começa a destruir os mecanismos de defesa do corpo e deixa a pessoa suscetível a infecções oportunistas que podem levar ao óbito”, explica o infectologista.

Quando a doença avança para este estágio é considerado que a pessoa desenvolveu a síndrome da imunodeficiência adquirida— a Aids—. “Quanto tempo demora? Na média, 10 anos. Mas já vi pacientes desenvolver com dois anos, já vi pacientes desenvolverem com 20 anos. Algumas pessoas perguntam quando pegou a doença. Mas é muito difícil falar, vai depender de uma série de fatores e de quando os sintomas apareceram”.

Indetectável e intransmissível

O médico conta que o paciente que faz o adere ao tratamento contra HIV leva uma vida saudável, indetectável e intransmissível. “Se a expectativa de vida de uma pessoa é de 80 anos, ela vai viver 80 anos se fizer o tratamento de forma adequada. Só vai depender do paciente ir regularmente às consultas e ao tratamento”, conta.

A medicação utilizada no Sistema Único de Saúde (SUS), além de gratuita, é bem mais simplificada que em outros países. “Hoje o paciente toma apenas dois comprimidos para o HIV. Existem casos específicos que é um único comprimido. Isso é importante para desfazer o estigma que o portador do vírus do HIV é submetido. Ainda hoje as pessoas pensam que a pessoa com HIV vai passar e transmitir a doença, mas quem sabe e trata tem menos risco de transmitir do que uma pessoa que não sabe”.

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