Saiba quem são os chefões do PCC que saíram da cadeia e continuam no crime

Pelo menos 10 líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) que deixaram a prisão por decisões judiciais, como habeas corpus ou cumprimento de pena, estão sendo alvo de novas investigações relacionadas à facção criminosa. O caso mais recente envolve Silvio Luís Ferreira, conhecido como Cebola, e Décio Gouveia Luiz, apelidado de Décio Português, que foram denunciados por participação em um esquema de lavagem de dinheiro do PCC.

O esquema teria movimentado R$ 20,9 milhões através da empresa UpBus, que opera linhas de ônibus na zona leste da capital paulista. Ambos os acusados encontram-se foragidos da Justiça. Veja abaixo quem são os 10 chefões do PCC que cumpriram pena, saíram da cadeia e continuaram no crime e na facção criminosa.

O Primeiro Comando da Capital (PCC) tem cerca de 30 mil membros em 22 dos 27 estados brasileiros, além de países vizinhos, como Bolívia, Paraguai e Colômbia. A facção criminosa mantém suas principais ações no estado de São Paulo, onde estão cerca de 8 mil de seus membros em 90% dos presídios paulistas.

Cebola (Silvio Luís Ferreira)

Em 2014, Cebola foi liberado da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior paulista, após conseguir um habeas corpus enquanto estava detido preventivamente por tráfico de drogas. Meses depois, ele foi condenado pelo crime, mas tem conseguido evitar a prisão por 10 anos e permanece em fuga desde então.

Ele também é apontado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) como líder da “Sintonia Final do Progresso”, uma célula responsável pela logística de cargas de cocaína, a principal atividade econômica da facção.

Segundo o MPSP, Cebola é sócio da UpBus, uma das empresas de transporte que supostamente são usadas para esquentar recursos da facção. A viação opera linhas de ônibus na zona leste e é responsável por transportar cerca de 1% de todos os passageiros da capital paulista.

Décio Português (Décio Gouveia Luiz)

Sócio de Cebola, Décio Português, é conhecido por sua participação em roubos milionários na década de 1990, foi liberado da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em agosto de 2023. Sua prisão mais recente foi por uso de documento falso.

Membro antigo do PCC, dono de extensa ficha criminal e colocado em liberdade recentemente, Décio Português é apontado pelo MPSP como um dos sócios da UpBus, empresa de transporte que opera linhas de ônibus na zona leste da capital paulista, supostamente usada para esquentar recursos da facção.

Forjado (Patric Velinton Salomão)

Outro membro em liberdade é Patric Velinton Salomão, também conhecido como Forjado, que atualmente é considerado o principal líder do PCC nas ruas. Ele foi libertado do presídio federal de Brasília em fevereiro de 2022, após cumprir pena por tráfico de drogas.

Um ano depois, Forjado foi relacionado a uma conspiração para assassinar o senador Sergio Moro (União-PR), sua família e o promotor Lincoln Gakiya, do MPSP, reconhecido como um dos maiores especialistas em combate ao PCC no país. O plano foi descoberto pela Operação Sequaz, conduzida pela Polícia Federal (PF).

El Sid (Sidney Rodrigo Aparecido Piovesan)

Outro alvo da Operação Sequaz era Sidney Rodrigo Aparecido Piovesan, conhecido como El Sid, que possui uma extensa ficha criminal por roubo, tráfico de drogas, explosão de caixas eletrônicos e tentativas de homicídio contra policiais militares de São Paulo.

Mesmo com um mandado de prisão em análise, El Sid foi liberado da Penitenciária 1 de São Vicente, no litoral paulista, pela porta da frente, em setembro de 2022. Este incidente desencadeou um procedimento na Justiça paulista para investigar a “soltura indevida” do criminoso. No entanto, ele nunca foi recapturado.

Chacal (Pedro Luiz da Silva Soares)

Em um desdobramento da Operação Sequaz, alguns meses depois, foi identificada a participação de mais dois líderes do PCC na chamada “Sintonia Restrita”, uma célula de elite responsável por monitorar e planejar ataques contra autoridades. Este grupo chegou a pesquisar os endereços das residências oficiais dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD).

Um dos líderes envolvidos nesse plano é Pedro Luiz da Silva Soares, conhecido como Chacal, que possui histórico de roubo a caixas eletrônicos e foi um dos primeiros membros de alto escalão do PCC transferidos para presídios federais no início de 2019. Ele está em liberdade desde o final de outubro de 2023.

Lelê (Ulisses Scotti de Toledo)

A investigação também descobriu mensagens do grupo fazendo referência a um criminoso chamado “Lelê”. Segundo o Ministério Público de São Paulo, trata-se de Ulisses Scotti de Toledo, de 38 anos, que foi libertado da prisão em 2020 após cumprir sua pena.

André do Rap (André Oliveira Macedo)

O narcotraficante André Oliveira Macedo, conhecido como André do Rap, foi libertado em outubro de 2020. Ele era acusado de liderar o envio de drogas para a Europa, através do Porto de Santos, no litoral de São Paulo. Pouco depois, o ministro Luiz Fux, então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), revogou a decisão de soltura. No entanto, André do Rap já havia deixado a Penitenciária de Presidente Venceslau. Atualmente, suspeita-se que ele esteja no exterior, possivelmente na Bolívia, de onde comanda o tráfico de cocaína do PCC.

O Peixe (Suaélio Martins Lleda)

Sócio de André do Rap, o traficante Suaélio Martins Lleda, o Peixe, recebeu alvará de soltura para cumprir a pena em casa, em julho de 2020, por fazer parte do grupo de risco durante a pandemia de Covid. Condenado a mais de 40 anos, ele não voltou para o endereço informado à Justiça e fugiu.

Baianinho Vietnã (Marcos Paulo Nunes da Silva)

Posto em liberdade em 2018 após cumprir 20 anos de prisão, Marcos Paulo Nunes da Silva, conhecido como Baianinho Vietnã, é um membro antigo do PCC e é apontado como um dos primeiros financiadores do tráfico de drogas da facção. Em dezembro de 2023, ele voltou a ser alvo da polícia durante a Operação Dakovo, realizada pela Polícia Federal para combater o tráfico internacional de armas. O grupo investigado é suspeito de ter enviado 43 mil armas de fogo para o território nacional.

Cantor (Elvis Riola de Andrade)

Fechando a lista está Elvis Riola de Andrade, também conhecido como Cantor, ex-diretor da escola de samba Gaviões da Fiel. Ele chegou a ser capturado na Bolívia e devolvido ao Brasil em janeiro deste ano. No entanto, ele foi liberado no dia seguinte porque não havia mandado de prisão contra ele no Brasil, conforme decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em São Paulo, ele cumpriu pena por assassinar, a mando da cúpula do PCC, um agente penitenciário em Presidente Bernardes, no interior paulista, em 2009.

Sobre o PCC

O Primeiro Comando da Capital (PCC) emergiu menos de um ano após o trágico episódio conhecido como o Massacre do Carandiru, ocorrido em 2 de outubro de 1992. Na época, o pretexto da facção era defender a dignidade da população carcerária, embora ao longo de sua história o assassinato de detentos tenha sido usado como ferramenta para obter respeito nos presídios.

Tanto no Carandiru quanto na fundação do PCC, um evento esportivo entre presos dentro dos muros da prisão não foi decidido pelo esforço físico, mas sim pelo derramamento de sangue dos detentos. Esse método de resolver conflitos é comum na história carcerária brasileira e se repete em todo o país.

De acordo com Mônica Leimgruber, psicóloga e autora do livro “Primeiro Comando da Capital (PCC): El Grupo Criminal Brasileño de las Cárceles”, o anexo da Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté tinha uma reputação terrível em relação ao tratamento dos detentos.” Há relatos de que o diretor e as equipes trituravam vidro para misturar na comida dos presos. Os detentos daquela unidade enfrentaram muitas humilhações”, explica a especialista, que já ofereceu consultoria sobre o PCC para a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Além da violência institucionalizada, o ambiente hostil também incluía disputas internas entre grupos menores que buscavam sobreviver. Isso ocorria não só na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, mas também em outros presídios de São Paulo e do Brasil. Foi nesse contexto que o PCC surgiu: em uma tentativa de assumir o controle dos presídios, o grupo dos oito fundadores começou a impor suas regras, buscar alianças e consolidar sua liderança dentro das instituições prisionais, muitas vezes recorrendo à violência como meio para alcançar seus objetivos.

*Com informações do Metrópoles

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