Um desses homens matou uma pessoa, o outro foi vítima de um crime

O condutor, dirigindo veículo de luxo, um Porsche Carreira 911 avaliado em pelo menos R$ 1 milhão, foi abordado pela polícia militar de Santos, em São Paulo, mas não realizou um teste de bafômetro mesmo após confessar ter acabado de sair de uma festa open bar.

Ele foi tratado com luva pelica. Com todas as gentilezas e delicadezas que qualquer cidadão comum merecem ao ser abordado pela polícia, não fosse o fato de ter acabado de cometer um crime doloso.

Fernando Sastre de Andrade Filho, 24 anos, pilotava como se estivesse no autódromo. A mais de 150 km/h e bêbado. O limite da via é de 50 km/h.

A abordagem não durou 5 minutos, revelam imagens das câmeras corporais dos policiais que atenderam a ocorrência e liberaram o criminoso.

A vítima fatal, um motorista de aplicativo, conduzia seu veículo, as 2h30, pela pista central, quando foi atingido na traseira pelo irresponsável, para dizer o mínimo.

A mãe do ‘menino’ precisou, inclusive, dar informações aos policiais que perguntavam o que havia acontecido e os dados pessoais dele. Preocupada com a situação do filho, ela queria acelerar a abordagem para supostamente levar o filho ao hospital. Ela dizia, durante a abordagem, que “se ele tivesse batido a cabeça” “cada minuto” contava.

“Eu tava saindo e aconteceu o acidente horrível. Não lembro de mais nada”, repetiu.

Apesar da preocupação com o estado de saúde do filho, a mulher nunca levou o jovem ao hospital. Preferiu levar o garoto para casa, onde ele pode tomar um banho e dormir um pouco.

Com a liberação do rapaz, não foi possível a realização de exames que comprovassem a óbvia embriaguez do rapaz. Ele só se apresentou a polícia 40 horas após o acidente que provocou.

Mesmo que seja preso, Fernando será esquecido. Seu crime será esquecido. Ele voltará a vida de luxo e mal será reconhecido pelo o que fez. Quem se lembra do cara do Alphaville que humilhou os policiais militares que tentavam atender um caso de violência doméstica cometida pelo empresário? Sem pesquisar no Google, qual o nome desse empresário?

Dois pesos

Nesta terça-feira, 23, um homem ligou para a polícia. Estava sendo ameaçado com uma faca pelo locatário do imóvel sobre uma dívida inexistente. Os policiais, quando chegaram na ocorrência, tratou logo de enforcar o homem sob a alegação de desacato. Ele não queria colocar as mãos para trás após ter gás de pimenta jogado nos olhos.

O vídeo das agressões, publicadas nas redes sociais, não serão reproduzidas nesse texto. Por quase 2 minutos, o homem foi enforcado e agredido com o gás de pimenta no rosto. Durante esse tempo, a dona do imóvel alertava: “ele não cometeu crime, ele denunciou”. Mas agressões não cessaram. O irmão da vítima, um advogado, acompanhava a cena enquanto filmava. Também foi ameaçado por policiais.

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