Honoráveis Forasteiros IV: um dos maiores expoentes das artes plásticas do século, Gustav Ritter foge da Alemanha nazista e chega ao Brasil  

Esta é a terceira reportagem de uma série especial intitulada “Honoráveis Forasteiros” sobre personalidades estrangeiras que fizeram história e contribuíram com Goiás.

Henning Gustav Ritter nasceu em 1904 em Hamburgo, na Alemanha. Nos dias de hoje, o alemão é conhecido em Goiás como um dos maiores expoentes artísticos do estado do século passado. Arquiteto por formação, Ritter atuou como marceneiro, professor, pintor e escultor, ramo no qual alcançou maior renome. 

Informações disponíveis no Sistema de Consulta do Museu de Artes, da prefeitura de Goiânia, afirmam que “Qualquer colocação sobre a escultura goiana tem como referencia inicial o nome de Henning Gustav Ritter, pois sem dúvida, seu legado se constitui na mais importante construção tridimensional, realizada em Goiás na segunda metade do século”. Hoje, um instituto de artes homenageia o artista na capital goiana. 

Trajetória

Ainda na Alemanha, Ritter começou seus estudos artísticos na Escola de Artes Lerchenfeld. Suas primeiras influências tinham origem nas tendências europeias pré 1° Guerra Mundial.

Aos 21 anos, pouco depois do fim do conflito global, chegou ao Brasil pela primeira vez. Foi até a comunidade alemã no Rio Grande do Sul, na cidade de Esteio. Lá permaneceu por quatro anos. No fim da década de 1920, retornou ao seu país natal a fim de concluir sua formação em arquitetura. 

Com o desenvolvimento histórico da política alemã da década de 1930, que envolve a ascensão de Adolf Hitler ao poder e o crescimento do regime nazista, Ritter percebe que era inevitável a imigração. No ano de 1934, já casado, retorna para a América do Sul com alguns colegas que também fugiam do regime totalitarista. 

Embarca em um navio em Hamburgo e aporta em Belém do Pará, sobre o Rio Amazonas até alcançar o Peru. Em 1936, retorna ao Brasil e atua como desenhista e arquiteto no Ceará e, posteriormente, em Belo Horizonte. Em Minas Gerais, o pintor, escultor e autor de aquarelas realiza importantes obras, como o projeto paisagístico no Grande Hotel de Araxá.

Em 1947 é naturalizado brasileiro, e dois anos depois chega em Goiás. Se estabelece em Goiânia como professor da Escola Técnica Federal, onde lecionou disciplinas de desenho industrial até 1970. Participou da fundação da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Goiás (hoje Faculdade de Artes Visuais da UFG), onde ensinou escultura e modelagem.  

Gustav Ritter na década de 1970 / Foto: Livro Gustav Ritter.

Ao longo de suas décadas de atuação no Brasil, recebeu premiações e honrarias como o 1° prêmio de escultura na Exposição de artes visuais de 1964 da UFG, 1° prêmio de desenho do I Salão do Artista Goiano, em 1969, a Grande Medalha de Prata do Salão de Arte Moderna de São Paulo, em 1970, entre outros. Um ano após sua morte, que aconteceu em 1979, suas obras foram selecionadas para serem expostas na XI Bienal de São Paulo, em 1980. 

Legado 

Hoje, em Goiás, Gustav Ritter é conhecido por dar nome a um dos maiores Institutos de Arte do Estado. Inaugurado em 16 de novembro de 1988, situado no bairro de Campinas, a escola possui 28 salas onde se ensina dança, teatro e música, além do acervo disponível na biblioteca da instituição.  Atendendo alunos de 5 a 80 anos, a influência da escola já atingiu níveis internacionais, exportando talentos para países como Estados Unidos, Alemanha, Canadá, Suíça e França.

Por meio da Lei n. 19.372, de 30 de junho de 2016, o Centro Cultural passou a ser Instituto de Educação em Artes Gustav Ritter, unidade de ensino e formação artística da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), com capacidade para atender mais de 2000 estudantes.

Para ver um pouco mais da obra de Ritter, clique aqui e acesse a edição de junho de 2009 da Revista UFG, com texto de Amaury Menezes mostrando um pouco da produção de um dos maiores expoentes das artes plásticas do estado de Goiás. 

Texto de Guilherme de Andrade

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