Mulheres pagam caro pela beleza

A morte da empresária Fábia Portilho, de 52 anos, após passar por uma mamoplastia e lipoaspiração, destaca os perigos potenciais dos procedimentos estéticos. Normalmente, as pessoas têm medo de cirurgias, muitos preferem não fazer nada além do necessário pela saúde. Então porque agora está na moda colocar a própria vida em risco? O caso da Fábia não é um ponto fora da curva, infelizmente. 

Em janeiro, a cantora paranaense Dani Li morreu, aos 42 anos, vítima de complicações de uma cirurgia plástica. Ela era uma das musas do brega no norte do Brasil. Se nem mesmo ela se considerava “bonita o suficiente”, o que seria das mulheres comuns?

Essa pressão vem de diversas fontes, incluindo mídia, publicidade, redes sociais e até mesmo círculos sociais próximos. Esse padrão muitas vezes é irrealista e pouco saudável, levando muitas mulheres a se sentirem inadequadas ou insatisfeitas com sua aparência.

A pressão pelo padrão pode ter impactos significativos na autoestima, saúde mental e bem-estar das mulheres, levando a distúrbios alimentares, ansiedade, depressão e outros problemas psicológicos. Além disso, pode influenciar decisões extremas, como recorrer a procedimentos estéticos arriscados em busca da chamada “perfeição”.

Ao digitar no google “mulher morre após cirurgia”, ele automaticamente sugere duas opções: bariátrica ou plástica. Mas a questão ainda é mais grave e profunda do que isso. Quando pesquisamos por “mulher morre por”, a lista de opções mais prováveis inclui: silicone industrial, pós-operatório, violência doméstica, negligência médica e aborto clandestino.

Quando fazem a mesma pesquisa com o substantivo masculino, as causas mais recorrentes passam a ser: complicações cardíacas, acidente de trabalho, afogamento, overdose e suícidio.

Como já disse Evandro Mesquita, “Todo mundo quer ir pro céu, mas ninguém quer morrer”. Entretanto, existem formas diferentes de partir, e as das mulheres parecem estar ligadas ao substantivo feminino, às dores e desvantagens de ser mulher. 

Obviamente, cada um é dono de si, faz suas próprias decisões e arca com as consequências. Por isso, para quem quer fazer isso, acredita que é uma necessidade pela questão da autoestima (ou qualquer outro motivo), é fundamental conhecer os riscos e tomar precauções. Além disso, escolher um cirurgião qualificado e experiente, realizar uma pesquisa completa e seguir todas as orientações pré e pós-operatórias são medidas essenciais para minimizar os riscos.

Ainda assim, acima de tudo, é importante valorizar a pluralidade de belezas, corpos, identidades e etnias. Então será possível promover a autoaceitação, respeito próprio e valorização da individualidade. Será necessário um longo combate contra essa pressão estética prejudicial se quisermos promover uma sociedade mais inclusiva e saudável.

Quantas mulheres precisarão morrer em salas de cirurgia antes de compreenderem que envelhecer é normal e que as belezas são múltiplas?

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