Deputados querem corte de verba para Vai-Vai após crítica à PM em desfile

Ambos do PL de São Paulo, o deputado federal Capitão Augusto e a deputada estadual Dani Alonso encaminharam ofício ao prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB) e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para que a escola de samba Vai-Vai não receba dinheiro público no próximo ano.

O motivo: a escola representou a tropa de choque da Polícia Militar (PM) fazendo alusão a demônios no desfile realizado sábado, 10, no sambódromo do Anhembi, na capital paulista. “Foi com grande consternação que presenciamos a escola de samba em questão retratar, de forma deliberadamente ofensiva, os policiais militares e outros agentes de segurança como figuras demoníacas em uma de suas alegorias”, diz o documento.

Segundo os deputados, “tal atitude não somente desrespeita a honra e a dignidade dos profissionais que dedicam suas vidas à proteção da sociedade, mas também contribui para a propagação de uma imagem negativa das forças de segurança”.

A alegoria polêmica fazia parte do enredo “Capítulo 4, Versículo 3 – Da rua e do povo, o Hip Hop: um manifesto paulistano”, que homenageou o lendário álbum Sobrevivendo no Inferno, do grupo Racionais MC’s, lançado em 1997 e considerado um dos mais importantes do gênero.

Uma das 12 músicas do disco é Diário de um Detento”, que relata o dia de um preso no extinto complexo do Carandiru, na véspera do massacre que deixou 111 detentos mortos, em 2 de outubro de 1992, após invasão do presídio pela PM. Nesse contexto, as fantasias dos “policiais demônios” eram compostas por escudos, cassetetes e capacetes, adornados com asas e chifres em tons de vermelho e amarelo.

No documento, como a extrema direita costuma fazer com o PT e outros partidos de esquerda, os parlamentares ainda apontam “revelações de possíveis ligações” entre a Vai-Vai e organizações criminosas, como o PCC. “Estas associações são extremamente preocupantes, pois sugerem uma tentativa de minar a confiança pública nas instituições responsáveis pela segurança e ordem pública”, afirmam.

“Proponho que a escola de samba Vai-Vai seja proibida de receber qualquer forma de recurso público no próximo ano fiscal, como forma de sanção pela conduta irresponsável e ofensiva demonstrada”, conclui o deputado Augusto.

Em sua defesa, a escola Vai-Vai afirma que a ala retratada no desfile de sábado “fez uma justa homenagem ao álbum e ao próprio Racionais MC’s, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação, mas sim uma ala, como as outras 19 apresentadas pela escola, que homenageiam um movimento”. “O desfile buscou homenagear e dar vez e voz aos muitos artistas excluídos que nunca tiveram seu talento e sua trajetória notadamente reconhecidos”, declarou, em nota, a Vai-Vai.

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