Federação PSDB/Cidadania e Solidariedade é outra que deve cair no limbo

O ex-governador de Goiás e atual presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, e o presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força, estiveram reunidos em um restaurante no Lago Sul, região nobre de Brasília, na terça-feira da última da semana. Na pauta: a possibilidade de uma aliança entre as legendas representadas por ambos – com uma a mais por parte de Perillo. Isso porque o PSDB já é, hoje, federado com o partido Cidadania, liderado pelo professor Comte Bittencourt.

O ex-governador goiano teria, inclusive, se mostrado otimista com a perspectiva de união dos partidos. “Nós já estamos decididos”, disse Perillo. Já Aécio Neves, tucano com posição de peso dentro do partido, admitiu o desgaste que o PSDB carrega hoje, mas defendeu que a legenda tem, sim, musculatura para alavancar uma federação como a idealizada.

“Eu sei o tamanho do estrago que foi feito no PSDB nesse passado recente, sobretudo em 2022 quando a própria direção do partido nos impediu de ter uma candidatura presidencial, para atender outros interesses. Eu sei o dano que isso causou a nós, mas o PSDB continua sendo uma alternativa de poder”, disse, ao jornal Folha de S. Paulo.

A possível nova super federação, que inclusive objetiva ter uma candidatura própria nas eleições presidenciais de 2026, no entanto, pode estar ainda na zona onírica dos principais interessados. Presidente do Solidariedade em Goiás e pessoa de confiança do prefeito Rogério Cruz, Denes Pereira é um dos que avaliam que a “super aliança”, se continuar a ser trabalhada nas conversas, não deve nascer antes das eleições municipais. Aliás, a proposta pode só ganhar corpo real a partir do ano que vem.

“Chance zero de ficar pronta antes da eleição. Não tem nem tempo hábil. Teve a reunião, como teve de outras federações. É muito embrionário, foi uma reunião apenas, tem que falar estado por estado. Para fechar uma federação, vai ter que ter mais cem reuniões, então não consegue fechar [para 2024]. Para eleição municipal, impacto zero”, destacou.

Com PSDB, Cidadania e Solidariedade, a nova federação chegaria a 23 deputados na Câmara Federal, fortalecendo a oposição ao presidente Lula da Silva. Porém, conforme evidenciado pelas próprias lideranças, o plano de junção das legendas – que resulta, também, na reorganização de acordos e alianças -, já parece nascer no limbo, repetindo o caso da quase-nascida federação PP-Republicanos-UB.

No início do ano, o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, declarou que apesar das divergências regionais, a federação com União Brasil e Republicanos poderia ainda neste ano. “São 3 partidos que têm uma identidade. São partidos de centro, que têm perfil mais conservador. Tem muita possibilidade de fazer essa federação, não é uma coisa tão a curto prazo, porque mexe nos comandos dos Estados. Mas seria muito positivo, se tornaria o maior bloco político da história do país”, disse, na época, em entrevista ao Pode360.

Juntos, os partidos corresponderiam a mais de 20% do tempo de propaganda eleitoral de Rádio e TV, além de um fundo eleitoral gigante, além de passar a contar com mais de 150 deputados e quase 20 senadores.

Contudo no mesmo mês de janeiro, o ex-deputado federal e presidente do Detran em Goiás, Delegado Waldir, figura proeminente do UB em Goiás, cantou a pedra que viria a ser tida como a mais realista: a federação não sai nem antes das eleições, e nem neste ano. Em entrevista ao Jornal Opção, o ex-deputado disse que existia um “diálogo travado em nível nacional”, mas que ele acreditava ser difícil a formação do “super partido” em razão das muitas diferenças nos Estados.

As conversas em Brasília em nos diretórios municipais, hoje, ocorrem em uníssono: eleições de 2024. Todas os partidos e lideranças, com mandatos, ou não, estão concentrados na formação de chapas, articulação e manutenção de apoios, estratégias de comunicação e campanhas e tudo quanto há para ser discutido para viabilizar os nomes de cada legenda no páreo. Já era esperado, então, que conversas sobre uma possível federação entre partidos ficasse em segundo plano.

Porém, o que, aparentemente, não é levado em conta pelos entusiastas da federação, é que as conversas postergadas devido às eleições municipais têm ficado “pré-combinadas” para serem retomadas em um cenário e época de maior fervor ainda: a pré-campanha presidencial. É sabido que, em 2025, todos aqueles com aspirações ao Palácio do Planalto que já se movimentam em 2024, redobrarão seus trabalhos no ano que vem, e a possibilidade de uma federação que vai mexer em todo o cenário construído até ali deve fazer jogar as conversas sobre a “super aliança” mais uma vez na agenda do “um dia, quem sabe”.

O fato é: há muitos projetos pessoais, e de peso, em jogo, sem lugar para mais prioridades. No final de tudo, será, mais uma vez, cada um por si e Deus por todos.

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