Dia Internacional de Combate à Homofobia: comunidade e aliados destacam a importância da data

É celebrado nesta sexta-feira (17) o Dia Internacional de Combate à Homofobia, à Bifobia e à Transfobia. Data que tem muita importância considerando que o Brasil é o país com mais mortes de pessoas trans e travestis no mundo, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). 

Vista por muitos como ‘mimimi’, na realidade a homofobia e a transfobia são consideradas crime no Brasil, desde 2019, após decisão do Supremo Tribunal Federal, enquadrados como crime de injúria racial. Quem cometer esses crimes não tem direito a fiança e pode ficar preso de dois a cinco anos. 

O Página 3 frequentemente realiza matérias com a comunidade LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Intersexuais, Assexuais, Aliados +) e, para lembrar o Dia, desta vez, foi perguntado a gays, lésbicas, trans, drag queen e apoiadores da comunidade a importância da data e o que ainda precisa melhorar no cenário. 

Acompanhe abaixo.

(Arquivo Pessoal)

Gabriely Melnick, 27 anos – “Dia 17 de maio é um dia para lembrarmos que a luta continua, dia de relembrar todas as conquistas até aqui e dizer que ainda mais está por vir, precisamos de mais direitos e representatividade e ela por si só não basta, como diz nossa deputrava federal Érika Hilton: A representatividade por si se faz necessária, mas as pessoas em si precisam ser seus próprios representantes e os espaços precisam estar abertos e acessíveis para que nós os ocupemos”.


(Arquivo Pessoal)

Alan Coletto, advogado e presidente da Subcomissão de Direitos LGBTQIA+ da OAB de Balneário Camboriú – “A importância da data para nossa comunidade é imensa, pois reflete o progresso e os desafios a serem, ainda, enfrentados para garantir direitos LGBTQIA+. Nosso município está em um estágio inicial nessa jornada, enfrentando ainda tabus e confusões que, no passado, eram erroneamente atribuídos a essa comunidade. 

Atualmente, os melhores países do mundo já têm a igualdade gênero e orientação sexual como constante em suas rotinas e políticas. 

Em Balneário Camboriú, é preciso evoluir, por ser um local diverso, com pessoas de todo lugar, buscando crescimento em um ambiente cosmopolita, inovador e litorâneo, que constroem conjuntamente o “sonho da Dubai brasileira”. Prova disso, é que a comunidade LGBTQIA+ tem levado, todo ano, mais de 15 mil pessoas para a Avenida Atlântica, se manifestando de forma pacífica, em nome da busca por respeito, igualdade, segurança pessoal e integridade social. 

A OAB de Balneário Camboriú está engajada nesse debate, criando espaços para discussões e apoiando iniciativas como a Subcomissão de Direitos LGBTQIA+ na pasta de Direitos Humanos e a conferência local LGBTQIA+, provocada por decreto presidencial”.


(Arquivo Pessoal)

André Santiago, artista que dá vida à Drag Queen Alice Cavazzott – “Voltar os olhos para a causa é sempre uma pauta muito importante para comunidade, não somente no dia Internacional do combate à homofobia, mas todos os dias, eu enquanto pessoa e artista que sou e tendo lugar de fala para mencionar que combater todos os dias a LGBTFOBIA nunca é demais, já que perdi em 2016 meu irmão que era comissário de bordo, também gay, aos 32 anos de idade, vítima de homofobia. 

E hoje como Drag Queen, eu, Alice Cavazzott, levo minha arte para as pessoas com a ideia de levar sempre algo positivo ao público e aos meus, tenho a honra e o dever de lutar contra qualquer tipo de desrespeito, desigualdade e preconceito contra a classe LGBTQIAPN+. 

O que precisa melhorar para a comunidade é o senso de igualdade e direitos, muitas vezes direitos já adquiridos pela comunidade LGBTQIAPN+ foram postos em pautas para que houvesse um retrocesso… Direitos esses como algo básico: a união entre pessoas do mesmo sexo”.


(Arquivo Pessoal)

Melissa Bergonsi, jornalista – “A data será sempre necessária enquanto formos o país que mais mata pessoas LGBTQIA+, em especial pessoas trans, no mundo. Enquanto a ignorância e o preconceito sustentarem ações perversas de gente mal intencionada. Desde a década de 70, a Ciência vem se retratando e a homossexualidade não é considerada doença nem psicológica e muito menos biológica. O mal que nós, seres humanos da comunidade LGBTQIA + sofremos, é causado por outras pessoas, essas sim doentes da ignorância, que exercitam sua maldade ao agredir física, verbal ou psicologicamente pessoas LGBTQIA+. 

Não existe cura gay, aliás, essa crença mata. Mas, existe cura para a ignorância. Exercite a humildade, para estudar sobre o tema em fontes confiáveis. Depois, exercite a humanidade e ajude a curar a ignorância e maldade de outras pessoas”.


(Arquivo Pessoal)

Jocinéia de Jesus (Neia), militante ativa na causa LGBTQIA+ de Balneário Camboriú, pelo Mães pela Diversidade – “Infelizmente, precisamos estar, sim, fazendo esses movimentos, porque o óbvio precisa ser dito, né? A gente está lutando por um princípio básico, que é o princípio da dignidade humana, que no nosso estado, no nosso município, não é respeitado. 

Os nossos filhos não têm seus direitos respeitados, preservados, e por isso a gente precisa ainda estar reivindicando, a gente precisa ainda estar pedindo, precisamos estar falando que a população LGBT existe, ela tem seus direitos e que as Mães Pela Diversidade e vários outros movimentos vão continuar se posicionando e buscando políticas públicas, buscando um mundo mais justo e livre de preconceito para os nossos filhos”.


(Arquivo Pessoal)

Juan Frohn, empresário, DJ e proprietário da The Grand – “A data é crucial para celebrar as vitórias e destacar as batalhas contínuas da comunidade LGBTQIA+. É um lembrete de como a diversidade e a inclusão são pilares de uma sociedade justa e igualitária. 

No entanto, há muito a ser feito para alcançar a plena igualdade. Precisamos de leis mais inclusivas, educação para erradicar a discriminação e acesso igualitário a serviços de saúde e segurança. 

Na The Grand, não apenas oferecemos entretenimento, mas também nos comprometemos com a promoção da aceitação e do respeito. Somos um espaço onde a autenticidade é celebrada e conexões são cultivadas entre pessoas que compartilham suas experiências e identidades”.


(Arquivo Pessoal)

Fernando Honorato, artista – “O Dia Internacional de Luta contra Homofobia e Transfobia simboliza a luta por direitos e acessibilidade de inúmeras pessoas trans e lgbtqiap+. O combate deve ser diário e constante, mas acredito que a data funcione como uma forma de validar a luta, um dia a mais para se investir em conscientização, levar informação para pessoas a fim de fazê-las refletir, perceber o Brasil, que segue sendo um país altamente violento com esses corpos. Acredito na educação como fator de mudança para qualquer sociedade e acho que é isso que precisa melhorar no Brasil”.


Vitoria Moon, atriz, modelo e influenciadora digital (@vitoriamoon) – “Datas que marcam a existência da nossa luta, são e serão importantes enquanto o preconceito existir, elas nos lembram que ainda não chegamos lá mas estamos a caminho. Datas como essa colocam o assunto na mesa para ser debatido e para que hajam melhorias para a vida de pessoas da comunidade, como a lei que hoje criminaliza a homofobia. 

Mas ainda estamos caminhando, esse ainda não é uma país seguro, principalmente para as travestis e pessoas transgênero, ainda vivemos no país que mais mata Travestis, ainda somos impedidas de utilizar banheiros, ainda temos nossos corpos desrespeitados e nossas identidades apagadas. 

E como sempre digo, o movimento tem que ser feito por pessoas sérias, ONGs que entendem e querem construir, como Amigos&Tribos, Mães pela Diversidade e a AFAM que atuam em Balneário Camboriú, precisamos de políticos que entendam o que estão fazendo e o que a nossa comunidade realmente precisa, como fizeram Juliana Pavan, Marisa Zanoni e Eduardo Zanatta em seus mandatos como vereadores da cidade, mas que tenhamos também nesse ano de eleição, vozes LGBTs dentro das câmaras de vereadores, pois nós também sabemos construir e legislar para toda uma comunidade e não somente a nossa”.


(Arquivo Pessoal)

Gabriel Carboni, jornalista – “A data é primordial para enfatizar cada vez mais a sociedade que precisamos de leis mais rígidas que protejam e combatam a discriminação, o ódio e a exclusão de pessoas LGBTQIA+. A mídia também precisa mostrar a diversidade de forma positiva, para acabar com os atos homofóbicos e uma educação que ensine o respeito e o amor entre as pessoas. Uma comunidade que exerce seus deveres deve estar assegurada de sua segurança, dignidade e os direitos respeitados”.


(Arquivo Pessoal)

Ana Medeiros, assessora parlamentar – “É um dia de luta especialmente para as mulheres da comunidade LGBT+. Para além do preconceito contra a orientação sexual, sofremos com o machismo na sociedade. Não é muito dificil de exemplificar essa situação, a alta fetichização e objetificação da mulher lésbica escancarra tamanho preconceito. 

Muitas pessoas dizem que a mulher lésbica não sofre tanto porque é ”mais aceita”, mas na verdade isso só reforça mais uma violência: somos ”aceitas” porque somos objetificadas. 

É reforçada a sexualidade da mulher a serviço do homem através do fetiche. 

Neste dia 17, de combate à homofobia, também destaco a luta permanente das mulheres lésbicas por uma sociedade igual e justa para todas nós”.


(Arquivo Pessoal)

Pedro Leoni, um dos organizadores da Marcha pela Diversidade de Balneário Camboriú – “Vejo a data como momento de reflexão. É tanto vital para resgatar os motivos que levaram a comunidade a pugnar pelos avanços sociais, bem como um marco para organização e proposição daquilo que nós LGBTs esperamos para o futuro do nosso país. 

São cerca de 50 anos de luta política por direitos à comunidade LGBTQIAPN+ no Brasil, e mesmo com inúmeras garantias conquistadas, há ainda muita intolerância e violência que pretende nos intimidar e inviabilizar. 

São debates escamoteados nas escolas, nas artes, nas políticas públicas, e tantas vidas tolhidas, que merecem dignidade e mais respeito. 

Não há uma única melhoria. Mas certamente, para que novas políticas possam se concretizar, a qualificação e conscientização da população é crucial, especialmente para embasar a atuação nas áreas da saúde, segurança, educação e no trabalho”.


Eduardo Zanatta, vereador de Balneário Camboriú e aliado do movimento – “O Dia Internacional Contra a Homofobia, além de uma data alusiva no calendário, perpassa todo um histórico de luta da comunidade LGBT+ que sofre diariamente violações de direitos humanos em razão do gênero. É um dia político para debatermos a promoção de políticas públicas para a comunidade. Aqui em Balneário Camboriú nós trabalhamos em parceria com associações e coletivos que atuam na defesa dos direitos e organização de ações com a comunidade LGBT+. Foi fruto dessa construção que protocolamos o projeto de lei que institui a Semana da Diversidade na cidade, e as diversas indicações para ampliar o atendimento em saúde da população trans, como a criação de um ambulatório especializado e na capacitação dos profissionais da saúde. Nós também solicitamos que o município fizesse a adesão à Estratégia Nacional de Enfrentamento à Violência contra Pessoas LGBTQIA+ do Governo Federal para receber apoio na elaboração de políticas e financiamento de criação de abrigos. Estas e diversas outras ações do nosso mandato só reforçam o nosso compromisso com a causa. Somos um mandato plural que luta e defende o direito de todas as pessoas, dando voz para quem muitas vezes ficou na invisibilidade. Seguiremos na luta!”


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