Fazer cosplay de João Doria pode gerar frutos, mas há consequências

Matheus Ribeiro é jornalista e foi âncora de um dos telejornais de maior audiência em Goiás. Uma vez fora das telas, abraçou um projeto ambicioso de concorrer a deputado federal em 2022 e agora volta seus esforços à Prefeitura de Goiânia. Seguindo exemplos do ex-deputado estadual Alysson Lima (PSB), da deputada federal Sylvie Alves (UB) e do senador Jorge Kajuru (PSB), Matheus busca espaço para fazer a transição da imprensa para a política.

Ao lançar-se pré-candidato à prefeitura, Matheus Ribeiro se coloca sob holofotes: atrai atenções, concede entrevistas, faz barulho. A pré-campanha é um período de testes e avaliações. O PSDB em Goiás é um partido pequeno em representatividade e conta apenas com a vereadora Aava Santiago na Câmara Municipal. Também não se alinha com as principais forças políticas em Goiás, do governador Ronaldo Caiado (UB) ou do presidente Lula (PT). Esse isolamento abre a possibilidade para negociar com partidos de diferentes matizes, assim como assumir um posicionamento independente, ou seja, usar a crítica de maneira indiscriminada contra qualquer gestor público.

Há aí um campo fértil para a construção de um nome político. Veja o exemplo de João Doria: um empresário de sucesso na publicidade e com certa experiência no setor público quando decidiu se candidatar a prefeito de São Paulo em 2016, também pelo PSDB. Venceu no primeiro turno. Em menos de 2 anos, Doria já era governador eleito por São Paulo. Poderia se candidatar a um segundo mandato, mas preferiu arriscar-se ao Palácio do Planalto.

Seu crescimento político foi acompanhado pelo acúmulo de controle partidário. No fim, essa centralização lhe custou a sua candidatura à Presidência da República. Sua ascensão política só não foi mais rápida que seu declínio. João Doria é hoje uma carta fora do baralho.

Todo esse comparativo serve para chegar às mais recentes ações do jovem pré-candidato tucano em Goiânia. A começar por propostas que não cabem mais em um debate sério, como reduzir de 29 secretarias municipais para 12. Números jogados ao vento, sem nada de concreto, que podem ter convencido parte do eleitorado há 8 anos, mas que hoje se mostram inócuas.

Antes mesmo de assumir um mandato, Matheus assumiu um partido. O PSDB goianiense está hoje sob seu controle. A vereadora Aava, única mandatária tucana em Goiânia, atuante e articulada, foi colocada de lado. Os motivos não foram expostos, mas ao declarar que via a mudança no comando como “uma decisão afoita de um pré-candidato imaturo”, Aava deixou claro o que pensa.

 O embate com o prefeito Rogério Cruz (Solidariedade) no caso dos caminhões de lixo (operação Cidade Limpa) é outro exemplo de histrionismo político. A discussão que começou pelas redes sociais se transformou em um convite do prefeito para conferir de perto a força-tarefa para limpeza urbana da região Norte da capital. Como um duelo no faroeste do simbolismo político, Matheus se encontrou com o Rogério, viu de perto o trabalhos, conversou sobre e projeto e, no final, não deu em nada.

Enquanto isso, os demais pré-candidatos têm focado suas declarações esforços na busca por um(a) vice que agregue aos seus respectivos projetos, articulam composições com outras siglas, criticam (por que não?) a gestão de Rogério Cruz, mas mantendo a boa civilidade que o eleitor merece. Matheus Ribeiro tem espaço para crescer, resta saber como.

O post Fazer cosplay de João Doria pode gerar frutos, mas há consequências apareceu primeiro em Jornal Opção.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.