Honoráveis Forasteiros VI: físico, engenheiro e professor, o alemão Fritz Koehler criou raízes em Goiás

Fritz Koehler foi um físico alemão naturalizado brasileiro que criou raízes em Goiás. Em sua juventude, serviu o exército de seu país natal durante a Primeira Guerra Mundial, teve um primeiro casamento, e só então veio ao Brasil. O Jornal Opção conversou com Marcos da Rocha Lima, que é sobrinho da esposa brasileira de Fritz, para recolher mais informações sobre a vida do físico que marcou a história de Goiás.

Em seu título de cidadão goiano honorário, a Assembleia Legislativa de Goiás afirma que concede o título ao Dr. Fritz Koehler “que há quarenta anos reside em Goiás, exercendo o magistério e a profissão de engenheiro civil”. O professor Fritz lecionou no Liceu de Goiás, Ateneu Dom Bosco, Liceu de Goiânia e, mais tarde, na Escola de Engenharia, além de sempre manter suas pesquisas.

Arquivos da Universidade Federal de Goiás mostram o envolvimento de Fritz na criação do então Instituto de Matemática e Física, participação em parcerias com a Universidade de Brasília, docência nas disciplinas de física, colaborador no periódico impresso Pedro Valadares, além de participações em projetos de mestrado.  

História de vida

Segundo conta Marcos da Rocha Lima, professor Fritz, ainda adolescente, teria vindo uma primeira vez ao Brasil com seu pai, que vinha a América do Sul a trabalho. Nesse primeiro contato, o alemão teria tomado gosto pelo país que viria a residir anos depois.

Na Europa, Fritz serviu o exército alemão durante a Primeira Guerra Mundial como oficial. Uma das marcas que a participação no conflito global deixou em Fritz foi a perda de um dos dedos dos pés. “Por congelamento causado por um furo na bota durante o inverno de Moscou”, contou Marcos. Ainda na Alemanha, Koehler realiza estudos em física e em engenharia. Sua formação oficial, segundo dados da UFG, foi na Universidade de Greifswald.

Algum tempo depois do fim da Guerra, Fritz teria desmanchado o casamento que tinha feito na Alemanha, no qual teve dois filhos, e partido para o Brasil. Durante seu tempo no Brasil, Fritz teria trocado correspondências com seus filhos, até que um dia, durante a Segunda Guerra Mundial, elas pararam de chegar. “Ele acreditava que eles tinham morrido durante a Segunda Guerra”, explica Marcos.

Nos primeiros anos morando no Brasil, residiu no Sul do país. Após algum tempo, se mudou para a cidade de Goiás, onde lecionou por mais de uma década e onde também se casou.

“O pai da esposa dele tinha sido governador e senador também, então ele teve a proteção desse sogro dele e ficou em Goiás”, afirma Marcos.

Título de cidadão goiano para professor Fritz Koehler l Fonte: Alego.

No Brasil, Fritz Koehler foi casado com Iracema da Rocha Lima Koehler. Neste matrimônio, não teve filhos, mas se apegou aos membros da família da esposa. “Como pessoa, ele era muito amigo, ajudava quando podia. Ele era uma pessoa extraordinária”, compartilha Marcos, que é sobrinho de Iracema. “Ele me considerava como um neto dele. Me ajudou muito na minha educação”, afirma.

Na década de 1950, Fritz Koehler e sua esposa se mudam para Goiânia, na Alameda dos Buritis. Durante o período, o professor e pesquisador da Física Aplicada segue suas pesquisas e também com atividades do Magistério.

Legado

Para além de sua participação na criação de departamentos da UFG e da docência em escolas renomadas da capital, a pesquisa de Koehler também chama atenção.

Marcos conta que o professor Fritz se envolveu em pesquisas com docentes da Universidade de São Paulo (USP). “Alguns professores, logo após a morte dele, vieram a Goiânia em busca de informações sobre o trabalho que ele estava desenvolvendo”, compartilhou Marcos. Segundo o neto por consideração de Fritz, seus experimentos não finalizados envolviam manifestações orgânicas em estruturas minerais.

Fritz morreu em dezembro de 1979, e seus parentes mais próximos ficaram em posse de seus materiais de pesquisa, com muitos dos manuscritos em alemão. “O ex-governador Irapuan [Costa Júnior] era assistente dele na Escola de Engenharia e tentou conseguir [os materiais]”, explica Marcos, que na sequência diz que nenhuma das tentativas de reaver as pesquisas de Koehler foram bem sucedidas. “Ele era um verdadeiro cientista”, concluiu ao lamentar as perdas dos trabalhos do professor Fritz.

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