Lessa diz que irmãos Brazão prometeram lucro de R$ 100 milhões por morte de Marielle Franco

A delação premiada do policial militar reformado Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos que mataram a vereadora carioca Marielle Franco, trouxe revelações importantes sobre a dinâmica do crime e a participação dos irmãos Domingo e Chiquinho Brazão, apontados como os mandates do assassinato. O que teria convencido Lessa a executar o crime foi a promessa de lucro superior a R$ 100 milhões.

Durante o depoimento revelado pelo Fantástico, Lessa contou que Brazão justificou o crime dizendo que Marielle iria atrapalhar. “Tem que sair do caminho”, disse.

Lessa diz que aceitou participar do plano de assassinar a vereadora após proposta feitas pelo ex-conselheiro do Tribunal de Contas, Domingos Brazão, e seu irmão, deputado federal Chiquinho Brazão. Caso o crime fosse bem sucedido e os negócios de gerenciar dois loteamentos em Jacarepaguá prosperassem, ele teria um lucro de mais de US$ 20 milhões, equivalente a R$ 100 milhões.

De acordo com Lessa, os mandantes do crime prometera “muito dinheiro envolvido”. “Na época ele falou em R$ 100 milhões o lucro dos dois loteamentos. São quinhentos lotes de cada lado. É uma coisa grande, são ruas, na verdade é um mini bairro. É uma coisa gigantesca, então a gente tá falando de muita grana”, diz.

Durante o depoimento, Lessa aponta que se encontrou com os irmãos Brazão duas vezes antes do crime e uma terceira após a execução. “O Domingos falava mais e o Chiquinho concorda. É uma dupla, um fala mais e outro só concorda”, revelou.

Outra parte fundamental para que o plano desse certo era a criação de uma milícia para explorar serviços como sinal de internet e televisão, transporte, gás e, principalmente, gerar votos em eleições. “A questão valiosa ali é depois, é a manutenção da milícia, que vai trazer voto.”

Queima de arquivo

Desde a morte da vereadora carioca Marielle Franco, ao menos cinco investigados de participação no crime foram assassinados. Uma das vítimas foi o PM aposentado Edmilson da Silva Oliveira, conhecido como Macalé, que foi morto em Bangu, em 6 de novembro de 2021. Ele é apontado como intermediário entre o mandante e os executores do assassinato de Marielle e Anderson Gomes.

Ex-capitão do Bope, Adriano da Nóbrega chegou a prestar depoimento em 2018, embora tenha negado a participação no crime. De acordo com a polícia, ele teria informações sobre o assassinato. Em fevereiro de 2020, depois de ficar foragido e fugir para a Bahia, ele foi encontrado e num confronto com a polícia ele acabou morto.

Luiz Carlos Felipe Martins, conhecido como Orelha, era um sargento da Polícia Militar do Rio de Janeiro que teria ficado responsável por cuidar do Escritório do Crime, grupo liderado por Nóbrega antes da sua morte. Luiz foi morto em Realengo, no dia 20 de março de 2021.

Hélio de Paulo Ferreira, o senhor das armas, era mecânico e ficou conhecido por consertar armas e viaturas policiais da região do Jacarepaguá. Ele chegou a ser investigado pelo crime e prestou depoimento à Polícia Civil em 2018. No entanto, ele foi assassinado em fevereiro do ano passado.

Relembre

Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro pelo PSOL, e seu motorista Anderson Gomes foram assassinados em 14 de março de 2018 . Tudo aconteceu quando um carro emparelhou ao veículo em que a vereadora estava e começou a disparar contra os integrantes que estavam no interior do veículo.

Quatro disparos atingiram a cabeça de Marielle e outros três as costas de Anderson, o motorista. Uma terceira pessoa, assessora de Marielle, também estava no veículo no entanto foi ferida apenas por estilhaços.

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