Cia das Letras lança livro — “Faca” — de Salman Rushdie sobre a tentativa de assassinato que sofreu

Aos 76 anos, o indiano Salman Rushdie é uma das mais poderosas vozes da literatura internacional. No final da década de 1980, escreveu “Os Versos Satânicos” (Companhia das Letras, 600 páginas, tradução de Misael H. Dursan), que, se não é o melhor, é o mais famoso de seus romances.

Visto como um insulto à religião islâmica, “Os Versos Satânicos” se tornou, assim como o seu autor, uma abominação no Irã e noutras paragens do Oriente Médio. Salman Rushdie escreveu um romance (literatura, ficção), que deveria ser visto como tal, mas governantes e líderes religiosos entenderam que era um “ataque” grave ao mundo muçulmano.

Salman Rushdie: cego do olho direito | Foto: Richard Burbridge

Na época da publicação, deu-se um escândalo global e o Irã “determinou” o assassinato de Salman Rushdie. Chegou-se a oferecer uma recompensa. O escritor teve de ser protegido pelo governo da Inglaterra, chegando a ganhar um codinome, Joseph Anton. Durante anos, viveu nas sombras — sem deixar de publicar boa literatura. Não tinha mais uma vida pública.

“Joseph Anton — Memórias” (Companhia das Letras, 616 páginas, tradução de José Rubens Siqueira e Donald M. Garschagen) é o relato de Salman Rushdie e de sua longa escapada dos tentáculos dos “pistoleiros globais” enfiados pelo Irã para matá-lo. É uma história dolorosa, muito bem contada, quase com sabor de ficção, mas é tudo verdade.

Quando Salman Rushdie parecia ter sido “perdoado pelo Irã, um Estado, Hadi Matar, um lobo solitário — ou melhor, aparentemente solitário —, apareceu na universidade da cidade de Chautauqua, no Estado de Nova York, em 12 de agosto de 2022, e o esfaqueou, de maneira implacável. O escritor foi internado em estado grave, passou por cirurgias e sobreviveu. Ele é mais uma vítima da intolerância de um mundo que, dizendo-se moderno, é, ainda, o reino da barbárie.

Salman Rushdie sobreviveu para nos contar a sua, digamos, “tragédia”. A história sai em livro, com o título de “Faca — Reflexões Sobre um Atentado” (Companhia das Letras, 232 páginas, tradução de Cássio Arantes Leite e José Rubens Siqueira). O livro, de não-ficção, já pode ser pedido nos sites das livrarias. Custa R$ 69,90.

Hadi Matar e Salman Rushdie: o criminoso e o escritor | Foto: Reprodução

No site da Companhia das Letras há um breve texto sobre o livro do escritor, transcrito abaixo.

Relato de um sobrevivente da barbárie “moderna”

“Em um relato íntimo e potente, Salman Rushdie relembra o atentado que sofreu em 12 de agosto de 2022 e ressignifica sua traumática experiência, respondendo à violência com arte. ‘Faca’ é uma reflexão emocionante sobre a vida, a perda e o amor — e sobre como encontrar forças para um novo começo.

“Em fevereiro de 1989, o principal líder da Revolução Iraniana, aiatolá Ruhollah Khomeini, emitiu uma fatwa contra Salman Rushdie, ordenando que tanto o autor quanto a equipe que trabalhara na publicação do livro ‘Os Versos Satânicos’’ fossem assassinados. Por mais de trinta anos, Rushdie viveu sob a sombra dessa ameaça — até 2022, quando foi esfaqueado.

“Pela primeira vez desde o atentado, o autor compartilha sua experiência de sobreviver ao pretenso destino. Dividido em duas partes, ‘Faca’ narra, em detalhes inesquecíveis, os momentos imediatos que se sucederam ao ataque, bem como o processo de recuperação física e psicológica do escritor, do período no hospital aos esforços de reabilitação, passando pelo apoio essencial de sua mulher, Rachel Eliza Griffiths, e até por um diálogo imaginário com o agressor, culminando com a volta ao lugar onde tudo aconteceu.

“Neste livro absolutamente íntimo, Salman Rushdie se distancia dos universos muitas vezes fantásticos característicos de sua obra para explorar o que há de mais concreto na humanidade, sem jamais abrir mão da forma literária pela qual se consagrou.”

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