Arthur Lira pede cabeça de Alexandre Padilha, mas Lula mantém ministro

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), avisou a interlocutores de Lula que, caso o presidente não troque o ministro de Relações Internacionais Alexandre Padilha, a pauta do governo na Câmara não avançaria. Padilha é o responsável pela articulação política do governo com o Congresso Nacional e desde o ano passado tem causado insatisfação em Lira.

Em entrevista ao Roda Viva, Lira havia dito que o cargo do ministro teria prazo de validade. “A relação [entre Executivo e Legislativo] tem melhorado bastante. E todos nós sabemos que o cargo que o ministro Padilha ocupa tem muito prazo de validade. Muita gente entra ali e sai rapidamente e outros saem reconhecidos”, disse Lira em agosto de 2023.

Para o deputado, a vida longa de um ministro articulador só se dá quando acordos são cumpridos, algo com que Padilha estaria tendo dificuldades. “O que tem que existir é: senta, conversa, resolve e cumpre”, explicou. A dificuldade citada seria o cumprimento da promessa de alocar aliados de políticos em cargos nos ministérios. Conforme explicou Lira, Padilha assumiu compromissos que não conseguiu cumprir por resistências internas no governo.

O calendário de 2024, ano eleitoral, representa um desafio adicional para a articulação do Planalto, pois há uma percepção de que haverá menos tempo para a votação de matérias, incluindo aquelas de interesse do Executivo. Tradicionalmente, o Legislativo fica mais esvaziado durante as eleições.

A estratégia dos auxiliares de Lula é aguardar que a fase mais crítica da situação passe e, nas próximas semanas, tentar promover um encontro entre Arthur Lira e Alexandre Padilha para buscar uma reaproximação. Até o momento, a ideia é a de que o ministro Padilha deve ser mantido no cargo.

Diálogo de Lira com o Governo Lula

Na última quarta-feira, 31, Rui e outros interlocutores do ex-presidente Lula estiveram na residência oficial da presidência da Câmara, em Brasília. O presidente da Câmara, Arthur Lira, concentrou suas críticas na articulação política do governo e em pautas sensíveis, incluindo o veto presidencial de R$ 5,6 bilhões em emendas parlamentares para 2024, um ano eleitoral.

Há informações de que Lira pretende se reunir com Lula nos próximos dias, levando à expectativa de que o deputado busque o apoio do governo para sua escolha na presidência da Câmara, cuja eleição ocorre daqui a um ano. Além disso, especula-se que Lira esteja planejando sua candidatura ao Senado por Alagoas nas eleições de 2026.

No entanto, assessores de Lula indicam que Lira tem adotado posturas contrárias ao governo, como a ausência em eventos como o Democracia Inabalada e a posse de Ricardo Lewandowski no Ministério da Justiça. Isso, segundo membros do governo, pode abrir espaço para que Lula fortaleça laços com outros líderes do Congresso, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP).

A base de Lira na Câmara se consolidou diante da expansão das emendas, principalmente durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o que ampliou o poder da cúpula do Congresso. A divisão da verba entre os deputados passa por Lira. Mas, na gestão Lula, os líderes da Câmara e do Senado perderam gerência no processo de liberação e execução dos repasses, que passou a ser concentrado na pasta de Padilha.

Auxiliares de Lula dizem acreditar que o presidente manterá Padilha no cargo e com as mesmas atribuições. Isso porque é o ministro quem poderá mediar com o Congresso um modelo de gestão dessas emendas desejado pelo petista. Os interlocutores afirmam ainda que uma troca de Padilha sinalizaria um empoderamento maior de Lira, em detrimento a um enfraquecimento do próprio Executivo.

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