Eleição em Goiânia: os apoios garantidos e em negociação dos pré-candidatos

Ao menos 10 pré-candidatos de diferentes partidos já se movimentam para garantir seus nomes na corrida pela Prefeitura de Goiânia nas eleições deste ano. A poucos meses das convenções partidárias que definirão, de vez, quem vai realmente concorrer ao Paço Municipal, uma questão importante – tecnicamente decisiva – é a dimensão do apoio que aquele pré-candidato conseguiu angariar ao colocar seu nome à disposição no pleito.

É claro que boa parte das legendas já definiu quem será aquele que terá a foto estampada nas urnas quando o eleitor goianiense digitar o número do partido. No entanto, outros ainda avaliam o peso e a viabilidade de alguns de seus quatros antes de bater o martelo e investir neles nas articulações.

Enquanto isso, as siglas já acompanham seus pré-candidatos em conversas de apoio e negociação de alianças – fatores cruciais para quem quer expandir seu palanque e alcançar um número maior de possíveis eleitores.

O Jornal Opção lista os principais pré-candidatos que já emplacaram o ainda tentam emplacar seus nomes para concorrer ao cargo de prefeito (ou prefeita) de Goiânia, assim como os apoios angariados e as conversas ainda em andamento com outras legendas.

Rogério Cruz

Pré-candidato natural à reeleição pelo Republicanos, o atual prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, apesar das crises subsequentes que têm enfrentado (o que impacta diretamente na avalição do goianiense à sua gestão), é um dos que contam com a maior base de apoio até o momento.

Adquirido principalmente com a indicação de cargos na gestão e por meio de articulações na Câmara Municipal, Rogério conta, hoje, com o apoio fechado de seu partido, o Republicanos, Solidariedade e o Avante. No entanto, apesar de desgastes na relação, outras siglas já são dadas como apoiadoras confirmadas à reeleição do prefeito.

Ao Jornal Opção, o vereador e presidente estadual do Avante, Thialu Guiotti, afirmou categoricamente que a legenda “vai apoiar Rogério” em seu projeto de reeleição. Também estariam nesse barco o PDT e o PRD (fruto da fusão Patriota+PTB). Quanto ao PP, segundo o secretário de Estado de Indústria e Comércio, Joel de Sant’Anna Braga Filho, o presidente nacional da sigla, senador Ciro Nogueira, já orientou para que o partido siga fechado com o atual prefeito e sua pré-candidatura.

Prefeito Rogério Cruz | Foto: Jucimar de Sousa

Também à reportagem, o titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura e presidente estadual do Solidariedade, Denes Pereira, garantiu uma base do prefeito (com dissidências ocasionais) formada por cerca de 20 parlamentares na Câmara de Goiânia, o que pode auxiliar, se mantido esse número, na consolidação do apoio dos partidos a Rogério até e durante a campanha.

Levando em consideração os conflitos envolvendo Rogério e seu próprio partido, o prefeito chega relativamente bem ao ano de eleição. Vale lembrar da fase de insatisfação exposta do Republicanos logo após a reforma administrativa promovida pelo prefeito, em setembro do ano passado, quando a cúpula estadual do partido acusou o mandatário de ter deixado de fora dos cargos sua própria legenda.

Junte-se a isso ao fim do Grupo de Apoio ao Prefeito (GAP), com a saída do marqueteiro Jorcelino Braga e o consequente estremecimento da relação do prefeito com o Patriota (agora PRD) e o PP. A situação parece ter sido contornada e apaziguada após a chegada do prefeito de Anápolis Roberto Naves à presidente estadual do Republicanos, fato ocorrido antes da extinção do GAP.

Adriana Accorsi

Tida como o nome natural do PT para concorrer à eleição municipal de Goiânia, a deputada federal Delegada Adriana Accorsi foi vista como a favorita da legenda desde o início, quando outros nomes fortes da sigla, como o deputado estadual Mauro Rubem e o ex-reitor da UFG e pré-candidato a vereador Edward Madureira ainda intencionavam trabalhar para viabilizar seus nomes e, assim, também lançar seus nomes na disputa para representar o Partido dos Trabalhadores no pleito.

Chegou a se cogitar que Adriana poderia, em vez de investir na pré-candidatura, se preparar para assumir um posto no alto escalão do governo federal. Isso porque, com o início das especulações (agora concretizadas) da ida de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF), havia a informação de que o Ministério da Justiça e Segurança Pública, até então ocupado por ele, poderia ser dividido em dois, com a parte da Segurança Pública ficando a cargo de Adriana Accorsi.

Vale lembrar que a deputada também é delegada de Polícia, atuou por anos à frente da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e foi a primeira diretora-geral mulher da Polícia Civil de Goiás. A filha de Darci Accorsi é tida como um dos nomes mais fortes do PT, principalmente por transitar bem em um setor em alta – o da segurança pública.

Adriana Accorsi, deputada federal pelo PT | Foto: Leoiran/Jornal Opção

No entanto, ficou decidido, pela boca do próprio presidente Lula da Silva (PT), que Adriana disputaria a Prefeitura de Goiânia. Ao Jornal Opção, líderes do partido afirmam que a expectativa é que a pré-candidata entre na disputa já com o apoio de seis a oito partidos. Porém, alguns desses que entram na conta ainda conversam com o partido e têm diálogos adiantados também com outras siglas.
Conforme apurado pela reportagem, até o momento, estão fechados com a pré-candidata petista os partidos Rede Sustentabilidade, PSOL e o Partido Verde (PV). Há a expectativa de que o PCdoB, que integra a federação com o PT e PV, mas conta hoje com um pré-candidato, Fábio Tokarski, abra mão dele mais à frente para declarar apoio para Adriana.

Segundo a própria deputada ao Jornal Opção, há conversas em andamento com o PSB, PDT e até o Avante. “A intenção é construir uma frente ampla, não só com os partidos de esquerda”, disse. Contudo, segundo a própria pré-candidata, são apenas conversas – sem definição.

Vanderlan Cardoso

Pré-candidato pelo PSD, apesar dos boatos de possibilidade de aliança com o PT, o senador Vanderlan Cardoso tem afirmado que não abre mão de concorrer à Prefeitura de Goiânia. Ele chegou a tentar angariar o apoio do Palácio ao seu nome na corrida ao Paço Municipal, mas bateu de frente com o veto do governo.

Atualmente, em termos de apoio partidário, mesmo aparecendo bem em pesquisas recentes, pode-se dizer que Cardoso caminha quase sozinho. Um termo usado por um membro do PSD à reportagem referente aos diálogos com outros partidos foi justamente: “Parados”. O senador tem, inclusive, se distanciado consideravelmente de uma base que, em outras circunstâncias, poderia aclamá-lo: a bolsonarista.

Senador Vanderlan Cardoso | Foto: Jornal Opção

Vale dizer que o bolsonarismo deve caminhar em peso com nome cotado do PL em Goiânia, o deputado federal Gustavo Gayer, e nem ao menos cogita (pelo menos por enquanto) apoio a outro pré-candidato.

Cardoso sofre de falta de apoio, inclusive, dentro de sua própria legenda. Alguns nomes do PSD com mandato tem sinalizado que devem declarar apoio não ao nome do partido, mas para aquele indicado pelo governador Ronaldo Caiado. Um deles é o deputado Wilde Cambão, ex-líder de Caiado na Assembleia Legislativa. Ao Jornal Opção, o parlamentar do PSD foi categórico ao dizer que “vai seguir com o governador” na escolha do nome na disputa pela Prefeitura de Goiânia (e ele não deve ser o único).

Gustavo Gayer

O deputado federal Gustavo Gayer é outro que, no quesito partidário, parece caminhar, até o momento, sozinho. Porém, isso não deve ser um problema para o pré-candidato à Prefeitura de Goiânia.

Integrante do PL, partido com a maior bancada da Câmara dos Deputados e com o maior Fundo Partidário, Gayer deve se apoiar em seu poder de retórica nas redes sociais e nos nomes proeminentes do PL para fazer palanque em Goiânia.

Gustavo Gayer: deputado federal pelo PL | Foto: Câmara dos Deputados

Tem se cogitado que, em último caso, o PL pode trocar Gustavo Gayer por Major Vitor Hugo na capital, informação veementemente rebatida pelo militar. Outra informação que circula é de que o governador Ronaldo Caiado tem, sim, mantido conversas com o PL e não descarta a possibilidade de apoiar Gayer em Goiânia.

O pré-candidato tem, inclusive, aparecido bem nas pesquisas divulgadas até agora, tecnicamente empatado na maioria das vezes com Vanderlan Cardoso e Adriana Accorsi. Resta saber se a ausência de apoio de outros partidos se manterá e, em caso positivo, se surtirá impactos significativos em sua candidatura ao Paço Municipal.

Matheus Ribeiro, Aava Santiago, Raquel Teixeira ou Valdivino de Oliveira

Hoje, há quatro pré-candidatos no páreo do PSDB e que podem pegar a vaga de candidato tucano à Prefeitura de Goiânia: o jornalista Matheus Ribeiro, a vereadora Aava Santiago, a ex-secretário de Educação Raquel Teixeira e o economista e ex-deputado federal Valdivino de Oliveira.

Até pouco tempo, somente os nomes de Ribeiro e Aava vinham à tona dentro do tucanato. No entanto, Valdivino teria entrado na disputa após incentivo do próprio Marconi Perillo, atual presidente nacional do PSDB.

Nos bastidores, cogita-se que o eleito para representar o partido no pleito de 2024 pode ser Matheus Ribeiro. Isso, porque o partido estaria receoso de ser arriscar de perder a cadeira de Aava na Câmara Municipal de Goiânia. Dentre os vereadores que pretendem tentar a reeleição neste ano, o parlamentar é a que teria mais chances de renovar o mandato, pavimentando o caminho para uma candidatura à Câmara dos Deputados.

Matheus Ribeiro
Matheus Ribeiro: jonalista | Foto: Joabe Mendonça

Por outro lado, Matheus Ribeiro, que tentou se eleger deputado federal pelo PSDB em 2022, tomou tempo para se dedicar a projetos pessoais voltados para o jornalismo, mas desde o ano passado, parece ter ligado os motores e iniciado as articulações para ser o nome do tucanato em Goiânia neste ano.

No entanto, quando se trata de apoio partidário, estaria fechado com o PSDB somente o Cidadania, que compõe a federação. E até quanto isso houve entraves. A vontade de apoiar Adriana Accorsi e romper um apontado “isolamento da federação” foi o que teria motivado Gilvane Felipe a renunciar à presidência do Cidadania. Na ocasião da renúncia, que ocorreu em dezembro do ano passado, Gilvane afirmou em carta ter “total ceticismo diante da tática eleitoral até agora declarada pelo PSDB”.

Fábio Tokarski

Engenheiro civil e professor universitário, Fábio Tokarski foi confirmado pelo PCdoB como pré-candidato à Prefeitura de Goiânia em janeiro deste ano. De acordo com o próprio partido, a decisão em torno do nome de Tokarski “foi referendada em outubro de 2021 e passou pela direção nacional do partido”. Em nota à imprensa, a sigla aponta que o professor já estava com a pré-candidatura ativa e buscando elaborar e planejar o programa de governo.

No entanto, uma vez que o PCdoB integra a federação com PV e PT, a tendência é que, após conversas, mais à frente a legenda abra mão da candidatura de Tokarski para voltar seu apoio para Adriana Accorsi.

Fábio Tokarski | Foto: Divulgação

Leonardo Rizzo

Após ter diversos nomes no páreo para representar o partido nas eleições municipais em Goiânia neste ano, o Novo bateu o martelo para apoiar o empresário Leonardo Rizzo. Disputaram, com ele, o superintendente do Procon, Levy Rafael, e o ex-deputado e delegado Humberto Teófilo.

No entanto, conforme noticiado pelo Jornal Opção em janeiro deste ano, o partido não descarta abrir mão da pré-candidatura mais à frente para compor com outro partido. Entre os cotados estariam o PL, que bancará Gustavo Gayer, e o União Brasil.

À reportagem, Levy Rafael disse na ocasião que o Novo tem mantido conversas que podem levar a legenda à vice de uma chapa em específico, mas não revelou de qual partido. “Segredo guardado a sete chaves”, brincou.

Leonardo Rizzo | Foto: Jornal Opção

Candidato do governo

O candidato que terá o apoio do governador Ronaldo Caiado na corrida ao Paço Municipal é, dado o cenário político atual, a maior das incógnitas. O que se tem até o momento são especulações e mudanças de rumos e conversas nos bastidores.

Entre os cotados a receber o palanque da base caiadista estão, hoje: Jânio Darrot, José Vitti, Gustavo Gayer e, é claro, o presidente da Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto (que apesar de ter anunciado sua intenção de disputar o cargo de deputado federal, é considerado uma carta totalmente dentro do baralho).

Seja quem for o escolhido para representar a base do governo na eleição deste ano já conta com dois apoios confirmados e de peso: o do partido do governador, União Brasil, e do vice Daniel Vilela, o MDB.

Soma-se à lista o Podemos, que mantém conversas com membros da base para direcionar o apoio do partido a quem quer que Caiado apoie. Há apoiadores declarados dentro de outros partidos que têm, inclusive, pré-candidatos, como o PSD de Vanderlan Cardoso. Não é improvável que o mesmo aconteça em outras siglas que ainda mantêm diálogos não só com a base caiadista, mas com outras legendas que ainda tentam fechar apoios.

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