Medida que proíbe celular nas escolas ganha apoio de profissionais de ensino de Goiás

O Ministério da Educação prepara medidas para diminuir prejuízos causados pelo excesso de telas na infância e adolescência. Entre as medidas que deverão ser apresentadas está a proibição do uso de celulares pelos estudantes em todo o ambiente escolar. A medida deve valer para escolas públicas e particulares. Segundo apurado pela Folha de S.Paulo, o pacote de medidas deve ser apresentado em forma de Projeto de Lei (PL) já em outubro.

Ao Jornal Opção, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), Bia de Lima, manifestou apoio à medida e disse acreditar que ela seja importante pois o uso excessivo de celulares na sala de aula atrapalha o desempenho dos estudantes.

“O celular tira a atenção dos estudantes, e com isso a possibilidade do professor de melhor explicar os conteúdos. Deixar o celular livre dentro das salas de aulas é uma tarefa difícil aos professores, então caso tenha uma decisão nacional por parte do MEC pode auxiliar nessa melhoria”, diz Bia.

“As redes sociais se tornaram um vício e faz com que os alunos não prestem atenção durante as aulas. Então precisamos de mecanismos para fazer com que os alunos prestem mais atenção e, assim, ter mais rendimento”.

Na prática

Em Inhumas, na região metropolitana de Goiânia, a escola em que a professora Divina Luciane leciona já proíbe o uso dos aparelhos dentro das salas de aula. Divina explica que ter celulares atrapalham o desempenho didático e que “os adolescentes, principalmente, gostam de vídeos rápidos e mensagens rápidas e o processo de aprendizagem é um processo lento que exige concentração, leitura e repetição. E com o cérebro dos alunos sempre acelerados por conta da velocidade e quantidade de informação, acaba atrapalhando o esse processo de aprendizagem”, explica.

Nessa mesma escola, existe o recolhimento de aparelhos celulares, onde só é permitido o uso em casos específicos. “Quando o aluno chega, o celular é recolhido durante o período de aula. Caso exista a necessidade do uso, o professor pega a chave e retira o aparelho celular do local onde está armazenado”.

Segundo Divina, na escola, que é pública, foi acordado com a comunidade escolar que se colocasse um Projeto Político Pedagógico que estipulasse a regra. A recomendação foi aprovada no início deste ano.

Por fim, a professora relata que com essa decisão os alunos focaram mais nas aulas. “O aumento do desempenho dos alunos foi muito significativo. Os alunos passaram a se dedicar mais as aulas e aos estudos, então foi algo que deu certo. Hoje, o celular é uma ferramenta importante quando se faz o uso didático e na escola isso tem que ser feito no momento certo”, diz.

Isabela Rodrigues, de 16 anos, é aluna da rede publica estadual de Goiânia. Para ela, a proibição como é feita hoje em dia em algumas escolas é pouco eficaz. “Os alunos ficam mexendo no celular escondido, perdendo o foco. Muitos não prestam atenção nem no professor nem no conteúdo”, diz.

“A proibição do uso de celular pode ajudar nos estudos dentro da escola mas não acho que melhore 100%. Todo mundo quando chega em casa fica o tempo inteiro mexendo no celular e o estudo também acontece em casa. Mas caso tenha essa proibição, mesmo não sendo a solução completa, pode ajudar um pouco”, completa.

Medida do MEC

Ao jornal Folha de S.Paulo, o ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que a estudos mostram o impacto positivo da medida. “Estudos mostram que o banimento tem impacto positivo não apenas na atenção em sala de aula e no desempenho dos estudantes, mas também na saúde mental dos professores”.

O ministro citou um relatório da Unesco que recomenda restrições e até o banimento de celulares nas escolas. Segundo o relatório, existe uma relação entre o uso da tecnologia e as dificuldades de aprendizado, além de problemas de saúde mental. “O relatório mostrou que 1 entre 4 países já proíbe ou tem política de redução de celular em sala de aula”, afirmou.

Países que proíbem

Em 2018, a França implementou uma lei proibindo o uso de celulares em escolas primárias e secundárias (alunos até 15 anos). Em 2021 foi a vez da China. O país asiático proibiu que alunos levassem aparelhos celulares para a sala de aula sem a permissão dos pais e da escola. Itália, Canadá e Grécia também proíbem o uso. As proibições, no entanto, costumam a ter exceções, como uso em atividades pedagógicas específicas ou por motivos de saúde.

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