Israel e Goiás: a aproximação política e os acordos fechados em evento com Caiado e embaixador

Em evento nesta quarta-feira, 28, com a presença do governador Ronaldo Caiado (UB), do vice-governador Daniel Vilela (MDB) e do embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, o governo de Goiás e o Estado de Israel assinaram dois acordos que devem ampliar os investimentos israelenses em território goiano. O evento acontece durante o aprofundamento da crise diplomática entre Brasil e Israel em razão de declarações do presidente Lula da Silva (PT), e marca uma aproximação de Caiado com a comunidade judaica em Goiás, colocando o governador goiano como porta-voz de destaque da direita no debate da guerra.

O primeiro acordo fechado se trata de uma Declaração de Adesão ao Trabalho de Antissemitismo. Na prática, o documento representa o compromisso do Estado de Goiás de implantar ou apoiar políticas públicas de combate ao preconceito ao povo israelense e às instituições judaicas.

Já o segundo é uma declaração conjunta de cooperação técnica entre a Secretaria Geral de Governo do Estado de Goiás e o Ministério das Relações Exteriores de Israel. O objetivo é “reafirmar o relacionamento entre os partícipes para cooperação futura nas áreas” de agricultura, gestão de recursos hídricos e saneamento, ciência e tecnologia, segurança pública e “quaisquer outras áreas de interesse comum dos partícipes, com foco em inovação”.

O evento de hoje foi realizado no Detran e teve, também, a inauguração de um parque em homenagem aos judeus mortos no atentado do Hamas contra Israel, em outubro do ano passado. O ‘Am Israel Chai’ (O povo de Israel vive) contará com o plantio de 1,2 mil árvores – cada uma representando uma das vítimas do atentado.

Junto ao embaixador israelense, estiveram presentes autoridades, lideranças e políticos goianos sobretudo ligados à direita, entre eles o deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de Goiânia, Gustavo Gayer; o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha; o deputado federal Glaustin da Fokus; o presidente do Detran, Delegado Waldir, além do próprio governador Ronaldo Caiado.

Com discursos inflamados em defesa do Estado de Israel por parte de Caiado e do deputado Gustavo Gayer, o evento representou uma tonificação das relações diplomáticas e econômicas de Goiás com Israel em um momento em que o relacionamento entre o governo israelense e o governo brasileiro vive uma crise. Na ocasião, Caiado classificou como “barbárie” e “assassinato de inocentes” os ataques do Hamas contra Israel e comentou a declaração do presidente Lula da Silva, que comparou os ataques de Israel na Faixa de Gaza e mortes de palestinos com o holocausto.

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“Quero pedir desculpas ao povo judeu pelas palavras ditas pelo presidente Lula […] Aqui em Goiás nós trabalhamos contra qualquer ato antissemita, aqui nós temos a maior honra e orgulho em termos a comunidade judaica”, disse Caiado, que afirmou ainda que Lula demonstra “desconhecimento da história”.

A aproximação pode, inclusive, refletir no projeto do governador goiano para 2026 com foco no Palácio do Planalto. Ao anunciar o primeiro memorial fora de Israel para as vítimas do atentado do Hamas com a presença do embaixador israelense em Goiás, Caiado pode se sobressair no debate sobre a guerra – em alta no momento -, se colocando como voz da direita contra o posicionamento do governo Lula (do qual é oposição).

Um desenho disso, o evento desta quarta-feira teve a presença de políticos de outros estados como a deputada federal por Rondônia Cristiane Lopes (UB), que chegou a gravar um vídeo lado de Caiado cobrando para que o governador rondoniense Marcos Rocha seguisse o exemplo do governo de Goiás nos posicionamentos contundentes a favor de Israel.

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