Caso Lucélia: veja como está a menina torturada pela mãe adotiva em Goiânia

Uma mãe de família, esposa e missionária “muito feliz”. Assim se descreve Lucélia Rodrigues da Silva, de 28 anos. O cenário atual da mulher, mãe de três crianças de 9 anos, 7 anos e 10 meses, é distante do vivenciado por ela há quase 16 anos atrás.

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Quem olha para Lucélia nem imagina os horrores vividos por ela que, aos 12 anos, foi resgatada do apartamento dos pais adotivos, em Goiânia, acorrentada e amordaçada. Cobertas por ferimentos, a então pré-adolescente era submetida constantemente a torturas, chegando até mesmo a ter a língua cortada com um alicate pela ex-empresária Sílvia Calabresi Lima.

A missionária conta que chegou a casa da agressora e do marido dela aos 10 anos, quando foi adotada de forma ilegal por Silvia. Por lá, permaneceu até ser resgatada no dia 17 de março de 2008, mesma data em que a ex-empresária foi presa à época, com 42 anos, por meio de denúncias.

“Fui para um abrigo depois de ser resgatada e, então, fui adotada pelo casal de pastores Zenet Rodrigues e Marcos Rodrigues. Com uma semana que estava morando com eles, em Minas Gerais, comecei o processo de cura com a ajuda de psicólogos, psiquiatras e de orações. Me vejo curada a partir dos 13 anos”, explicou. 

Lucélia, o marido Histenyo Alves Ferreira e os três filhos do casal | Foto: arquivo pessoal

Traumas 

O processo para se libertar do passado assombrado por Silvia não foi fácil, conforme Lucélia. A missionária conta que tinha pesadelos com a ex-empresária e que, por muitas vezes, era intimidada pela imagem mental que tinha fixada da agressora, responsável pelas sessões de totura.

A missionária afirma ainda que não tinha medo das pessoas com quem conviveu no abrigo ou com os novos pais adotivos, mas temia que Silvia fosse atrás dela para praticar novas barbáries. Ainda hoje, depois de mais de 15 anos, Lúcia conta que ainda sonha com Silvia, mas de uma forma diferente: a evangelizando. A frequência, no entanto, é quase que nula. 

“O meu medo era daquela mulher ir lá e fazer maldades comigo lá. Não tinha medo das pessoas, tinha medo dela porque ela era quem me fazia mal. Acordava de noite e via ela na minha frente, gritava muito à noite. Enquanto estava dormindo saia da cama e deitava no chão. Acredito que pelo meu corpo ter se acostumado com o frio, automaticamente saia da cama e ia para o chão dormindo”, contou. 

Lucélia diz que guarda traumas devido a violência praticada contra ela, sendo a ansiedade a mais comum. A missionária explica que também não consegue ver crianças chorarem, inclusive os próprios filhos, fazendo com que ela se desespere para conseguir acalmá-las.

Para ela, a condição pode ser um reflexo da privação de sentimentos que era imposta por Silvia. Durante as agressões, que contavam com queimaduras e até o uso de ferramentas de trabalho para machucar as mãos e unhas, a então menina tinha que segurar o choro. 

“Acho que isso é por conta de tudo que passei. Na época eu era probidade de chorar, de expor a dor que estava sentindo para as pessoas de fora. Quando vejo uma criança chorando isso me machuca, me dói”, contou.

Marcas que Lucélia apresentava quando foi resgatada | Foto: reprodução

Perdão 

A missionária ainda disse que conseguiu perdoar sua agressora e que tem vontade de reencontrá-la. Desde que foi resgatada, Lucécia nunca mais se encontrou com Silvia. Porém, usa a história de superação para pregar por todo o brasil e por meio do perfil @luceliarodriguesoficial.

A ex-empresária foi condenada a quase 15 anos de prisão. Em 2014, a Justiça concedeu o benefício de progressão de pena, e ela foi transferida para o regime semiaberto. Conforme apurado pelo Jornal Opção, atualmente a mulher trabalha como cuidadora de idosos.

Assim como Silvia, a empregada dela também foi condenada, em junho de 2008, a sete anos de prisão por participação no crime. Já o marido de Sílvia pegou 1 ano e 8 meses por omissão.

“Deus me curou por completo. Eu a perdoei, escolhi perdoar. Deus me deu uma segunda família que são os meus pais adotivos, tanto é que os chamo de pai e mãe”, concluiu. 

Ex-empresária Sílvia Calabresi Lima | Foto: reprodução

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