Kafka vive: repórter de televisão é assaltado no momento em que fazia reportagem sobre assaltos

Kafka passa a pelota para Ionesco, que observa Camus e resolve jogá-la para Beckett. Os quatro “jogadores, de primeira linha nas quatro linhas (e sem Bolsonaro na partida), gritam, ao mesmo tempo, “que absurdo!”.

Depois de terem passado pelo Purgatório, escapando do Inferno, os quatro mosqueteiros chegaram, ufa!, ao Céu. De lá, observam a Terra com o máximo de atenção. Mas de qual “absurdo” o tcheco, o romeno, o francês e o irlandês estão falando, digamos assim?

De uma notícia vulgarizada em sites brasileiros. Na segunda-feira, 26, o repórter Nathan Gomes, da TV Metrópole, de Fortaleza, foi escalado para fazer uma reportagem sobre assaltos no bairro Cidade dos Funcionários, na capital do Ceará.

Assim que começaram as filmagens no bairro, dois homens, aparentemente menores, apareceram e assaltaram Nathan Gomes — dando um realismo absoluto à reportagem (lembrando mais o teatro de Brecht do que a literatura-dramaturgia dos gênios citados acima).

Nathan Gomes relatou: “O garupeiro foi logo puxando o revólver, anunciando o assalto e pedindo o celular. O cinegrafista falou que não tinha, aí ele [o criminoso] olhou para mim e disse que, se eu não entregasse, iria levar um tiro. Eu entreguei e depois ele disse: ‘Não olha para a gente, senão eu atiro’”.

Quando os assaltantes fugiram, o cinegrafista decidiu gravar imagens. A Polícia Militar conseguiu “apreender” dois adolescentes e há indícios de que tenham sido responsáveis pelo crime.

A pauta do editor da TV Metrópole estava correta: o bairro Cidade dos Funcionários não é mesmo para amadores. Lá nem repórteres de polícia, dos mais especializados, escapam da sanha dos criminosos. Devido ao assalto ao jornalista, o governo deve reforçar a segurança do setor.

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