Denúncias de abuso sexual na internet aumentam 77,13%

O Brasil registrou um aumento de 77,13% no número de denúncias envolvendo imagens de abuso e exploração sexual infantil compartilhadas no meio digital em 2023, em relação ao ano de 2022. Os casos foram registrados na plataforma da organização não governamental (ONG) SaferNet.

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Os dados estão presentes no levantamento anual divulgado pela ONG nesta terça-feira (6/2), Dia da Internet Segura. Todas as denúncias são enviadas para apuração pelo Ministério Público Federal (MPF).

Em 2023, a ONG recebeu 71.867 novas queixas de imagens de abuso e exploração sexual infantil na internet, estabelecendo um novo recorde na série histórica da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, que teve início em 2006. Em 2022, a SaferNet contabilizou 40.572 comunicações desse tipo.

Anteriormente, a maior marca histórica era de 2008, quando a SaferNet registrou 56.115 denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil. Para especialistas, a combinação de três fatores influenciou diretamente no aumento das denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil:

  • a introdução da inteligência artificial (IA) generativa para a criação desse tipo de conteúdo;
  • a proliferação da venda de packs com imagens de nudez e sexo autogeradas por adolescentes;
  • demissões em massa anunciadas pelas big techs, que atingiram as equipes de segurança, integridade e moderação de conteúdo de algumas plataformas.

Pedido de ajuda

Segundo a ONG, o Helpline da SaferNet também registrou aumento em pedidos de ajuda relacionados ao aliciamento sexual infantil on-line, representando crescimento de 125% no número de casos. Veja o ranking de assuntos com mais pedidos:

  • problemas com dados pessoais;
  • exposição de imagens íntimas;
  • golpes;
  •  cyberbullying;
  • questões relacionadas à saúde mental.

Ainda de acordo com a SaferNet, a maioria das pessoas procurou a ONG para obter informações sobre como denunciar possíveis casos de aliciamento e imagens impróprias de menores de idade.

A ONG destaca que o perfil principal é de familiares de vítimas. Geralmente, essas pessoas estavam em busca de orientação sobre como pedir a remoção desses conteúdos criminosos ou apresentaram relatos de compartilhamento dessas imagens em grupos de aplicativos de mensagens.

Recorde de crimes

A soma das denúncias de todos os crimes que ferem os direitos humanos, como xenofobia, racismo, LGBTfobia, também atingiu pico histórico na plataforma da ONG, mesmo com a queda nos índices de alguns crimes de ódio. Só no ano passado, foram realizadas 101.313 acusações na Central Nacional da SaferNet. O recorde anterior também era de 2008, que contabilizou 89.247 casos. Em comparação com 2022, o total de novas denúncias de violações de direitos humanos recebidas pela SaferNet em 2023 cresceu 48,7%.

Entre 2022 e 2023, as denúncias de casos de xenofobia on-line apresentaram crescimento de 252,25%, e os casos de intolerância religiosa na internet subiram 29,97%. Ambos impulsionados pela conflito no Oriente Médio, entre Israel e o grupo extremista Hamas – que fez aumentar os casos de antissemitismo e islamofobia. Também houve crescimento nas denúncias de tráfico de pessoas on-line: 11,11%.

Por outro lado, no mesmo período, houve queda nos seguintes crimes de ódio: racismo (-20,36%), LGBTfobia (-60,57%) e misoginia (-57,56%). Conforme a SaferNet, uma baixa nesses crimes era esperada.

Isso porque as queixas de crimes de ódio tendem a aumentar em anos eleitorais. Tal comportamento foi registrado em 2018, 2020 e 2022. A ONG ressalta que, apesar da desaceleração desses casos na Central Nacional, esses indicadores não foram capazes de frear a alta no número de denúncias recebidas.

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