Paulo do Vale ou Zé Mário Schreiner: um deles deve ser vice de Daniel Vilela em 2026

Política é assim: termina uma eleição e começa a discussão da próxima. É o ciclo da vida mesmo. Até porque não se faz nada, em qualquer lugar do mundo, sem o envolvimento da política, dos políticos. Então, toda sociedade democrática vive mobilizada. Nos países parlamentaristas, dependendo das crises, os primeiros-ministros são trocados com frequência e a democracia permanece viva, incólume.

Atribui-se a Tancredo Neves, uma das maiores raposas políticas da história brasileira — um dos “filhos” de Getúlio Vargas, só que com vocação democrática —, a frase de que “não existe cedo em política — só tarde”.

Daniel Vilela e Gracinha Caiado: definidos

Os políticos sabem disso. Daí as movimentações a respeito da disputa eleitoral de 2026, que acontecerá daqui a um ano e dez meses. O vice-governador Daniel Vilela, do MDB, assumirá o governo — com a desincompatibilização do governador Ronaldo Caiado — daqui a um ano e quatro meses. Um “pulinho”, como se diz em Rio Verde e Mineiros.

Os políticos estão se colocando agora porque, se deixarem para se apresentar em 2026, poderão ficar fora do processo, ou seja, da chapa majoritária.

Há dois nomes definidos — é incontornável — para a chapa majoritária governista: Daniel Vilela para governador e Gracinha Caiado, do União Brasil, para senadora. Há a vaga de vice-governador e mais uma para senador (além da suplência).

Oposições: PL, PSDB e PT

A oposição deve lançar uma ou duas chapas. A tendência é que o PL banque o senador Wilder Morais para o governo, com o deputado federal Gustavo Gayer, do PL, e Marconi Perillo disputando mandato de senador. O PL estaria tentando atrair Zacharias Calil, cujo sonho é disputar mandato de senador. Mas tudo indica que o deputado federal vai permanecer como integrante da base do governador Ronaldo Caiado, de quem, além de aliado, é amigo.

Wilder Morais e Marconi Perillo: a aliança pode ser possível em 2026 | Foto: Reprodução

Há outra hipótese: o PSDB pode bancar a vereadora Aava Santiago ou Marconi Perillo para governador. Aava Santiago seria a renovação, mas dificilmente a cúpula tucana a apoiará. A tendência é que a opção seja pelo ex-governador, que, se for candidato, disputará seu quinto mandato para o governo.

O PT não tem nome declarado para o governo. Adriana Accorsi, Rubens Otoni e Antônio Gomide tendem a disputar mandato de deputado federal. A disputa estadual poderá sobrar para Edward Madureira, que, eleito vereador em 2024, se perder para governador, continuará como parlamentar. Outra alternativa é a vereadora Kátia Maria. Numa aposta mais radical, o vereador Fabrício Rosa, uma das principais revelações do partido, também poderia disputar o governo. Seria o Eduardo Leite de Goiás.

A batalha pela vice de Daniel Vilela

Na base governista, a disputa pela vice terá um ingrediente poderoso. Em 2026, Daniel Vilela deverá assumir o governo do Estado. Portanto, se for reeleito, não poderá disputar o governo em 2030.

Então, a vitória de Daniel Vilela abre um novo ciclo na política de Goiás. No sentido de que seu vice, ao assumir o governo em abril de 2030, praticamente se tornará candidato a governador. (Se Wilder Morais for eleito, disputará a eleição em 2023, ou seja, não abre o ciclo.)

Portanto, por causa do narrado acima, a vice de Daniel Vilela começa a ser disputada com unhas, dentes e palavras..

Há vários postulantes à vice, todos se colocando — uns mais discretamente e outros de maneira acentuada.

O Sudoeste de Goiás tem dois grandes nomes — o prefeito Paulo do Vale, do União Brasil (a tendência é que o vice de Daniel Vilela seja do UB), e José Mário Schreiner, do MDB (comenta-se que trocará o partido pelo UB).

Paulo do Vale é o político mais importante do Sudoeste. Sua popularidade passa de 90% e, por isso, foi decisivo para garantir a vitória do médico Wellington Carrijo (MDB) para prefeito de Rio Verde.

A prioridade de Paulo do Vale é a vice de Daniel Vilela. Seria um vice adequado por três motivos. Primeiro, por ser popular em Rio Verde e em todo o Sudoeste. Segundo, por suas qualidades como gestor. Terceiro, pelo fato de, junto do político mais jovem, daria um ar de maturidade à chapa.

Diz-se que, se não for candidato a vice, Paulo do Vale irá a deputado federal. Mas a base governista também o cota para senador e, como se sabe, o futuro nem a Deus pertence.

Presidente da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), o ex-deputado federal José Mário Schreiner é o representante máximo do ruralismo em Goiás. É a figura chave do agronegócio. Seu sonho é ser presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Ainda assim, por ser do Sudoeste — é de Mineiros, mas circula por toda a região; aliás, por todo o Estado —, pelo traquejo político e, sobretudo, por representar o Agro, poderá ser um vice perfeito para Daniel Vilela.

Há pelo menos quatro nomes que, se não estão se colocando com desenvoltura, estão, ao menos, de sobreaviso: o secretário de Infraestrutura, Pedro Sales; o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha (a vitória de Leandro Vilela para prefeito de Aparecida de Goiânia se deve, em larga escala, ao seu empenho; e o município no qual milita tem o segundo maior eleitorado do Estado); o prefeito de Luziânia, Diego Sorgatto (reeleito, ele administra a cidade mais importante do Entorno de Brasília e com maior número de eleitores da região); e Lucas Antonietti, prefeito de Águas Lindas (cidade mais populosa do Entorno do Distrito Federal e a que tem segundo maior eleitorado).

Políticos do Entorno — região onde o governismo é muito forte — querem maior participação na chapa majoritária. Fala-se, por exemplo, em Célio Silveira para senador ou Pábio Mossoró para suplente de Gracinha Caiado. (Luiz Carlos do Carmo, ex-senador e líder do Podemos em Goiânia, tem sido citado para suplente de senador.)

O companheiro de chapa de Gracinha Caiado

Especula-se que Gracinha Caiado pode se tornar, em 2026, a senadora mais votada da história de Goiás, superando o recorde anterior.

Não se pense que Gracinha Caiado é apenas a mulher do governador Ronaldo Caiado, ou seja, a primeira-dama do Estado. Quem pensa assim não tem acompanhado a política do Estado nos últimos seis anos.

Gracinha Caiado é, acima de tudo, política. Mesmo sem mandato, articula com uma desenvoltura impressionante. Dialoga com os prefeitos e primeiras-damas de todo o Estado. Tem estrela e luz própria.

A área social do governo, mais socialdemocrata do que liberal — daí seu sucesso —, foi e é articulada, em larga medida, por Gracinha Caiado. A popularidade dela no interior e na capital é imensa. Pode-se dizer que conquistou um espaço próprio na política do Estado.

A tendência é que Gracinha Caiado acabe puxando o segundo candidato da base governista. Por isso, a grande disputa para ser candidato a senador.

Há quem especule que, pensando no projeto do PL e não apenas no seu — que é pessoal, portanto não partidário (em 2024, enterrou o PL nas principais cidades porque pensou em termos pessoais, e não coletivos) —, Wilder Morais poderá recuar e trabalhar para uma composição política com a base de Ronaldo Caiado e Daniel Caiado. Seu projeto para governador ficaria para 2030, quando o “campo” estará livre, talvez sem candidatos “naturais”.

Se Wilder Morais recuar — ressalte-se que ele tem dito que será candidato a governador —, o PL poderá operar para obter uma vaga na chapa governista para o Senado. O político mais cotado para o Senado é o ex-deputado Major Vitor Hugo, que, eleito vereador por Goiânia em 2024, é moderado e agregador. Se não tiver problemas com a Justiça, notadamente com o Supremo Tribunal Federal, o deputado federal Gustavo Gayer será outro nome cotado.

Na base governista, há vários nomes — como Gustavo Mendanha, Paulo do Vale (apesar da insistência de que não será candidato a senador), Alexandre Baldy, Jorge Kajuru, José Mário Schreiner (mais cotado para a vice), Adib Elias e Bruno Peixoto (mais cotado para disputar mandato de deputado federal).

Há quem postule que, dada a vitória de Leandro Vilela para prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha tenha largado na frente para o Senado ou para vice (consta que poderá se filiar ao União Brasil).

O senador Vanderlan Cardoso (PSD) é carta fora do baralho? Talvez não seja. Depois da derrota em Goiânia — três seguidas, o que prova que, sem grupo consistente, não se ganha uma disputa numa capital —, a tendência é que se aproxime de Ronaldo Caiado e de Daniel Vilela. Suas críticas recentes e contundentes a Wilder Morais — de que “não” teria condições de governar Goiás — sugerem que está tentando se aproximar do vice-governador.

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