Entenda o implante hormonal, tratamento com comprovação científica, mas mal compreendido pelo termo ‘Chip da Beleza’

O debate público sobre saúde atualmente passa pelas redes sociais e influenciadoras. No Brasil, a discussão entre pessoas favoráveis e contrárias ao “Chip da Beleza” envolveu Deborah Secco e Mirella Santos — duas personalidades nacionalmente conhecidas que testemunham o efeito positivo do procedimento. Em 2017 Deborah Secco adotou o método e relatou que suas reclamações pré-menstruais acabaram, como a cólica e a dor de cabeça. Além disso, ela compartilhou que teve um aumento da libido e passou a se sentir menos preguiçosa.

Na medicina, o termo “Chip da Beleza” não existe. Foi a apresentadora Hebe Camargo quem criou o apelido que se tornou popular. No início dos anos 2000, ela utilizava o implante hormonal de gestrinona. Médicos tratam do procedimento como uma forma de administrar hormônios para tratamento de certas doenças ginecológicas, e não como um milagre estético que o termo parece sugerir.

Para compreender melhor o procedimento, o Jornal Opção ouviu a doutora Marcela Brasil, médica ginecologista que atua há 10 anos com o método. A médica explica que  houve um recente aumento na adesão ao método por diversos fatores, como a eficácia e a liberação lenta. “O método foi desenvolvido há 30 anos. A liberação lenta (o medicamento é liberado ao longo de um ano) promove praticidade à paciente. Em muitos casos, as técnicas tradicionais não conseguiram bons resultados, por isso o método se difundiu tanto”.

Ela destaca que o implante hormonal não é indicado por médicos para fim estético, e que profissionais de saúde não prometem a “beleza” como resultado. “É claro que, se a paciente se exercita e se alimenta corretamente, o ajuste hormonal pode equilibrar seu corpo e finalmente ela passar a ter os resultados que deveria”, diz Marcela Brasil.

Dra Marcela Brasil | Foto: Reprodução

Em matéria de 2021, o Jornal Opção publicou reportagem sobre mulheres que relatam usar o implante hormonal no dia-a-dia; em 2018 o veículo explicou como funciona o implante hormonal. Desta vez, aproveitamos para esclarecer as principais dúvidas sobre o procedimento queridinho das influenciadoras.

Como funciona?

Os implantes hormonais de Silástico são tubos com conteúdo hormonal em forma de pó. Através de microporos na parede dos tubos, há passagem (transudação) do hormônio para o corpo, de forma gradativa. O implante fica embaixo da pele, no tecido subcutâneo, e tem duração de seis meses a um ano.

A aplicação do implante é um procedimento de pequena cirurgia, com uso de anestesia local. Por uma incisão 0,3 mm, médicos inserem um trocater (instrumento cirúrgico que permite a passagem da cânula) e, através dele, posicionam os implantes subdérmicos. Após o implante, por volta de 30 a 40 dias, o organismo começa a apresentar os primeiros sinais do tratamento.

Os principais objetivos do tratamento são promover qualidade de vida e controlar doenças e condições como endometriose, miomatose , dismenorréia, TPM, disfunção sexual, menopausa e outras. O procedimento é indicado apenas em certos casos, e quase sempre para pacientes que não tiveram sucesso com as outras vias de administração. Os hormônios mais comuns via implantes são a testosterona, o estradiol e a gestrinona.

A modulação hormonal é um tratamento que exige vigilância constante. Sempre é recomendado iniciar com a menor dose possível, e posteriormente, caso necessário, fazer ajustes, adicionando outros implantes. A primeira avaliação é feita em média 40 dias após o procedimento. Depois disso, são necessárias novas avaliações a cada 3 meses.

Com a palavra, a especialista

Confira em seguida a entrevista com a Dra Marcela Brasil:

Quais cuidados o paciente precisa ter após o procedimento?

No dia do procedimento, não praticar atividade física.

Como o implante hormonal age no organismo de forma a promover os resultados estéticos?

Como não indicamos para este fim, não podemos prometer este tipo de resultado. É claro que se a paciente se exercita e se alimenta corretamente, o ajuste hormonal pode equilibrar seu corpo e finalmente ela passar a ter os resultados que deveria.

Quem são os candidatos ideais para o Implante Hormonal?

As candidatas ideais são aquelas que apresentam deficiências ou excessos de algum hormônio que precise de controle. São aquelas que apresentam algum sinal ou sintoma relacionados a este desajuste hormonal. Fadiga, cansaço , perda de libido, TPM descompensada , excesso de sangramento menstrual, endometriose, doenças benignas da mama entre outras.

Existem contraindicações?

Como todo e qualquer tratamento, não são todas as pessoas que podem utilizá-lo . Há casos de pacientes com neoplasias dependentes de hormônios ou alguns tipos de trombofilias que não podem fazer uso de alguns tipos de hormônios.

Há efeitos colaterais ou riscos associados ao implante hormonal?

Sim, assim como toda e qualquer medicação , há riscos e efeitos colaterais, geralmente são pessoas dependentes de altas dosagens ou quando utilizam o em pessoas que não teriam indicação. São relacionados à excessos de androgênios, como: queda de cabelo, acne, rouquidão, alteração em clitoris , ganho de peso e edema

O procedimento tem base científica comprovada que respalde sua eficácia?

Com certeza. Afinal, trata-se de uma técnica utilizada mundialmente com vários trabalhos científicos. Além disso, vale ressaltar que a Elmeco, que é uma indústria pioneira, tem mais de 30 anos; e seu fundador, o brilhante professor Dr Elsimar Coutinho, pesquisa o método há mais de 50 anos.

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