Governador e filhos receberam dinheiro de empresário ligado ao PCC, aponta inquérito da Operação Fames-19

Fenelon Milhomem

O inquérito da Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Fames-19, que investiga o desvio de R$ 5 milhões destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia, revelou depósitos suspeitos realizados pelo empresário Welber Guedes de Morais para o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), e seus filhos.

Welber Guedes é apontado pelas investigações como um dos operadores principais do esquema e teria movimentado mais de R$ 10,6 milhões por meio de 249 transações bancárias identificadas pela PF. Os valores seriam provenientes de empresas contratadas pelo governo para o fornecimento de cestas básicas. Dentre as transações, consta um depósito no valor de R$ 5 mil para o governador, realizado no dia 3 de novembro de 2020, além de outros valores direcionados a membros de sua família.

As investigações indicam que parte do dinheiro movimentado por Welber Guedes passou por empresas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo o inquérito, o empresário recebeu R$ 165 mil da empresa VB Inter Holding e transferiu R$ 615 mil para a 4TPag, ambas apontadas como pertencentes ao crime organizado. As duas empresas estão registradas em Palmas e, de acordo com a PF, atuavam como braços do esquema de lavagem de dinheiro operado pela fintech 4TBank, que teria movimentado mais de R$ 8 bilhões em cinco anos.

Além do governador e de sua família, o inquérito aponta a participação de Tiago da Silva Costa, ex-secretário da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), responsável pela contratação das empresas envolvidas no esquema. Tiago, que aparece como beneficiário de depósitos realizados por Welber Guedes, também teria transferido R$10,7 mil para o empresário Joseph Madeira, que possui contratos renovados com o governo estadual e a Assembleia Legislativa do Tocantins.

Jornal Opção Tocantins tentou contato com o governador Wanderlei Barbosa, Tiago da Silva Costa e Joseph Madeira, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestações de todos os citados.

Operação Fames-19
A Operação Fames-19 foi deflagrada para apurar o desvio de recursos destinados à compra de 1,6 milhão de cestas básicas durante a pandemia da Covid-19. O esquema envolve empresas contratadas sem licitação, transferências suspeitas e supostos vínculos com organizações criminosas. A PF segue investigando o caso, que já apontou prejuízos milionários aos cofres públicos e possíveis crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e formação de organização criminosa.

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