Em Goiás, adolescente de 13 anos passa por cirurgia craniofacial inédita no SUS

Uma adolescente de 13 anos passou pela primeira cirurgia de remodelação de ossos cranianos da história da rede pública de saúde de Goiás, realizada no último sábado, 10, no Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi – HGG, em Goiânia.

A jovem, natural de Goianésia, nasceu com craniossinostose, uma condição congênita que afeta o formato do crânio. Ela se recupera bem e já está em leito de enfermaria. O procedimento, considerado raro e complexo, foi conduzido pela médica Vera Lucia Nocchi Cardim, especialista em cirurgia plástica e cirurgia craniofacial, que atua em São Paulo.

A equipe veio a Goiânia especialmente para realizar a operação inédita no estado. Segundo a médica, a cirurgia foi dividida em duas etapas. Na primeira, realizada agora, foram implantadas molas expansoras para modelar o crânio da paciente.

A segunda etapa, prevista para ocorrer em seis meses, será para a retirada dessas molas. “Esse tipo de cirurgia não é comum em adolescentes porque, geralmente, é feita ainda na infância. Como a paciente já está em fase final de desenvolvimento corporal, optamos por técnicas de osteotomias dinâmicas para corrigir o desalinhamento ósseo, que já afetava até o posicionamento dos olhos, colocando a visão em risco”, explica Vera Cardim.

Cirurgia craniofacial pelo SUS

Hoje, esse tipo de cirurgia craniofacial em adolescentes não é ofertado rotineiramente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) devido à escassez de profissionais capacitados. Para a mãe da jovem, Roseane Silva, poder realizar o procedimento em Goiás foi um alívio.

“Sabíamos que em São Paulo seria possível, mas não tínhamos condições financeiras. Quando a doutora Vera nos disse que conseguiríamos aqui em Goiânia, foi uma bênção. Acompanhei tudo da sala de espera e fiquei tranquila com as atualizações da equipe. Deu tudo certo e logo vamos voltar para casa”, relatou emocionada.

A cirurgia foi acompanhada pelo Serviço de Cirurgia Plástica do HGG. O chefe do setor, Dr. Sérgio Augusto da Conceição, destacou que a presença da especialista também proporcionou aprendizado à equipe local:

“Transmitimos a cirurgia ao vivo para residentes e profissionais da cirurgia plástica. Transformamos o procedimento em uma aula prática sobre cirurgia craniofacial, ampliando o conhecimento de todos os envolvidos”, afirmou.

O que é craniossinostose?

A craniossinostose é uma má-formação causada pelo fechamento precoce das suturas cranianas, estruturas que permitem o crescimento dos ossos do crânio. Pode ser provocada por fatores genéticos, distúrbios metabólicos ou questões mecânicas no ambiente uterino.

Existem diferentes tipos de craniossinostose isolada, como: escafocefalia, plagiocefalia anterior, trigonocefalia e braquicefalia. Nos casos sindrômicos, a condição pode estar associada a síndromes genéticas como:

  • Síndrome de Apert
  • Síndrome de Crouzon
  • Síndrome de Pfeiffer
  • Síndrome de Muenke
  • Síndrome de Saethre-Chotzen

A depender do tipo e da gravidade, a craniossinostose pode causar alterações faciais, problemas neurológicos e déficits visuais, exigindo abordagem cirúrgica especializada.

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