O primeiro emprego do meu pai foi na Mesbla, uma loja de departamentos que tinha filiais espalhadas no país inteiro. Ele trabalhou na filial de Marília, interior de São Paulo, e sempre me contava como era a rotina e o tanto que aquele emprego moldou sua vida profissional. Meu pai era muito disciplinado e isso ele aprendeu nos seus tempos de Mesbla. Todas as férias ele partia para o Rio de Janeiro passar uns dias na colônia de férias que a Mesbla tinha na Ilha de Paquetá. Quando eu ia para o Rio, meu pai dizia “Você tem que conhecer a Ilha de Paquetá”. Infelizmente ainda não tive oportunidade.
Quando eu era pequeno, meus pais levavam eu e meu irmão para passear no Shopping Flamboyant. Meu pai deixava seu Corcel no estacionamento perto da entrada da Mesbla. Todas as vezes eu tinha que perguntar: “Pai, o senhor trabalhou na Mesbla, né?” E ele respondia que sim, cheio de saudade do tempo que era mais jovem. Hoje, a Mesbla só existe na lembrança de quem viveu os seus tempos áureos ou trabalhou nela.
Em 2020, a jornalista Maria Beltrão escreveu o livro “O amor não se isola” e, por causa da pandemia, não teve noite de autógrafos, mas, quem comprasse pelo site da editora poderia pedir uma dedicatória. Como a gente gosta muito dela, pedi o livro com dedicatória. Na mensagem, falei para ela que meu pai era admirador do pai dela, Hélio Beltrão, um dos diretores da Mesbla. Quando o livro chegou em casa, a primeira coisa que fizemos foi ler a dedicatória. Maria Beltrão ficou muito feliz de ver a admiração do meu pai pelo pai dela.
Ontem, minha mãe me mostrou várias fotos do meu pai quando era mais jovem. As lágrimas inundaram meus olhos, um misto de saudade e admiração. Achei essa foto dele em frente a Mesbla e com uma pasta na mão. Ele era muito grato por tudo o que aprendeu na Mesbla. E eu sou grato por ele compartilhar comigo as suas experiências naquela loja.

O post Meu pai e a Mesbla apareceu primeiro em Jornal Opção.